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Leandro, à esquerda, ao lado do seu comandante, Cel. Hudson |
Quantas transformações podem acontecer numa vida em 10 anos? É natural que no intervalo de uma década muita coisa mude, que, seja qual for sua atividade, alcance algum avanço. Com Leandro Prates, baiano de Vitória da Conquista e campeão dos 1.500 metros rasos nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, não foi diferente. Mas, para encontrar o sucesso, ele teve que recomeçar várias vezes. Leandro tem 29 anos e só aos 19 conheceu a corrida de rua. "Era o último ano da escola e fizeram uma competição de 6 quilômetros que eu ganhei", conta Leandro. Daí em diante foram quase dois anos correndo na rua, provas de 10 e 15 quilômetros, conciliando os treinos com o trabalho numa indústria de alumínio. Até que, em 2003, veio o convite para treinar em São Paulo, acompanhado de proposta para trabalhar numa indústria de plásticos. Em 2005, durante prova no interior paulista, se sentiu mal e pensou em desistir. Então, outro convite o levou para a equipe Symap de atletismo. O técnico Marco Antônio enxergou potencial para correr distâncias menores. E acertou.
Renda - Mas, em 2006, a equipe perdeu o patrocínio. Leandro resolveu que teria que ter uma fonte de renda fixa para poder continuar competindo. Passou no concurso para Polícia Militar de São Paulo e desde 2009 é o soldado Prates. Atualmente, serve na guarda da Escola de Educação Física da PM,o que facilita sua rotina de treinos. "Trabalho um turno e treino no outro", diz.
Mais que um título A próxima meta do soldado Leandro Prates é atingir o índice olímpíco dos 1.500 metros. Para isso, precisa baixar em quatro segundos seu melhor tempo, de 3m40s. Mas, a principal conquista de Leandro ele já conseguiu. E fora das pistas. Antes de integrar a guarda da Escola de Educação Física da PM paulista, Leandro trabalhou no serviço 190, atendendo emergências pelo telefone e teve a oportunidade de salvar um bebê de 10 meses, que estava engasgado, passando orientações à mãe. "Ela ligou desesperada porque o filho não estava respirando. Nessas horas, é preciso imaginar a situação e usar a linguagem mais simples, sem perder a calma", orienta Leandro. Essa mesma tranquilidade ele procura usar quando está correndo. Por isso, não cria expectativas. Sem alarde, ganhou os 3 mil metros no campeonato Ibero-Americano ano passado, o Sul-Americano na Argentina e agora, os 1.500 metros do Pan. Numa chegada espetacular, definida apenas com ajuda da foto na linha de chegada, superou o equatoriano Byron Piedra por um centésimo, fechando em 3m53s54. "A prova foi lenta. Por causa do sol e da altitude, ninguém queria puxar, mas treinei muito e sabia o que ia fazer", afirma Prates, que só lamenta não ter conhecido o atletismo mais cedo. "Com certeza, eu estaria bem melhor", aposta.