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Time tem que vencer em casa, diz Gabriel |
O relacionamento entre Bahia e Pituaçu ainda não engrenou na Série A. Em 12 jogos, só 13 pontos: aproveitamento de 36%. Hoje, às 16h, diante do Figueirense, outra chance de melhorar o desempenho. Para isso, um reforço especial, ao menos nas arquibancadas... Gabriel, destaque na temporada com 11 gols e 20 assistências, promete reforçar os cantos da galera em Pituaço. “Bora Baêa, minha porra!”, grita, segurando a bandeira tricolor. “Esse aqui é meu amor”, garante. Afastado devido a um estiramento na coxa, o jogador já iniciou os trabalhos físicos na academia e volta aos treinos essa semana. As sessões na câmera hiperbárica, onde respirava oxigênio a 100% para ajudar na cicatrização da lesão, já são passado. “É chato demais aquilo, véi! Ainda bem que acabou”. Tratamento diário e as sessões duravam 1h30. Gabriel, porém, não esquece o compromisso que tem antes de voltar a vestir a camisa 8. Torcedor de carteirinha até 2008, antes de entrar no mundo da bola, o Bahia vai acabar com a síndrome em casa. “Seja Íbis ou Barcelona, temos que ganhar em Pituaçu. Aqui é o nosso lar. Essa fase ruim passou e estamos invictos há seis jogos”, lembra, empolgado. Sempre ao lado do amigo William e do pai Ivan Pinto, Gabriel fazia questão de ir ver o Bahia na Fonte Nova. Morador do Jardim Cruzeiro, na Cidade Baixa, chegou a voltar a pé para casa quando o Bahia estava na Série C 2007. “Eu e mais uns 8 mil malucos estavam naquele Bahia e Fast. Foi loucura no estádio quando saiu o gol da vitória (1x0)”.
Desastre - Naquele ano, por sinal, um dos jogos mais marcantes. No dia 25 de novembro, Bahia e Vila Nova ficaram no 0x0 e o tricolor conseguiu o acesso à Série B. Mas sete torcedores morreram após queda de parte da arquibancada superior. Foi o último jogo de Gabriel como torcedor, já que, em 2008, o Bahia ficou entre Camaçari e Feira de Santana. “Sempre fiquei na Bamor e fui pra lá naquele dia. Mas estava tudo muito cheio, sem espaço pra mais ninguém. Aí, atravessei o estádio e fui pra arquibancada especial. Passei por um buraco debaixo do alambrado. Vi o clarão de longe e achei só que era briga. Nonato ainda perdeu um pênalti no jogo. Imagine se sai o gol? Minha mãe me ligou chorando e preocupada naquele dia”.
Ídolo - Nonato perdeu o pênalti, mas não admiração. O 7º artilheiro da história do Bahia, com 125 gols, é o ídolo. Ninguém deu mais alegrias ao garoto do que o parrudinho. “O Nona era fera demais. Ele fez dois gols naquele 3x1 que o Bahia deu no Sport em 2001. A gente foi campeão do Nordestão na Fonte e eu tava lá”. Aos 22 anos, Gabriel reconhece que a falta de identidade do Bahia com Pituaçu atrapalha. “Bahia e Fonte Nova formam o casamento perfeito. Ela faz falta demais”, analisa. E para quem acha que o jogador pode sair no final do ano, um recado: “Eu quero jogar lá no ano que vem e sentir essa emoção”. E o que é mais fácil ser: jogador ou torcedor, Gabriel? “Jogador. Torcedor sofre o tempo inteiro e não pode fazer muita coisa. Como jogador, posso ajudar. Quem coloca a bola pra dentro?”.
Matéria original Correio 24h "Seja Íbis ou Barcelona, temos que ganhar em Pituaçu", diz meia Gabriel