Mais caro do elenco, Geovanni carrega a pressão e sabe domina-lá como faz muito bem com a bola. Domingo, tem mais uma prova em Pituaçu, quando o Leão encara o arquirrival Bahia em jogo de ida da fase semifinal do Campeonato Baiano 2011. A partida começa às 16h e promete grandes emoções. Em entrevista ao jornal Correio*, o meia, que tem atuado como atacante, falou sobre a carreira vitoriosa no futebol, das expectativas para o clássico BaVi e do atual momento vivido na Toca.
Você já jogou na Seleção Brasileira, Barcelona, Benfica, Manchester City... O Vitória tem um jogador de bagagem diferenciada pra esse Ba-Vi?
Não só eu, como todo o grupo. O Vitória não é só o Geovanni. O Vitória é o grupo: tem um grupo jovem, alguns jogadores experientes. É claro que com a experiência de alguns se une a juventude de outros. Isso fortalece para termos um bom time. E domingo é uma oportunidade de realmente mostrar nosso valor.
Qual aprendizado que o futebol deixou pra você nesses 14 anos de carreira?
O maior aprendizado do futebol que eu tenho levado pra toda minha vida é a amizade que eu tenho adquirido durante todos esses anos. A convivência com pessoas diferentes, isso tem acrescentado muito na minha vida particular e profissional. Tem muitos atletas que ajudaram nessa carreira. A lição que eu tiro da minha carreira é de ser grato pela amizade.
O que Geovanni mais gosta e o que ele menos gosta no ambiente do futebol?
O que eu mais gosto no futebol é esse momento que a gente está junto com os companheiros nos treinamentos, na concentração... Essa amizade, essa união que ao longo de 13 anos, 14 anos de carreira eu tenho. E eu não tenho nada a reclamar do futebol. Foi o futebol que me deu oportunidade de conhecer novos lugares, novas amizades... Os meus melhores amigos foram feitos no futebol.
E quem são esses melhores amigos?
Tem alguns aí... O Cleber Monteiro (meio campo brasileiro), que está no Vitória de Guimarães. O Cláudio Caçapa (zagueiro), agora está na França novamente e que estava no Cruzeiro. Tem o Fábio Aurélio e Lucas, do Liverpool. O Robinho, o próprio Elano... fizemos uma grande amizade na Inglaterra. O Gomes, o Luizão, que é um irmão que eu tenho. Aqui também. Temos um grupo fantástico.
Qual o jogador mais fantástico com quem você jogou?
Foram muitos jogadores, cada um na sua característica. Joguei com o Frank de Boer, o holandês. Na minha opinião ele é um dos melhores zagueiros que eu já trabalhei. Trabalhei com o Luís Henrique, na época de Barcelona. Rivaldo, o próprio Riquelme... Trabalhei no Cruzeiro com o Fábio, um dos melhores goleiros do Brasil tranqüilamente. Então, eu tenho muitas amizades no futebol e realmente só joguei com muitos jogadores de qualidade.
E qual foi o zagueiro mais difícil de superar?
Alguns zagueiros, principalmente no Campeonato Inglês. O Rio Ferdinand, na minha opinão, é muito experiente, muito forte. Ele é um dos grandes zagueiros que eu enfrentei e que foi muito difícil de passar. O próprio Pepe, que agora está no Real Madrid... um jogador muito forte que enfrentei ele em sua época de Porto. O Anderson Polga, que teve uma fase muito boa na época do Sporting Lisboa. São nuitos zagueiros marcantes.
E o estádio mais incrível?
O melhor ambiente que eu já vivi foi no Estádio da Luz (Benfica) e no estádio do Barcelona, que vivi alguns momentos muito bons. O Hull City me marcou também. São ambientes que vão marcar. Creio que o clássico aqui, no segundo jogo, o Barradão vai estar lotado. Vai ser uma experiência muito boa. Vai marcar minha vida.
Sim, mas em relação a estrutura, qual o melhor que você já jogou?
Estrutura, sem dúvida nenhuma, do Arsenal (Emirates Stadium). O Camp Nou, do Barcelona, também é fantástico. O do Hull City (KC Stadium) também. O do Hull, apesar de ser pequeno (25.404), é muito bom.
E o lugar mais bonito que o futebol lhe proporcionou conhecer?
É uma pergunta muito difícil de responder, porque são cidades que realmente marcaram a minha vida. Em Portugal, Lisboa está em meu coração. Na Inglaterra, Manchester é outra cidade que marcou minha vida. Na Espanha, Barcelona é sem comentários. Aqui na Bahia, minhas últimas férias foram todas aqui. Tem Belo Horizonte também, que é minha cidade. Então, por onde eu passei eu sou grato. Por tudo, pela oportunidade, por conhecer grandes cidades, grandes clubes.
Na sua visão, quando foi o ápice de sua carreira?
Ó... creio que foi quando eu fui convocado para a Seleção Brasileira, em 2001. Era um sonho meu, já tinha passado pelas seleções de base,sub-17, sub-20, a seleção olímpica. E a seleção principal foi um sonho realizado. O Barcelona também. São algumas coisas... sonhos que parecem tão distantes. Eu vejo nosso grupo aí tão jovem... As vezes, com um bom campeonato, alguns títulos, você pode estar na Seleção de uma hora pra outra.
Depois de tanto sonho realizado, o que lhe falta no futebol?
No futebol, me falta ajudar os clubes por onde eu vou passar nesses últimos cinco anos. Eu estou projetando encerrar minha carreira daqui a quatro, cinco anos. Eu tô aqui pra ajudar com os títulos. É claro que não só com títulos. Vejo aqui jovens que podem passar por experiências que passei. Quem sabe eu possa dar uma orientação, um conselho e eles possam escutar. Torço para que eles sejam muito bem sucedidos na carreira. Espero daqui a cinco anos que eu possa estar parando e ver eles com muito sucesso. Vai ser um orgulho muito grande pra mim.
De volta ao Ba-Vi. O Vitória está com a melhor campanha disparada e muitos dão o penta como certo. Já aconteceu em sua carreira de tudo ir bem e na decisão perder o título?
Isso nós não pensamos. Todo mundo quer ver que o time está bem entrosado. Porém, tem quatro jogos decisivos. E domingo começa uma nova batalha. Queremos o nosso objetivo. Vai ser um jogo duro, por que clássico em qualquer parte do mundo é difícil. O Vitória está bem centrado pra chegar ao título.
A cautela se justifica pelo fato do futebol muitas vezes ser injusto?
Não só no futebol, como na vida. Às vezes acontecem coisas que nós não esperamos e no futebol é a mesma coisa. Temos que estar preparados pra que isso não aconteça. Agora chegou a decisão. Não podemos cometer alguns erros porque é mata-mata.
O futebol europeu concentra salários milionários. Pra você é um declínio ter vindo jogar a Série B?
Na minha opinião não é um declínio. O jogador tem que pensar na sua felicidade, na felicidade da sua família. Chega um ponto em que o jogador quer jogar e também quer uma estrutura. Eu passei muito tempo fora do país, tive proposta pra ficar na Europa agora...
De onde veio a proposta? Algum clube da Inglaterra ou Espanha, países que você já havia jogado?
Não gosto de citar nomes, fica chato. Junto com minha família preferi vir pro Vitória. Estou muito feliz aqui. Estou aqui há pouco tempo. Não adianta nada eu estar no Barcelona, no Real Madrid e estar triste. Eu tô feliz e o mais importante é isso.
Então, o futebol brasileiro funciona como o gás que você precisa para seguir no futebol e parar daqui e cinco anos, como você almeja?
Eu nunca tive uma seqüência tão boa de gols como estou tendo aqui. Nem no Cruzeiro (início da carreira) eu tive uma seqüência boa de jogos e de gols assim. Não tenho dúvida de que foi a escolha certa. Estou aqui no Vitória e quero ajudar o clube a chegar novamente à primeira divisão. Temos que viver todo momento como se fosse o último. Por que se eu não viver esse momento no Vitória e ficar pensando em outra coisa, a vida passa, os jogos vão passar, os anos vão passar e no final da minha carreira eu vou lamentar. Estou curtindo o Vitória e também estou feliz da vida.
Entrevista publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 23 de abril de 2011
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