No futebol, fazer só com amor já não serve. É cada dia mais importante ser profissional. Semifinalistas do Baiano, Bahia de Feira e Serrano são assim: geridos por empresários. O modelo é diferente dos demais clubes do interior, que seguem a tradição brasileira de eleições a cada dois ou três anos, como fazem Bahia e Vitória, e também a tradição espanhola, pois está presente em Barcelona e Real Madrid. Assim, o controle da agremiação geralmente alterna-se entre os grupos ou famílias com larga influência histórica.
Bahia de Feira e Serrano optam por padrão comum aos EUA, seja no basquete, no beisebol, futebol americano; ou no futebol inglês, com a Premier; ou italiano, do Calccio. Nestes locais, os investidores são donos legais dos clubes através da compra de ações; não por estatutos defasados. Os investidores também, quase sempre, envolvem-se nas decisões; vão além do retorno financeiro.
Ainda assim, existem diferenças entre os dois clubes do interior semifinalistas do Baiano. O Bahia de Feira é controlado pelo Grupo Nobre, de Jodilton Souza, empresário dos ramos de educação e entretenimentos; enquanto o Serrano tem 10 investidores da região de Vitória da Conquista e um de São Paulo.
No Bahia de Feira, Jodilton é presidente do Conselho Deliberativo; e o filho, Thiago Souza, presidente do clube. As decisões são tomadas pela dupla. No Serrano, os 11 investidores formam o Conselho, que trouxe Herbert Andrade para presidente executivo; sem poder político.
"O Conselho diz a pretensão do clube, quais as metas e eu faço o planejamento", comenta Andrade. "Quer passar de fase? É preciso um valor. Pretende chegar na semi? Então é outro. Sou avaliado em cima do investimento que foi feito e da meta que foi alcançada", completa.
O raciocínio dos clubes de empresários é o mesmo das empresas privadas: buscar lucro. O diferencial para os clubes tradicionais está, geralmente, no uso de técnicas de administração. Pois cada erro aumenta a despesa e cada receita que se perde é um vacilo. Logo, é preciso contratar profissionais pelo currículo, e não por amizade ou laços familiares para manter o poder.
No esporte, todos querem sempre ganhar, mas alguns vão além da vontade. Reconhecem que há um caminho a percorrer, compromissos com a torcida, patrocinadores, funcionários e atletas; uma série de detalhes até o sucesso. Não basta ser campeão e fracassar no campeonato seguinte. É preciso descobrir como se manter sempre em evidência. Como controlar as próprias emoções.
Marcelo Sant´Ana é repórter especial do jornal Correio* e
escreve quinta e domingo. Coluna publicada na edição impressa do dia 21
de abril de 2011
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