A seleção brasileira tradicionalmente é cercada de expectativas distintas. Se internamente é cobrada por resultados, muito mais do que pela qualidade do jogo em si, na Áustria e em todo o resto do mundo prevalece a ideia romântica de que os pentacampeões não precisam vencer, e sim dar espetáculo. Neste domingo, contra a Áustria, às 11h (de Brasília), existe a possibilidade de as duas demandas serem atendidas: Tite testará pela primeira vez de saída o quarteto formado por Philippe Coutinho, Willian, Neymar e Gabriel Jesus. É o que o futebol brasileiro tem de melhor a oferecer em termos ofensivos.
Eles chegaram à seleção com 80 gols marcados na temporada pelos clubes, em que pese o fato de que Willian nem sempre foi titular e Neymar e Jesus perderam um punhado de jogos por lesão. É o quarteto mais artilheiro que o Brasil terá em campo às vésperas de uma Copa no milênio. Tanta ofensividade não está garantida na estreia contra a Suíça,hoje, em Rostov. Vai depender exatamente do que darão em troca ao treinador no Ernst Happel-Stadion, onde a partida deste domingo será realizada.
— Não sei te afirmar se essa escalação será a do começo da Copa. Não posso me comprometer, com os atletas de alto nível que temos. Vamos ver como vai ser esse jogo e os outros treinamentos — afirmou Tite.
A partida será a primeira de Neymar como titular desde que sofreu uma fratura no pé direito, no fim de fevereiro. Ainda assim, ele não está pronto para jogar os 90 minutos. No sábado, Tite confirmou que deverá substituí-lo depois do intervalo. Se será no começo ou no meio do segundo tempo, dependerá do desgaste que o atacante apresentar.
Boa fase de William
A decisão de reunir os quatro vem sendo amadurecida desde o ano passado. Tite se viu pressionado pela boa fase de Willian e pela falta de um jogador mais criativo no meio de campo. Para completar, as dificuldades para furar a defesa da Inglaterra, postada com uma linha de cinco homens, no amistoso terminado em 0 a 0, em novembro, acenderam o sinal de alerta na comissão técnica.
Contra a Croácia, Tite escalou Philippe Coutinho pela primeira vez no meio, na posição que era de Renato Augusto, mas na ponta esquerda, em vez de Neymar, estava Douglas Costa.
— Esqueça os nomes e se apegue à ideia — destacou Tite. — Já trabalhamos assim, podemos ter ofensividade e equilíbrio em campo.
Tudo vai depender de como Coutinho vai reagir à nova função, se conseguirá repetir o cunho marcador de Renato e Fernandinho, outra opção do técnico para escalar no setor. O volante do Manchester City era uma opção para dar liberdade aos avanços de Marcelo na esquerda. Sem ele em campo, o lateral-esquerdo deverá atacar com mais parcimônia.
Para a defesa, a entrada de Coutinho é um desafio a mais. A seleção brasileira festeja o fato de só ter sofrido cinco gols em 20 partidas desde que Tite assumiu o comando. Nesse período, a formação com dois volantes e um meia e até três volantes foi a que prevaleceu, o que ajuda a explicar os poucos gols sofridos. Com o quarteto em ação contra uma seleção que conseguiu vencer a Alemanha por 2 a 1 na semana passada, a tendência é que Tite também consiga tirar conclusões sobre como o sistema defensivo reagirá com o meio de campo mais leve.
— Nossa preocupação no sistema defensivo é não sofrer gols, estamos sempre organizados. Independentemente de quem for jogar, taticamente, se não formos perfeitos, precisamos estar perto da perfeição para não sofrer gols — destacou o zagueiro Miranda.
O jogador da Internazionale, da Itália, será pela terceira vez o capitão da seleção brasileira, no rodízio implementado pelo técnico. Na ausência de Daniel Alves, fora da Copa por causa de uma lesão no joelho direito, é quem mais vezes assumirá essa responsabilidade. De saída, é um dos favoritos para usar a braçadeira em uma eventual final de Copa do Mundo. Tite já destacou que no Mundial somente três ou quatro jogadores participarão do revezamento — além de Miranda, Thiago Silva, Marcelo e Neymar têm boas chances de ser incluídos.
De novo, capitão
No caso de Miranda, é um perfil de liderança peculiar. Apesar de ser um dos jogadores mais rodados do grupo, ele disputará, aos 33 anos, sua primeira Copa do Mundo. Dentro de campo e no trato com a imprensa, faz um estilo sóbrio. Dentro do grupo, é tido como extrovertido. Para ele, cada um tem a sua maneira de se colocar.
— São vários jogadores com lideranças diferentes, cada um faz seu papel da maneira que pode — ressaltou Miranda. — Eu acho que separo muito bem os momentos, sei que tem lugar para tudo. Quando estou em campo, só quero vencer.
Hoje, quando entrar em campo, a seleção tentará a vitória antes da estreia na Copa do Mundo com um reforço no banco de reservas. Renato Augusto, que chegou a ter sua presença no Mundial ameaçada por causa de dores no joelho esquerdo, conseguiu se recuperar e será relacionado pelo técnico Tite. Há chances de o jogador entrar no segundo tempo contra os austríacos e espantar de vez qualquer ameaça de corte.
Tite Rechaça real
Por outro lado, o meia Fred está vetado pelo departamento médico da seleção brasileira. Ele ainda sente dores no tornozelo direito, atingido por Casemiro no treino de quinta-feira. Está prevista inclusive a realização de exames de imagem em Viena, onde a seleção segue até amanhã, para saber da gravidade do problema.
Isso, porém, não é o que mais tira o sono de Tite no momento. O treinador acusou de mentirosas as notícias de que estaria conversando com o Real Madrid para assumir o time espanhol depois da Copa do Mundo — Zinedine Zidane pediu demissão e o clube merengue está atrás de um substituto. Segundo ele, as atenções estão todas voltadas para o Mundial da Rússia.
— Foi uma atitude desrespeitosa o que fizeram. Eu não conversei com ninguém, ninguém conversou com ninguém por mim. Eu digo isso porque respeito muito o lugar onde estou. É meu sonho estar aqui — ressaltou.
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Redação iBahia
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