O torcedor do Bahia deve se lembrar de Robert. Principal jogador do time que quase recolocou o Tricolor na Série A em 2004, o ex-meia baiano de 39 anos atualmente mora no Rio de Janeiro e sempre viaja para Santos, onde comenta os jogos do clube alvinegro para uma rádio. Robert da Silva Almeida nasceu em Salvador no dia três de abril de 1971 e vestiu as camisas de clubes tradicionais como Atlético-MG e Santos e encerrou a carreira no América-RJ, em 2006.
Hoje, ele é agente Fifa e trabalha com jovens jogadores. Em conversa por telefone com o iBahiaFC, o craque daquele time comandado pelo técnico Osvaldo Alvarez, o Vadão, falou sobre o fracasso de 2004 e afirmou estar na torcida pelo acesso da atual equipe.
Quando procurado pela reportagem do iBahiaFC na quinta-feira para marcar a entrevista, Robert disse que está acompanhando o time na Série B e largou um “Bora Bahêa” antes de desligar. No bate-papo desta sexta (15), Robert contou que ainda lamenta o desfecho da campanha de 2004, mas tem fé no equipe de 2010. “Pra mim foi uma injustiça muito grande. A gente lutou muito pra que o Bahia conseguisse ir para primeira divisão, mas não deu. Eu sou apaixonado pela torcida do Bahia, pelo Bahia. Virei torcedor do Bahia e realmente estou torcendo muito”.
Desde a Era Robert, o Bahia não chega tão perto do acesso. Em 2005, viveu o drama do rebaixamento à Série C, onde ficou por dois anos. Voltou a disputar a Segundona em 2008 e fez campanha modesta em 2009. A nova chance é essa de 2010 e Robert está de olho.
iBahiaFC - Em 2004, o Bahia bateu na porta do acesso. Fez a segunda melhor campanha da Série B no geral, mas o torneio não era disputado por pontos corridos e acabou ficando em quarto na fase final. O que deu errado?
Robert - Aquele time era muito bom, bem armado pelo Vadão, tinha grandes jogadores. Só que na última fase, que tinha Brasiliense, Avaí, Fortaleza e Bahia, a gente entrou com um time muito desfalcado. Perdemos dois ou três jogadores para o primeiro jogo em Brasília e tomamos 2 a 1. Depois, tivemos muitas dificuldades e o time não se encontrou. Mesmo assim, a gente se recuperou e conseguimos chegar na última rodada, na Fonte Nova contra o Brasiliense, com chances. Fizemos 1 a 0 e realmente o time não foi bem. Se a gente ganha do Brasiliense nesse jogo, a gente subiria. Infelizmente, o time, por estar muito ansioso, aquela pressão, não conseguiu segurar o resultado. O Brasiliense já estava na primeira divisão. Jogaram fácil e conseguiram ir bem melhor que a gente.
iBahiaFC - Como estava a cabeça dos jogadores em campo durante os 90 minutos?
R - O primeiro tempo foi muito bom. Nosso time, além de ter feito 1 a 0, perdeu duas ou três chances. A gente conseguiu fazer muita pressão no Brasiliense. Claro, sofrendo muito contra-ataque. A gente foi pra cima, não tinha outro jeito. No segundo tempo nosso time caiu de produção fisicamente e taticamente. Nosso time não conseguiu fazer aquilo que estava combinado. A gente desconcentrou no final. O Brasiliense estava com a equipe solta em campo. Depois que a gente tomou o primeiro gol, desandou tudo.
iBahiaFC - O Vadão costumava, quando o time estava à frente no placar, tirar um jogador ofensivo e colocar um para reforçar a marcação. Neste jogo, o volante Neto se machucou e ele colocou o William no ataque. Ficaram três atacantes e William fez o gol. Depois do gol, ele não fez o que costumava. Você acha que a virada ocorreu pelo fato do time estar muito na frente?
R - Não, porque o Vadão tem a característica de ofensividade. Naquele jogo ele queria consolidar a vitória porque era muito perigoso ficar só com 1 a 0. O Brasiliense era uma equipe muito boa tecnicamente e eles já estavam na primeira divisão. Eles estavam relaxados. A equipe do Brasiliense nos envolveu. O Vadão fez de tudo para gente consolidar a vitória. Foi uma pena, porque o Vadão fez um trabalho maravilhoso. Conseguiu revelar grandes jogadores, não só para o Bahia, mas para o futebol brasileiro como o Cícero e o Márcio. Foi um trabalho maravilhoso que o Vadão fez. Foi uma pena, realmente. Aquele jogo... Não perdemos ali, a gente perdeu no início daquela fase. Deixamos de pontuar em jogos importantes.
iBahiaFC - Você era o líder da equipe, o principal jogador. Na reta final, sua produtividade caiu um pouco. O que aconteceu?
R - A marcação foi muito intensa, principalmente nas últimas fases. Eu tentei de todas as minhas forças ajudar o Bahia. Tive bom índice de assistências ao longo do campeonato, fiz alguns gols importantes. Tentei de tudo para ajudar o Bahia. A torcida confiava muito em mim. Eu pude pelo menos retribuir essa confiança com bom futebol. Pra mim foi uma injustiça muito grande. A gente lutou muito pra que o Bahia conseguisse ir para primeira divisão, mas não deu.
iBahiaFC - O que o grupo atual tem de diferente para aquele time que você fez parte em 2004?
R - Eu vejo hoje o Bahia com grande chance. O Bahia tem um time muito bom, bem montado. O treinador que substituiu o Renato Gaúcho (Márcio Araújo) deu um padrão muito bom a equipe e tem o Morais voltando a jogar bem. Mas eu queria que fosse naquela nossa época. É um time mais novo, mais rápido, com uma condição física melhor. O nosso time era bem experiente e tinha alguns jovens. Essa experiência fez com que a gente conseguisse chegar também. Vejo que essa equipe de hoje tem muito mais força física e muito mais voluntariedade. Claro que em jogos decisivos precisa ter experiência para saber esfriar a partida, girar a bola, segurar lá na frente para nossa zaga não sofrer pressão. Por outro lado, a juventude ajuda muito essa equipe. Essa equipe tem uma condição técnica muito boa e uma condição física excelente. Então, por causa da juventude, essa equipe leva um pouco de vantagem sobre a nossa de 2004.
iBahiaFC - Quem seria o Robert deste time, seja pela liderança ou qualidade técnica?
R - O Morais. Pela liderança não muito, eu acho ele um pouco tímido. É um jogador muito bom tecnicamente. Tem feito bons jogos e eu espero que ele consiga se manter como um líder técnico. Eu, modéstia à parte, consegui juntar tanto a liderança técnica quanto à liderança dentro de campo. Eu vejo o Morais tecnicamente muito parecido. Jogador de alta qualidade.
iBahiaFC - Acredita no acesso tricolor?
R - Eu acredito. Está muito maduro, está perto. A torcida está empenhada. Pena que não é na Fonte Nova, mas Pituaçu também é um estádio maravilhoso. A torcida merece muito. Eu sou apaixonado pela torcida do Bahia, pelo Bahia. Virei torcedor do Bahia e realmente estou torcendo muito.
iBahiaFC - Pretende assistir algum jogo do Bahia no estádio?
R - Tenho essa vontade sim. Quero conciliar esses jogos que eu estou comentando pelo Santos com este dia do acesso. Vai ser um dia mágico, maravilhoso e que o torcedor do Bahia merece.
iBahiaFC - Para finalizar, tem algum palpite para o duelo entre Bahia e Náutico?
R - Vitória do Bahia. É um clássico do Nordeste. O Bahia vai pra cima, vai vencer esse jogo. Tenho certeza que a torcida vai lotar Pituaçu e cravo vitória do Bahia.
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