Ganhar o Ba-Vi não fará um time ser favorito ao título Baiano. Como quem perder tampouco merece ser menosprezado. As pessoas - e os times - só podem ser avaliados após um tempo. Julgar o trabalho dos técnicos é complicado. Muitos técnicos ruins ganham títulos, enquanto alguns bons fracassam. Cuca é um excelente exemplo de técnico que sabe montar times, mas nunca ganha. Aliás, ganhou um único campeonato na vida: o Carioca pelo Flamengo.
Nos últimos 20 anos, dois pontos diferenciaram o Vitória do Bahia: a gestão e o planejamento. Recentemente, o Vitória também aprendeu a pagar em dia, seja jogadores ou funcionários, mas relaxou na estrutura. Para se perpetuar como grande, é preciso crescer sempre e competir por conquistas grandes. O rubro-negro já passou da fase de lutar para sobreviver.
Já o Bahia, caso negocie profissionalmente e seja transparente, dará um salto neste ciclo de Copa 2014 com a Arena Fonte Nova e com o novo centro de treinamento. No futuro, o acerto nestes acordos recolocará o clube em patamar superior no mercado do futebol. É preciso, porém, também resgatar valores como o respeito. O clube tem se especializado em descartar as pessoas sem cerimônia, especialmente os jogadores.
E este detalhe, que termina escancarado no campo, ajudou o Vitória a chegar em vantagem na semifinal: 42 pontos contra 30 do Bahia. Embora rebaixado na elite, o clube manteve bons valores, como Viáfara, Nino, Uelliton e Elkeson. Do outro lado, a base da Série B foi desmontada.
Do único time que cumpriu alguma meta no Bahia nos últimos oito anos, sobraram apenas Jancarlos, Ávine e Hélder - Marcone era reserva de Bruno Octávio. E chegaram mais de 20 jogadores diferentes, a maioria jovem, sem rodagem e sem destaque no ex-clube.
A diferença do clássico para as demais partidas está nas emoções. Ou como controlar e explorar os sentimentos. Clássicos geram expectativas, apelos de mídia e público, resgatam histórias. Nas diversas áreas, muitas pessoas se destacam ou fracassam justamente nestes momentos. Ninguém desaprende rápido. Falta é cabeça para manter as pernas no lugar. Clássico é um estado de espírito.
Interior - Na outra semifinal, favoritismo total para o Bahia de Feira. O clube soma 35 pontos no estadual e tem a 2ª melhor campanha geral, atrás do Vitória, 42. O Serrano, por exemplo, acumula 22 pontos. Como curiosidade da fórmula, o Serrano chega às semifinais tendo mais perdido do que ganhado: seis vitórias, quatro empates e oito derrotas. Na 1ª fase, o Bahia de Feira venceu o rival duas vezes: 2x0 em Vitória da Conquista, na 3ª rodada; e 2x1 no Joia da Princesa, na 10ª rodada.
Marcelo Sant´Ana é repórter especial do jornal Correio* e
escreve quinta e domingo. Coluna publicada na edição impressa do dia 24
de abril de 2011
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