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Titular do Brasil, Fabiana joga no Rossiyanka da Rússia |
Quando a seleção feminina entrar em campo às 14h45 desta quarta-feira (25), na estreia dos Jogos Olímpicos contra Camarões, o bairro de Mirantes de Periperi vai estar ligado na frente da telinha. E os olhos da torcida no Subúrbio estarão fixos no desempenho de uma jogadora em especial: a lateral-direita Fabiana. Na casa da família, dona Lícia Silva Simões, mãe de Fabiana, é quem organiza a festa. "A expectativa é grande. Falo com ela todos os dias. Vamos reunir a família, os amigos. Vai rolar um lanchinho e uma cervejinha", conta. Aos 23 anos, Fabiana vai disputar sua segunda Olimpíada. Em Pequim 2008, viu o sonho dourado bater na trave ao perder a final para os Estados Unidos. "Nunca penseique fosse realmente dar certo. Que veria minha filha na seleção e ainda disputando uma Olimpíada", admite a mãe. Atualmente a lateral-direita joga no Rossiyanka da Rússia, atual tricampeão nacional. Por lá, joga ao lado da companheira de seleção, a atacante Cristiane. Dona Lícia até tentou ficar com a filha no frio. Não deu. "Passei dois meses lá, mas não gostei, não. Pior que o frio é a comunicação. Não dá pra entender e falar nada", brinca. Além da Rússia, Fabiana jogou nos Estados Unidos e na Espanha. Mas o começo foi tão difícil como de qualquer jogador. Iniciou batendo bola na rua, entre as crianças em Mirantes de Periperi. "Ela brincava no meio dos meninos. Era a única. Eu não gostava, mas também não impedia", relata a mãe. Aos 13 anos, Fabiana passou a treinar na escolinha de futebol do bairro. Assim como nas ruas, era a única menina no grupo formado por garotos que buscavam uma oportunidade.
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Dona Lícia, mãe de Fabiana: "Falo com ela todos os dias" |
De Mirantes de Periperi, o destino foi Minas Gerais. "Um olheiro a viu jogando e levou para Belo Horizonte. Depois, ela passou a jogar pelo América do Rio de Janeiro". A vida na Cidade Maravilhosa não era fácil. A candidata a jogadora, então com 15 anos, morava na casa de amigos da família. Do lado de cá, dona Lícia sofria com a falta da filha, mas se mantinha forte. "Usei minhas economias para manter ela por lá. Não foi fácil, mas sempre dei apoio e nunca deixei ela desistir. A gente só consegue as coisas com dificuldade", ensina.
Marcação forte - No mesmo ano, Fabigol, como era conhecida, começou sua trajetória na seleção sub-20. De atacante, virou lateral-direita e é titular no time do técnico Jorge Barcellos, na modalidade que abre os Jogos. A irmã mais velha, Liliana, até tentou seguir o caminho de Fabiana. "Eu tentei jogar quando era pequena com ela, mas não deu jeito". Se não virou companheira de profissão, Liliana pelo menos pega pesado na marcação da irmã e cobra a medalha dourada dessa vez. "Ela que não traga pra ela ver", diverte-se.
Baiana Fabiana estreia com a seleção feminina hoje à tarde. Mirantes de Periperi vibra junto