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Quem paga a conta? - por Marcelo Sant´Ana

A dificuldade do Bahia em contratar técnico está na falta<br /> de credibilidade. Aliás, este Bahia anda enrolado até para fazer um DVD

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17/02/2011 às 12:48 • Atualizada em 29/08/2022 às 14:18 - há XX semanas
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Um dos motivos para o filme O Tricolor Voltou ainda não ter saído era a dívida do Bahia com Márcio Araújo. Pra ter garantia do pagamento, o ex-técnico não autorizava o uso das imagens. A incapacidade do clube resolver o problema fez a produtora Movimento Filmes buscar a conciliação. Márcio achava injusto o Bahia lucrar pelo trabalho dele, de Renato Gaúcho, de muitos jogadores e funcionários enquanto devia salários e prêmios. A produtora falou do contrato, mostrou a importância para a torcida e Márcio amoleceu. O Bahia, não. Continua devendo.

O Bahia já teve sete técnicos desde 2009, durante a gestão do presidente Marcelo Guimarães Filho. Fez dívida com seis (não sei Lourenço) e passa a quitá-la só após ação na Justiça. É o clube cartão de crédito, fã de pagar parcelado. A prática vem há tempos, mas acentuou-se desde a saída da elite do Brasileiro. Nas divisões menores, foi se virando com profissionais intermediários. Inventou professores, fez apostas e não ganhou título algum.

Na volta à elite, mostra-se enferrujado. Precisa pensar no futuro, porém está impregnado de hábitos do passado. E o passado recente o condena. A fama é de mau pagador. A dificuldade em contratar técnico, em boa parte, está na falta de credibilidade. Muitos confundem vontade com interesse. A vontade é irmã do desejo, quase um instinto. Interesse tem relação com ser útil, trazer proveito.

Os técnicos têm vontade de treinar o Bahia, não interesse. Desde 2004, Renato Gaúcho é o único dos 20 técnicos que passou pelo Bahia que tinha um título nacional no currículo, a Copa do Brasil 2007 (acrescente Jair Picerni se você considera o Sport campeão brasileiro de 1987).

É pouco para quem pensa grande - ou pelo menos quer tentar grandes conquistas. O Vitória, no mesmo período, teve 16 técnicos: seis já tinham sido campeões nacionais, sendo quatro do Brasileiro, incluindo Antonio Lopes. Ser moedora de técnicos não é o único erro da diretoria do Bahia. Ter um grande comandante não reflete em campo se a estrutura é deficiente, se as contratações são demais equivocadas.

Para o Bahia mudar sua imagem junto ao mercado, precisa primeiro mudar por dentro. Rever os valores que carrega. Ou então vai ficar forçando a memória para recordar as glórias do passado. Porque, até para botar na rua o DVD do acesso, tem faltado tanto vergonha como credibilidade.

Marcelo Sant´Ana é repórter especial e escreve quinta e domingo. Artigo publicado na edição impressa do jornal Correio* do dia 17 de fevereiro de 2011

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