Quando um jogador bate de trivela, com aqueles três dedos do lado externo do pé, a bola sai girando no ar, desenhando uma curva terrível para os goleiros, e quanto mais rápido ela gira, mais efeito pega. É sem dúvida um dos lances mais bonitos do futebol. Da mesma forma que uma bela trivela, o mundo da bola também gira rápido e muda conforme os ventos do talento, da competência e, porque não, da vontade dos deuses do futebol. Nesse Campeonato Baiano estamos testemunhando uma guinada total no astral dos dois principais times do estado. Hoje nada está como era há um mês. Se bem que o Bahia continua fora da zona de classificação e o Vitória é líder do seu grupo, não vamos esquecer.
No caso do Bahia, podemos até afirmar que a mudança veio com a troca do técnico e as entradas de Ramon e Rafael, além das saídas de Souza, Boquita e companhia. Mas não dá para colocar a culpa apenas no mau desempenho de alguns, quando o time todo não vinha jogando bem, pecava pela falta de entrosamento e padrão tático. Hoje, mais azeitado, bate fácil adversários frágeis como o São Domingos e o Flu de Feira, que desce ladeira abaixo. E as coisas tendem a melhorar com a chegada do Tressor Moreno. O colombiano, com bom toque de bola, pode ser uma ótima surpresa para o torcedor tricolor e uma dor de cabeça a mais para o rubro-negro. Já no Vitória, aquele time arrumadinho que jogou o primeiro Ba-Vi não existe mais e não me pergunte o que ocorreu, esta é uma questão para Antonio Lopes, ele tem competência e ganha muito bem para isso.
Só sei que o clima não anda nada bom lá pelas bandas do Barradão. A torcida anda nervosa, insatisfeita com o time e ontem, nas cadeiras, mesmo o time vencendo o último invicto do campeonato, a chapa esquentou. Pior para um colega radialista que ouviu palavrões impublicáveis, acusado por alguns rubro-negros de estar torcendo contra o time da casa. Calma, meu amigo, no próximo giro do mundo da bola, o sol pode brilhar para você. Se inspire no rubro-negro carioca que terminou o ano passado de forma melancólica, neste ano já levantou uma taça e hoje até tira onda com os torcedores do Fluminense.
O campeão brasileiro de 2010 este ano já foi eliminado pelo Boavista na semifinal da Taça Guanabara, empatou duas em casa pela Libertadores e está com meio time de volta ao departamento médico. O mundo é assim: muda, gira, roda e o melhor pode estar guardado na próxima volta. Só que tem um detalhe: o mundo da bola só gira quando alguém bate na gorduchinha do jeito certo. E como eu disse antes, se não for por talento ou competência, só mesmo rezando. Bom Carnaval, se cuide, brinque e, se quiser, reze também.
Jony Torres é jornalista da TV Bahia e escreve às segundas-feiras. Coluna publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 28 de fevereiro de 2011
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