Vagner Mancini é um cara convicto de suas ideias. E isso não significa ser intransigente ou pessoa difícil de aperfeiçoar seus conceitos. De volta ao Vitória após quase seis anos, a seriedade não mudou, mas o treinador de 48 anos, apresentado ontem na Toca do Leão, se considera muito mais maduro e experiente do que aquele Mancini que deixou o rubro-negro ao final de 2009.
“Ninguém é igual ao que era cinco anos atrás, as pessoas evoluem. Óbvio que algumas coisas mudaram, outras vão mudar. O que o Mancini não perdeu é o jeito sério de trabalhar. Para conquistar alguma coisa na vida, é com muito suor”, diz o treinador, em terceira pessoa, ao comentar sua evolução.
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| (Foto: Mauro Akin Nassor/Correio) |
Depois de sair da segunda passagem pelo Leão, onde trabalhou pela primeira vez de março de 2008 a fevereiro de 2009, Mancini passou por times de seis estados diferentes: Guarani (São Paulo), Ceará (Ceará), Cruzeiro (Minas Gerais), Sport e Náutico (Pernambuco), Atlético-PR (Paraná), Vasco e Botafogo (Rio de Janeiro).
O Botafogo foi o último clube, de onde saiu no final do ano passado, rebaixado junto com a equipe para a Série B. O técnico não havia assumido nenhuma proposta desde então e garante que não foi por falta de convites, e, sim, por falta de projetos que o atraíssem.
Atração que ele encontrou no Barradão. “O Vitória está momentaneamente na Série B, mas é time de Série A. Foram longos dias de conversa, debati muito com Manoel (Matos, vice-presidente) e com Anderson Barros (diretor de futebol) e enxerguei uma oportunidade de êxito. O Vitória não iniciou bem o ano, mas tem oportunidade de terminar de uma forma boa”, acredita. Terminar de uma forma boa tem tradução: “Vim para ser campeão da Série B”, diz Mancini, firmemente.
Nestes cinco meses afastado de um clube, o treinador ministrou cursos e, ao lado do ex-goleiro Júlio Sérgio e do também técnico Dorival Júnior, passou um período de cinco semanas na Europa, onde visitou Bayern de Munique, Roma, Lazio, Atlético de Madri, Real Madrid e Paris Saint-Germain.
“Nesse período, além de observar os treinamentos, a gente teve oportunidade de conversar com vários técnicos e dirigentes, além dos atletas. Isso possibilitou que a gente soubesse se o que está fazendo aqui está muito longe ou não de lá. E, sinceramente, não está”, compara Mancini. “O que vi nessas grandes equipes europeias foi uma intensidade de jogo muito forte porque se treina muito forte”, conta. “Sou um cara aberto. Tudo que a gente viu acaba como qualidade de vida. Vou passar para os atletas de forma muito simples. Precisa ter gana por vitória para evoluir”.
Pelo planejamento de Mancini, a gana se transforma em triunfos, em títulos e na permanência dele no clube para tocar o projeto ao qual se referiu: levar o Leão de volta à elite e fazer uma boa campanha na Série A de 2016. “O acesso vale, mas quero resgatar o que fiz na Série A e, diante disso, aumentar a identificação e ficar por um tempo longo”.
Em 2008, na primeira passagem de Mancini pela Toca, o Vitória recém-promovido da Série B terminou em 10º lugar na Série A. Em 2009, ele chegou durante o campeonato e o time acabou em 13º.
Wesley Se hoje Mancini encontra um ambiente relativamente tranquilo no clube, isso se deve muito ao bom trabalho feito pelo técnico do sub-20, Wesley Carvalho, que engatou três triunfos em quatro jogos e levou o Leão do 12º para o 4º lugar na tabela.
Com menos de 20 dias, fez o time dar sinais de bom futebol e alegrar o torcedor num ano em que os rubro-negros colecionam decepções no Baiano, Nordestão e Copa do Brasil.
“Ele (Wesley) teve a capacidade de pegar um time sem confiança e fez que a torcida voltasse a cantar, que a imprensa voltasse a respeitar. Então não tem necessidade de jogar fora. Claro que vou montar o time com minha cara, são coisas que naturalmente vão acontecer, mas é óbvio que jamais deixaria o que foi feito pelo Wesley”, afirma Mancini, que já conhecia o treinador, agora incorporado, definitivamente, ao profissional como auxiliar-técnico. “Wesley fica. É um cara de confiança”.
