O torcedor rubro-negro hoje está de alma lavada. Desde a queda para a 2ª divisão só ouvindo gozações e aguentando o sarro do torcedor do Bahia. Mas vencer o Ba-Vi mudou tudo, e o alvo das gozações, por hora, são os tricolores, ainda mais depois do chocolate de ontem, dando fim ao tabu de cinco anos sem vencer o rival no Barradão. Diante do poço enlameado para onde foi empurrado junto com seu time, o torcedor tricolor está atordoado e saiu do estádio com a sensação de que o ano pode ser bem mais difícil do que se esperava.
Na arquibancada, quase não se ouviu o coro de ão, ão, segunda divisão, que este ano mudou de lado. A situação pode ficar pior, porque cada rodada mais longe da quarta posição, que lhe garantiria presença na próxima fase, o Bahia pode ver o Campeonato Baiano acabar bem mais cedo, o que seria um desastre.
Mas nem tudo foi lindo para o Vitória ontem. Bom acender o alerta, pois o primeiro tempo foi um clássico como há muito não se via, equilibrado na ruindade, com as duas equipes no mesmo baixo nível técnico e apenas lutando em campo sem mostrar a menor inspiração. Ninguém criou nada, muitos passes errados e a façanha de irritar os torcedores dos dois lados.
Veio então o segundo tempo e a apaixonante imprevisibilidade do esporte bretão se mostrou da melhor forma. O calor diminuiu um pouco, o sol se escondeu por trás das arquibancadas, a sombra cobriu o campo quase todo e aí, quem brilhou, foi o melhor conjunto rubro-negro.
Em dois minutos o Vitória meteu dois gols, desmontando de vez o desconhecido esquema tático do Bahia. Teve aquele desespero, no abafa, mas em vez de sair o gol tricolor, renasceu a estrela do gringo mais querido pelos rubro-negros. Ainda saiu o terceiro gol, só para enxotar os últimos tricolores do Barradão.
Se a falta de um padrão de jogo é um problema que o técnico Rogério Lourenço precisa explicar a cada fim de partida, as coisas ficaram mais complicadas depois que ele tirou Boquita, aumentando ainda mais a bronca da galera. É bom Lourenço ficar com os dois olhos bem abertos, a turma da buzina já colocou óleo na frigideira.
Quem viu pela TV o Atlético de Alagoinhas vencer o Camaçari, fora de casa, deve ter ficado satisfeito. Sem craques, mas com um time bem armado, o Carcará tomou conta do jogo desde o início e mostrou como pode chegar bem longe no campeonato, principalmente porque tem o técnico Ferreira. Pois é, ele mesmo, o técnico campeão pelo Colo Colo, em 2006. No momento, pra mim, as duas lideranças estão com os dois melhores times do campeonato. Só resta saber até onde vai a paciência da diretoria do Bahia e o empenho do elenco tricolor.
*Jony Torres é jornalista da TV Bahia e escreve às segundas-feiras.
Coluna publicada na versão impressa do Correio* do dia 7 de fevereiro de
2011
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