Salvador parou para ver primeira defesa de Cigano; relembre

Faltou lugar em alguns bares de Salvador no momento da luta

Um verdadeiro nocaute no preconceito. Se o Brasil é o país do futebol, Salvador é a nova capital do MMA. Loucura? É só dar uma voltinha nos bares de Salvador em dias de combate para comprovar a teoria. Na madrugada do dia 27 de maio, faltou cadeira pra galera que acompanhou Júnior Cigano na defesa do cinturão dos pesos pesados do UFC, diante do americano Frank Mir. O evento foi em Las Vegas, nos Estados Unidos, contudo, mesmo de longe, o catarinense de Caçador, mas radicadona Bahi,a deve ter sentido a energia do povo soteropolitano. Rolou de tudo na torcida. Até quem não entendia muito do esporte caiu na gandaia. A estudante de odontologia Elen Ferreira, 22 anos, acompanhou o namorado Arthur Pires num barzinho localizado no Jardim Brasil, na Barra. Situação, até então, normal. O companheiro, no entanto, estava acompanhado de outros dez amigos. E todos homens! Um problema pra Elen? O namorado garante que não. “Ela também gosta de assistir a luta! Sempre quando dá, a gente vem”, afirma o estudante de direito, também de 22 anos. Engana-se quem pensa que Elense incomodou como programinha inusitado no final de semana. A garota diz admirar o MMA já há algum tempo. “Acompanho desde que virou moda. Não acho violento. Esse preconceito está acabando e as pessoas estão começando a entender. Acho ótimo reunir a galera pra ver a luta”, disse ela, que, após o nocaute de Cigano, não se conteve na cadeira e pulou bastante. O advogado Allan Sestelo, 27 anos, um dos amigos do casal, sempre curtiu mais o futebol. Torcedor do Corinthians, ele se rendeu ao MMA através das lutas de Anderson Silva, o Spider. Agora, porém, virou fã de Júnior Cigano. “Ele detonou o carado jeito que eu pensei. Frank Mir caiu zonzo no chão. Assim que é bom, quando troca soco com o adversário e depois bota no chão”, disse, cheio de animação, para depois acrescentar. “Agora torço pra ele, que é da terra”. A torcida vibrava a cada jab de Cigano no americano. Enquanto as mulheres gritavam sem parar, os marmanjos batiam na mesa com força. Haja cerveja derramada pelo chão. Surgiu até um ‘Bora Baêa’ antes do golpe final.

Cigano levu Mir ao chão com um soco frontal

A luta - Especialista no boxe, Cigano deixou clara a sua intenção de manter a luta sempre na trocação. Mir, por sua vez, faixa preta de jiu-jitsu, se limitou a esperar o campeão e tentar levar o confronto para o solo. O americano não teve sucesso. Rápido, Cigano variou muito nos golpes, com jabs no rosto e no corpo do rival. Pouco tempo antes do final do primeiro round, o brasileiro deu um bom direto, que deixou o americano tonto. Mir precisou aguentar uma boa sequência de socos até o fim do assalto. Deu sorte, mas era questão de tempo para o nocaute. O segundo round começou da mesma forma. Dessa vez, Cigano se mostrou mais agressivo e manteve a luta de pé. Mir caiu no chão, esperando o brasileiro. Coitado. Cigano fez o sinal negativo com a mão e esperou o adversário levantar. Aí já era. Um soco frontal em cheio foi suficiente para levar o americano à lona. Mesmo assim, Cigano distribuiu outros dez golpes antes do árbitro encerrar o combate. Cigano comemorou a manutenção do cinturão no UFC 146. “Eu me sinto sensacional. É uma sensação maravilhosa. Vim aqui para defender meu título e fiz isso. Me surpreendeu o quanto ele conseguiu aguentar”, disse o brasileiro após a luta, ainda dentro do octógono. Seria uma espécie de vingança, já que Frank Mir vinha de uma vitória sobre o baiano Rodrigo Minotauro, mestre de Cigano? O brasileiro preferiu não entrar em polêmica.“Essa luta é entre eles”, resumiu.