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Marílson, último campeão, também se sentiu prejudicado |
Em sua 87ª edição, a São Silvestre resolveu mudar. Mas, para a elite queniana, sempre favorita ao pódio, isso pouco importa. Ao menos no discurso. Pegos de surpresa com as alterações no circuito, os africanos só foram avisados nesta quinta-feira, na coletiva de imprensa de apresentação da corrida. Confusos, arrancaram risos ao se mostrarem perdidos a dois dias da prova. Eles, porém, garantem que nenhuma mudança vai tirar deles o rótulo de principais candidatos à vitória nos 15km da tradicional corrida paulista, neste sábado (31). Os quenianos, além dos etíopes, serão os maiores rivais de brasileiros como Marílson Gomes dos Santos, tricampeão, e Adriana Aparecida da Silva, medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos. Primeiras atletas a falar, as quenianas, acompanhadas da etíope Wude Ayalew, da italiana Nadia Ejjafini e da marroquina Samira Raif, foram avisadas apenas na mesa das mudanças na prova, como o local da chegada, agora no Obelisco do Parque do Ibirapuera. Apesar da confusão, elas, que terão o desfalque da atual campeã, Alice Timbilili, garantiram que nem as fortes descidas, outra característica do novo percurso, vão atrapalhar. Principal nome do pelotão masculino, Martin Lel, tricampeão da Maratona de Londres e bi na Maratona de Nova York, afirmou, porém, que a prova será um desafio. "Tem muito tempo desde que vim ao Brasil pela última vez. É minha preparação para a Maratona de Dubai, em janeiro. A prova já era rápida na última vez que vim, há três anos. Hoje eu soube que mudou o percurso, especialmente nos últimos minutos (descida da Brigadeiro até o Obelisco do Parque do Ibirapuera). Estou muito forte nas subidas, mas pouco aquém nas descidas. Acho que vai ser difícil para cada um, mas, para mim, vai ser um desafio. Precisamos ver quem vai se sair bem". Campeão em 2003, 2005 e 2010, Marílson não fez uma preparação específica para a São Silvestre, já que resolveu participar da prova apenas neste mês. Ainda assim, chega como principal nome brasileiro na busca pelo pódio. Campeão no Pan de Guadalajara neste ano, o atleta se diz pronto, embora reconheça que não está em sua melhor forma. "Não fiz nenhuma preparação específica, a exemplo de todas as outras vezes que disputei. Agora, nos encontramos período de base (preparação para os Jogos de Londres). Acho até que se tivesse mais dez dias, seria melhor. Estou preparado, mas seria melhor para mim. Estou apto, não sei como vai ser com os outros corredores. Mas vou ter muita raça, vontade e vou tentar fazer uma boa prova". Marílson afirmou que as mudanças no percursos podem prejudicar um pouco seu rendimento na busca pelo quarto título na prova. "Um dos mais prejudicados fui eu. Entre as sete São Silvestres que fiz pódio, (conhecer o percurso) era uma vantagem que eu tinha e deixei de ter. Mas tem de estar bem. Não adianta conhecer o percurso e não estar bem. Acho que a mudança é válida se for para dar um conforto maior. Espero que tenha o sucesso dos anos anteriores". Um dos principais nomes brasileiros na corrida feminina, Marily dos Santos, terceira colocada em 2008, brincou com as mudanças na nova corrida. "Com essa mudança que teve no percurso, não existe favoritismo. Eu até agradeci a essas pessoas inteligentíssimas que pensaram nesse percurso (risos). Gosto de descida. Meu nome é Marily dos Santos, todo santo ajuda na descida. É bom correr assim, sem pressão de ser favorita. Essa mudança deixou todo mundo meio pensativo. Estamos aí pra brigar de igual para igual. Acredito que tenha pelo menos um pódio entre as brasileiras". A prova larga do Masp, na Avenida Paulista, cartão postal da cidade, e passa por outros pontos históricos como Estádio do Pacaembu, Theatro Municipal e Viaduto do Chá. A chegada será no Obelisco do Ibirapuera, onde estão os restos mortais de Cásper Líbero, idealizador da corrida.