A ideia de profissionalizar o futebol rubro-negro durou pouco mais de seis meses. O executivo Newton Drummond chegou à Toca em meio ao Campeonato Brasileiro da Série B do ano passado, no dia 27 de julho, disposto a planejar 2012. Mas encontrou uma realidade diferente da que esperava e pediu afastamento no último dia 15. Em entrevista ao CORREIO, Chumbinho fala sobre as dificuldades e diz que os conselheiros sempre “querem ajudar”.
Por que você pediu demissão do Vitória?Eu entendi que não iria conseguir realizar meu trabalho adequadamente. No meu entendimento, a mudança de cultura necessária seria muito forte. A cultura de como se faz futebol no Vitória hoje é de participação. Todos querem participar, no entendimento de que, são pessoas que se dedicaram em outros momentos com funções de mais responsabilidade, hoje são conselheiros e querem ajudar. Eu não enxerguei que poderia alterar uma cultura que está arraigada no Vitória. Não é uma crítica, é uma constatação. É a minha visão de que o futebol está em outro momento. Não me senti confortável e acertei com o (presidente) Alexi Portela, que foi bastante compreensível. Qual foi a dificuldade para exercer sua função? Eu tenho dificuldade em discutir a minha tarefa. Posso discutir contratações, nomes, isso tem que discutir, é do futebol. Mas discutir a minha tarefa eu tenho dificuldade, não vou ficar discutindo isso. Eu iria ter que estar toda hora explicando o que é a minha função, isso seria um desgaste muito grande e aí bateria de frente com pessoas que são torcedores do Vitória desde criança. Eu sou executivo. Não dava pra mudar isso?Eu teria que convencer as pessoas de que é preciso existir um profissionalismo, que as coisas precisam ser decididas na diretoria de futebol e levadas ao presidente pra ele ratificar ou retificar. O Vitória ainda tem interferências, pessoas que se dedicam durante anos ao clube e entendem que devem participar. Eu entendi que não seria adequado o esforço de tentar alterar isso. Ainda com a distância da família, sete horas de viagem... A distância entre Salvador e Porto Alegre é muito grande. Entendi que eu era muito caro para o Vitória e não iria conseguir fazer o que eu entendo que é preciso fazer num clube de futebol. Não estaria focado no Vitória e me sentia muito caro pro Vitória pra acompanhar jogos no interior do estado, pra isso não precisaria ter um executivo. Você mantém contato com pessoas do Vitória?Sim, com o Alexi, Mário Silva (supervisor de futebol), Roque Mendes (assessor de imprensa)... São pessoas que me conheceram no dia a dia e sabem do meu caráter. Continuo tendo contato por telefone com o Alexi e alguma coisa deve acontecer proximamente em relação a alguns jogadores do Vitória. O que você conversou com Alexi Portela? Eu coloquei pro Alexi que têm alguns jogadores no Vitória que são cheque em branco na minha visão, que precisam ser negociados de maneira adequada, irem pra outros clubes pra serem valorizados e o Vitória futuramente ganhar dinheiro com esses jogadores. Até vou indicá-los, porque sei que alguns clubes estão precisando, isso valoriza o grupo do Vitória. Que jogadores?Tipo Léo, Gabriel, Mineiro, Duylio, Magal... Na minha opinião são jogadores com muito futuro. Tem também o Romário, o Dimas. O Vitória tem que ter cuidado com esses jogadores. Neto Coruja e Uelliton não entram nessa lista?Nesse momento não estariam. Falo de jogadores mais jovens. O que acha de Uelliton e o que aconteceu com Neto Coruja?O Uelliton é um jogador com grande capacidade de marcação e, pra mim, tem que ser colocado na frente da zaga, como primeiro volante. O Neto Coruja infelizmente eu vi jogar muito pouco e eu não sou a pessoa mais adequada pra falar da história dele. Mas as pessoas têm uma boa avaliação dele, todos falam bem dele. O Vitória demora muito pra negociar seus jogadores?Eu tenho um outro procedimento. Vindo uma oportunidade e tu tendo como substituir o jogador, tem que fazer o negócio. Talvez não pareça o melhor negócio, mas sempre é melhor que a atual situação: Nino descontente, Neto descontente... O Uelliton não está descontente, não. Entendo que surgiu a chance, tem que vender. A sua saída do Vitória também foi influenciada pela sondagem que o Vasco te fez?Não. Minha saída do Vitória não teve nada a ver com essa possibilidade. Isso foi antes de eu decidir sair do Vitória. Você já tem clube? Não. Estou de férias. Nesse momento, estou na estrada indo para Atlântida, uma praia a 130 quilômetros de Porto Alegre, com minha esposa e minha filha, de 7 anos. A partir de março, estarei desempregado. Estou com 55 anos e a minha escolha é por ser feliz. Antes, havia desequilíbrio na minha função e na minha vida pessoal.
Chumbinho se despediu do Leão no último dia 15. Não se adaptou à cultura da bola rubro-negra |
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