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Enfim, um jogão - por Jony Torres

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21/02/2011 às 17:04 • Atualizada em 29/08/2022 às 14:15 - há XX semanas
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Nada de grandes jogadas, qualidade técnica das equipes questionável e nenhuma lance de gênio, mas, o Ba-Vi de ontem, honrou a mística do clássico e ainda não terminou, pois agora mesmo, enquanto você lê estas linhas, os torcedores dos dois times estão disputando se o juiz errou mais para um lado ou para o outro.

Se não foi jogando um bolão, o Bahia venceu porque aproveitou os erros do time rubro-negro e a boa estreia de Ramon, um meia que sabe passar a bola, para devolver o placar do confronto anterior e fazer seu torcedor soltar o grito que estava sendo ensaiado desde o final do ano passado: ão, ão, ão, segunda divisão.

Só que o clássico começou com muitos passes errados e sem empolgar até metade do primeiro tempo. Mas um lance anunciou que tudo iria mudar. Hélder dominou um bom lançamento de Thiego, deu um banho de cuia e chutou para fora. Aí, o jogo pegou fogo, ficou com cara de clássico, as torcida acordaram, Rildo quase fez aos 35, Elkeson quase marca no rebote de Omar aos 41, e, aos 44, saiu o gol em um petardo certeiro do Marcone.

Na volta do segundo tempo o frisson nas arquibancadas ficou ainda maior. O torcedor do Vitória, que chegou todo cheio de confiança, viu o time ser encurralado pelo nervosismo, a falta de ritmo do Geovani e a primeira expulsão. Quando veio o pênalti, o árbitro mandou voltar a cobrança e saiu o segundo gol, teve rubro-negro
arrancando os cabelos.

Se o time do Bahia fosse um pouquinho melhor e Ramon não tivesse cansado, poderia ter goleado o Vitória que ficou perdido em campo. Se dentro de campo tudo combinava com um clássico, na arquibancada foi triste ver a cicatriz na alma do verdadeiro torcedor baiano, criado por fileiras de cadeiras vazias para separar as torcidas de Bahia e Vitória.

Uma ação necessária feita pela Polícia Militar, mas que enterra de vez a saudosa, alegre e democrática torcida mista. Conversando sobre isso com um oficial da PM que já escoltou a chegada de torcidas organizadas em dias de Ba-Vi, ele me confessou a frustração de obedecer esta ordem. “É a mesma coisa de fazer segurança em boca de fumo. Só que em vez de traficante, a gente toma conta dos baderneiros”.

Fui criado indo ver jogos em arquibancadas e salvo raras exceções, a violência que presenciei foi causada por facções organizadas. É bem verdade que belas festas feitas pelos mesmos grupos eu também já vi e elogiei, mas nada justifica confundir violência com paixão futebolística. O jogo de ontem foi lindo dentro de campo. Mas, aquelas cadeiras vazias, a chegada de dois grupos ameaçando os verdadeiros torcedores, ah, isso dói demais para quemama o futebol como eu e você.

Jony Torres é jornalista da TV Bahia e escreve às segundas-feiras. Coluna publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 21 de fevereiro de 2011

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