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Willie passará por cirurgia no próximo dia 26, quarta-feira |
Do fim de semana até agora, Willie trocou a bola pelos exames. Só no domingo, no Rio de Janeiro, foram dois - um pela manhã e outro à tarde. Em ambos, o diagnóstico de arritmia cardíaca. Cortado da seleção sub-20, ele chegou terça pela manhã a Salvador e, de imediato, seguiu para o Hospital Santa Isabel. Mais uma bateria de três exames para detalhar o problema. E conforme previsto pelos médicos da CBF, Willie realmente passará por uma cirurgia. Na linguagem médica, o atacante tem a síndrome do Wolff-Parkinson-White. Para os leigos, o cardiologista Maurício Lyra, que atendeu o jogador, traduz: "Ele tem uma via acessória, uma via extra no coração. Além de passar pelas vias normais, a eletricidade também passa pela via acessória e daí pode ocorrer alguma complicação. Por ele ser um atleta de alto rendimento, vamos fazer eliminação dessa via. Se fosse uma pessoa normal, apenas iríamos observar", explica Lyra, responsável pelo procedimento já marcado para o dia 26.
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O cateterismo cardíaco preventivo, visto como simples, dura em média duas horas e meia. Será feito assim: quatro catéteres vão subir porumvaso do fêmur até o coração. Lá, irão localizar a via extra, esquentar o músculo e destruir a anomalia. "Cirurgia é até um termo muito grande para o caso. É um procedimento. É uma coisa bem tranquila. É bem corriqueiro, se faz isso todos os dias. Ele vai ficar bom e jogar futebol normalmente, ao contrário de outras arritmias", garante Lyra. Por se tratar de um problema na parte superior do coração, é benigna.
Descansar - Willie terá alta 24 a 48 horas após a cirurgia. Depois de deixar o hospital, serão 30 dias de repouso. "Vou pra meu interior, Caravelas (próximo a Porto Seguro), ficar perto da minha família. Ficar lá descansando. O mundo do futebol é assim: traz alegria e tristeza. Mas foi na hora certa. Vou voltar com tudo", diz o atacante, mais que otimista. Em relação à alimentação, o garoto de 20 anos pode ficar tranquilo, pois não há restrição alimentar por conta da cirurgia. Na volta à capital, no fim de janeiro, Willie fará novos exames para receber a liberação pra treinar. "Ele será reavaliado com um novo eletro pra confirmar que não retornou a via extra. Fará novo exame após três meses, seis meses e um ano", detalha Lyra, sobre o acompanhamento. O que desperta curiosidade é o fato de o problema só ter sido detectado agora, já que jogador chegou ao clube com 14 anos. A última vez que Willie fez um eletrocardiograma foi no início deste ano. "É congênito, ele nasceu com isso. Às vezes acontece. Ele deve ter feito poucos eletros e, quando foi feito, a via deveria estar inaparente. Hora elas estão demonstradas, horas não", diz o médico, assegurando que o problema não leva à morte. O chefe da equipe médica do Vitória, o cirurgião-geral Ivan Carilo Pinto, garante que Willie já fez pelo menos 10 eletrocardiogramas no clube - cada jogador repete este exame de seis em seis meses. "Às vezes faz e dá tudo negativo. Sempre deu tudo normal, ele nunca apresentou mal-estar, falta de ar. Foi um achado", analisa. O caso é o mesmo do meia Renato, do Flamengo, que fez a cirurgia no meio do ano, aos 33 anos, e joga normalmente.
Após seis anos na Toca, Willie detecta problema cardíaco e terá que operar