Desde que decidiu calçar as luvas e se tornar goleiro profissional, Jean já sabia que carregaria um grande peso. Filho do também goleiro Jean, ídolo no futebol baiano, ele ganhou o apelido de Jeanzinho e tinha noção que as comparações seriam inevitáveis.
Dono de uma personalidade forte, Jean dispensou o apelido e traçou sua própria história. Com toques semelhantes ao do pai quando assume as traves, ele foi ‘crucificado’ em 2015, após um frango que custou ao Bahia a Copa do Nordeste, conquistada pelo Ceará. Depois disso, veio a desconfiança, seguida de constantes críticas em relação ao jovem, que ainda estava com 19 anos.
Hoje, aos 21, ele tem outra postura em campo. Mais maduro, deixou as ‘pieguices’ de lado, controlou o gênio forte, passou a evitar provocações e tenta ser mais objetivo. Tem dado certo. Titular absoluto do Bahia, ele sofreu apenas 10 gols em 20 partidas que disputou na temporada - um pelo Baiano, dois na Copa do Brasil, três pela Copa do Nordeste e quatro no Brasileirão.
A campanha que rendeu ao tricolor a taça de campeão da Copa do Nordeste foi digna de aplausos. Com a melhor defesa, o time não sofreu nenhum gol na Fonte Nova. “Foi uma redenção, mas não com gosto de que devolvi o título para os torcedores. Eu não entrei pra vingar isso. Segui trabalhando e, dois anos depois, conquistei esse título com meu trabalho”, disse Jean ao CORREIO.
AMADURECIMENTO
O crescimento de Jean tem nome. Ou melhor, nomes: Maria Eduarda, 2 anos, e Maria Valentina, de 8 meses. “O nascimento das minhas filhas me fez amadurecer muito. Desde que elas nasceram, ganhei uma maturidade muito grande. A gente muda, cresce quando se torna pai”, avaliou o camisa 1, que também disse ter crescido após a morte do avô Wagir, pouco antes da final do Campeonato Baiano.
Outro responsável pelo salto de Jean foi o preparador de goleiros Thiago Mehl. “Desde a chegada dele, tenho outra postura no campo”, admite.
PARCERIA DE SUCESSO
Surpreso com o reconhecimento, Mehl fala da sua participação na carreira de Jean. "Legal saber disso, porque reconhecimento hoje em dia é tão difícil, né? Desde que cheguei no clube, ouvi falar muitas coisas do Jean, por parte da imprensa, da torcida e até internamente mesmo, de que ele era um garoto problemático, com talento, mas imaturo. Eu vi que não tinha nada disso. Comecei a trabalhar com ele tudo isso e vi que, além de um fenômeno, que tem talento nato, vi um menino de coração bom e fácil de lidar. Como eu já trabalhei com muitos garotos da base, da idade dele, acho que minha linguagem ajudou, tava fácil dele entender", conta ele ao CORREIO.
O preparador de goleiros, assim como a torcida, vibra a cada boa partida de Jean. Tudo isso, segundo ele, é fruto de uma parceria de sucesso. "Mesmo quando não estava jogando, eu propus metas pra ele. Uma delas era voltar à Seleção, e ele conseguiu. Esse ano, o desafio é fazer o melhor ano da vida dele. Para que ele consiga atingir os sonhos dele, que é jogar um Brasileiro, futuramente ir jogar fora do país. Enxergo muito a evolução dele, até pela responsabilidade que assumiu esse ano. Antes, ele não tinha nenhuma, teoricamente, porque não jogava. A partir do momento que viu essa responsabilidade, ele amadureceu naturalmente. Teve também uma questão familiar aí, principalmente com o nascimento da segunda filha", completa Mehl.
Thiago conta ainda que a evolução de Jean também tem muito a ver com personalidade. O preparador entrega que o goleiro é extremamente competitivo. "Ver obra pronta é fácil, mas eu já dizia antes que isso ia acontecer, porque era nítido. Jean é movido a desafios, é extremamente competitivo. Eu já trabalhei com muitos atletas e nunca vi nenhum tão competitivo quanto ele. Se alguém aposta qualquer coisa com ele, tem grande chance de perder", finalizou.
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Redação iBahia
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