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Em Londres, Formiga lembra das raízes no Subúrbio Ferroviário

Formiga única jogadora presente em todas as edições dos Jogos, desde que o futebol foi inserido, em Atlanta 1996

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03/08/2012 às 11:39 • Atualizada em 02/09/2022 às 22:33 - há XX semanas
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Formiga: "você tem que estar com pensamento positivo"
As lembranças do tempo em que jogava descalça nos campos de barro do Lobato, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, são a inspiração de Miraildes Maciel Mota, a Formiga, 34 anos, meia do São José dos Campos, de São Paulo, e da Seleção Brasileira. “Esse era o meu sonho, nunca desisti”, diz, em entrevista exclusiva ao CORREIO, em Londres, a única jogadora presente em todas as edições dos Jogos, desde que o futebol foi inserido, em Atlanta 1996. A meia diz buscar nas suas raízes a força para cada jogo, como o desta sexta, contra o Japão, atual campeão mundial.Do Subúrbio Ferroviário de Salvador para cinco Olimpíadas. Como foi a mudança de vida? Acredito que, mesmo com toda a dificuldade que você tenha, você tem que estar sempre como pensamento positivo de que vai chegar. No meu caso, com 15 anos, 16, já estava na seleção. Esse era o meu sonho, nunca desisti. Encontrei amigos, familiares que me ajudaram bastante e as portas foram abertas. Então tem que dar oportunidade para quem está lá em baixo. Já vi muitas meninas boas de bola no Subúrbio e não têm oportunidade, ninguém olha.Pensa em fazer algum trabalho para descobrir e valorizar essas jogadoras “escondidas”? Estou pensando em pegar uma parte de Salvador, principalmente o Lobato, onde nasci e cresci, onde muitas das meninas com quem eu comecei a jogar chegariam à Seleção, mas não deram andamento. Penso ajudar porque temos que elevar mais ainda o nome da nossa Bahia. Tínhamos três aqui dentro (Elaine foi cortada) e temos que ter mais. O próprio povo baiano tem que dar oportunidade. O governo tem que ajudar o futebol feminino da Bahia, tem que levantar essa bandeira. A gente eleva mais ainda o nome do nosso estado e o leva para todos os lugares.Tem ideia de como está o futebol feminino na Bahia? Tem um tempinho que estou longe e não sei exatamente o que se passa lá. As amigas falam que é realmente muito fraco, quem sempre ganha o campeonato é o São Francisco, então, temque formar mais equipes. A Federação tem que ajudar e fazer um calendário bom. Hoje, o lugar mais forte é São Paulo e muitas meninas que buscam a Seleção vão para São Paulo. Não é só na Bahia, claro. Então, o país em si precisa fortalecer o futebol feminino. Lembrar de suas raízes e das dificuldades te dá mais motivação para buscar uma medalha? Com certeza. Comento com as meninas que eu jogava descalça, no campo de barro, chegava em casa toda arranhada. E hoje jogo num tapete, tenho uma chuteira. O que realmente me motiva é esse tempo de quando comecei, que não tinha nada, nada, nada. O campeonato era mais fraco do que hoje. Isso motiva muito. A vontade de querer vencer, de querer mudar a situação do futebol feminino no país. Algumas meninas têm o prazer de ir para uma escolinha, de treinar num campo sintético, gramado e outras não. É a dificuldade do pessoal que vem de baixo, de quem tá no subúrbio, jogar no campo de barro.Qual sua maior lembrança? Esses dias estava falando com a Fabiana (lateral) de alguns campos que tinham ali no Lobato. De milhares, só sobreviveu um, aquele na beira da pista. E nesse um foi exatamente onde eu me projetei. Falei pra ela: “Pô, Fa, que legal seria se esse campo onde eu comecei fosse gramado”. Vou falar a verdade: tem muita menina com dificuldade de colocar uma chuteira por estar acostumada a jogar descalça por esses campos assim. Você tem vontade de voltar a jogar por lá? Com certeza. Tem o campo do Sesi também que era gramadinho, onde eu treinava bastante. Praticamente em todos os campos ali do Subúrbio, eu joguei. O Estádio de Periperi, onde eu joguei meu primeiro Campeonato Baiano e fui revelação. O que você diria para o pessoal do Subúrbio e de Salvador que está torcendo por vocês? Quero que eles continuem torcendo. Dizer que estamos aqui procurando de todas as maneiras conseguir essa medalha para melhorar o futebol feminino no Brasil e, é claro, estar sempre honrando e lembrando de onde nós viemos, que a gente não esquece nunca. Temaqueles que dizem: “Ah, você nunca mais voltou aqui”. Não é isso, é que a gente às vezes não tem tempo mesmo. Mas, quando eu puder ir lá, quero pelo menos reunir os amigos e fazer aquele baba de final de ano. Prometo que voltarei lá para realmente jogar bola com todo mundo.

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