A Copa do Mundo Feminina 2023 ficou para a história. Os estádios da Austrália e Nova Zelândia registraram recordes de torcedores in loco, com quase 2 milhões de pessoas presentes acompanhando os jogos.
Além disso, o número de gols no Mundial - que foi de 163 - e de entusiastas do futebol que assistiram as partidas ao redor do mundo também surpreenderam e se superaram, em comparação aos anos anteriores. Tudo isso de acordo com a própria FIFA, ok?
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Os dados acima não mentem e deixam mais do que claro, talvez transparente, o fato de que o futebol feminino está em ascensão. A visibilidade do esporte chama a atenção de meninas, adolescentes e mulheres para lembrar da expressão tão utilizada nas redes sociais, que é mais do que verídica: "representatividade importa".
A coincidência das informações acima ligada à realidade baiana mora quando a torcida do Bahia fala que o time "é o mundo" e ele, assim como as 32 seleções fizeram, também quebra recordes no futebol feminino neste ano - pelo menos, a nível estadual.
É TETRA!
O Bahia conquistou, pela quarta vez consecutiva, o título do Campeonato Baiano Feminino em 2023. O jogo aconteceu no último domingo (7), no Estádio de Pituaçu, contra o principal rival do estado: o Vitória.
O clássico foi marcado por um empate sem gols, mas como as Mulheres de Aço já tinham vencido o jogo de ida por 2 x 1, elas voltaram para casa com a taça.
As escaladas para a partida foram:
- Lorrana (goleira);
- Dan (lateral);
- Aila (zagueira);
- Tchula (meia);
- Ary (atacante);
- Jordana (volante);
- Lane (volante);
- Vilma (meia);
- Juliana (atacante);
- Yenny Acuña (atacante);
- Nathane (atacante).
A trajetória das meninas no Campeonato foi marcada por 65 gols, uma goleada de 15 x 0 ao enfrentar o Redenção, o título de melhor defesa na primeira fase - levou somente 4 gols durante toda competição - e pelo recorde de maior público do futebol feminino baiano, com mais de 4 mil pessoas na final.
Dito isso, mais uma vez, o time de futebol feminino do Bahia fez história.
Ainda em clima de festa, a goleira Lorrana e a zagueira Aila (também capitã) bateram um papo com o iBahia sobre a série de triunfos que fez a equipe sair como campeã, a relevância do esporte para mulheres e também deram dicas para as garotinhas que sonham em chegar onde elas chegaram.
"CLÁSSICO NÃO SE JOGA, SE GANHA"
iBahia: O Bahia é tetracampeão no Campeonato Baiano Feminino e pela primeira vez, o jogo decisivo foi contra o Vitória, protagonizando um clássico BAxVI. Qual a sensação de levar o título, especialmente depois de uma final contra o rival?
Lorrana: "A gente sempre diz que clássico não se joga, se ganha. E, graças a Deus, a gente ganhou em cima do rival. O maior clássico que tem no Nordeste. Uma torcida horrível, sensacional, [estavam] ali torcendo, vibrando, motivando, foi incrível a sensação de ter a torcida nos apoiando. E aquele jogo, ô, ser campeão ainda em cima do rival, a sensação foi incrível".
AS DIFERENTES VISÕES DO TRIUNFO
iBahia: Aila, a sua história no Bahia começou em 2019. Apesar da breve saída, a sua volta foi marcada por mais um título estadual e te promove a tricampeã, mas desta vez, você recebe a taça estando na capitania. Como você, enquanto capitã, avalia a evolução do time de lá pra cá e como avalia também a sua própria evolução?
Aila: "Voltei para o Bahia, realmente tive uma breve saída e agora a gente agora teve esse título. A gente vem melhorando a cada dia que passa. Se a gente for comparar o Bahia de 2019 com o Bahia de hoje em dia, a gente vê uma grande evolução e com certeza isso só tem a melhorar com o passar dos anos. Agora a gente tem uma nova reformulação que para o ano que vem. Vamos almejar coisas maiores, vamos conquistar coisas maiores e melhorar tudo que a gente errou durante esse ano, potencializar tudo aquilo que a gente vem acertando, para ano que vem a gente conseguir o acesso série A1".
iBahia: Lorrana, você chegou neste ano no Bahia, pôde representar o time, que além de levar o Campeonato Baiano, levou também o título de melhor defesa na primeira fase. Você esperava isso?
Lorrana: "Realmente, cheguei neste ano, e viemos numa crescente. Evolui bastante depois que cheguei no Bahia, bastante trabalho duro, mas chegamos no campeonato estadual. A gente tinha algumas metas, almejávamos algumas coisas, conseguimos nossos objetivos. Graças a minha linha de defesa e o meu time conseguimos a defesa menos vazada, porque isso faz parte de um todo, não só de mim. E não posso dizer que a gente não esperava, porque era uma meta, um objetivo da gente, no mais, a gente concluiu e alcançou o objetivo que a gente tinha em mente".
OCUPAR ESPAÇOS, INCLUSIVE, CAMPOS DE FUTEBOL
iBahia: Enquanto mulher, e considerando a sociedade em que vivemos, estamos quase sempre condicionadas a nos questionar sobre a nossa capacidade. Teve algum momento que vocês tiveram essa sensação, de se perguntaram se conseguiriam alcançar o título? Se sim, como foi driblar isso?
Aila: "A gente sempre vê comentários machistas, que futebol feminino não presta e outros nesse estilo... Então, a gente tem que saber filtrar. Como conversei mais cedo com Lorrana, quem não tem uma cabeça boa, não consegue se manter por muito tempo no futebol. Porque quanto mais visibilidade a gente tem, as críticas vem na mesma intensidade.
Então, a gente tem que saber driblar isso aí, a gente tem que saber filtrar, ver o que vai agregar. A gente sabe da nossa realidade, a gente sabe com o que a gente trabalha, do que a gente abdica pra poder conquistar nossas metas, nosso objetivos. Então, a gente tem que saber pegar os melhores comentários, os melhores conselhos e ver o que aquilo vai agregar no nosso dia a dia, no nosso trabalho, para conseguir evoluir".
iBahia: Há pouquíssimo tempo, o Brasil acompanhou a seleção feminina na disputa pela Copa do Mundo, que em 2023, foi muito assistida e bem recebida. No último domingo, tivemos um recorde de público do futebol baiano com a final do campeonato. É perceptível que o interesse pelo esporte entre mulheres aumentou e vocês cumprem um papel importante nisso. Como vocês enxergam esse crescimento e a representatividade feminina no futebol?
Lorrana: "A gente vê a representatividade como se fosse um espelho ou algum exemplo dentro de campo. Não só dentro de campo, mas fora dele, até porque cada um andam lado a lado. Eu costumo dizer que eles não veem o ensaio, só veem o show e a gente tem que dar nosso melhor porque eles tão vendo aquilo, mas a gente sabe e conhece o nosso trabalho, o que a gente vem fazendo e e como tá fazendo.
A gente tem que tá sempre bem, manter a cabeça boa, em equilíbrio, porque a gente sabe que não é só sobre a gente, tem outras pessoas. Estamos representando outras pessoas, crianças, meninas, adultas... Sempre alguém vai se espelhar em uma atleta, seja goleira, zagueira, atacante, se espelhar em uma técnica também. A gente tá ali no campo dando o nosso melhor, mas para outras que vão vir depois".
FONTE DE INSPIRAÇÃO: CONFIRA DICAS DE AILA E LORRANA PARA MENINAS E MULHERES QUE DESEJAM JOGAR FUTEBOL
Victoria Dowling
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