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Seu Domilton assiste a todos os jogos do Bahia |
São seis remédios diários e um tensiômetro portátil sempre a postos. Cardíaco e hipertenso, seu Domilton Santos, 67 anos, precisa ter cuidado extra com a saúde. Afinal, o coração tem que estar forte e a pressão controlada pra ele viver as emoções do Bahia na reta final do Brasileiro. "Sou um homem preparado", garante. Por precaução, já não vai mais pra arquibancada, mas assiste a todos os jogos pela TV a cabo. Hoje, a partir das 19h, estará concentrado no sofá de casa, em Monte Serrat, na Cidade Baixa, pra acompanhar o jogo contra o Atlético-GO, no estádio Serra Dourada. Seu Domilton exibe o kit completo para hoje à noite: camisa e bandeira do Bahia de um lado, caixa de remédios e tensiômetro do outro. "Apesar do jogo ser lá, o Bahia está motivado e vai jogar completo. Vai ser 1x0 ou 2x1 pro Bahia", aposta. "E ganhando mais uma ficaremos fora definitivamente da zona". Não é bem assim. Mesmo somando 42 pontos, o Bahia não espanta totalmente o rebaixamento. Mas é bem verdade que uma vitória hoje dá uma tranquilidade pro time e pro coração do torcedor, que passou por uma prova e tanta na última rodada. Seu Domilton é maître de um restaurante e estava trabalhando quando o Bahia venceu o São Paulo por 4x3. Mesmo assim, deu um jeitinho de ver a virada incrível do Esquadrão. "O movimento tava fraquinho e deu pra olhar o jogo. Quando o Bahia tava tomando 3x1 eu já não tava esperando mais nada. Me senti emocionado e fiquei mais do que gratificado com aquela loucura do Bahia, uma loucura sensata", frisa. Ele aprendeu a amar o Bahia em 1952, quando se mudou de Irará para Salvador. Perdeu a mãe aos 8 anos e veio morar na cidade grande com um tio. Naquele tempo, os jogos eram no extinto Campo da Graça. "Eu era muito pequeno, mas meu tio morava no Alto das Pombas e eu ia andando. Vi muitas vezes o Bahia lá e também Leônico, Ypiranga, Botafogo, Galícia...". Influenciado pelos primos, virou Bahia. Os sete anos seguidos fora da Série A machucaram o coração. "Já fui mais apaixonado, de chorar, de brigar", admite. Apesar das mágoas, não perde a fé no time que viu ser bicampeão brasileiro. "Com certeza vamos ganhar hoje".