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"Sou correria": em palavras, alguns metros da veloz trajetória de um certo Araçá

Integrante do pelotão de elite dos corredores baianos na década de 80, Edvaldo Gomes ainda não parou, mesmo depois de meio século de vida

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18/02/2011 às 16:51 • Atualizada em 29/08/2022 às 14:17 - há XX semanas
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Foto: Eudes Benício / iBahia.com"O cara veio atrás de mim, deu uma pegada, e eu fui em cima dele mesmo. O técnico me colocou de castigo e mandou ficar dando voltas no campo até o jogo acabar". Imagina que assim se descobre uma paixão? Foi isso mesmo o que aconteceu com Edvaldo Gomes da Silva, nome pelo qual quase ninguém conhece o 'velho' Araçá, há muitos anos atrás. Hoje, aos 53, ele se divide entre a rotina de porteiro e a antiga paixão pela corrida de rua, descoberta depois do curioso incidente.

No episódio da briga, Araçá foi esquecido no castigo, mas nem assim saiu dele. Quando o técnico percebeu que o esquentado jogador não parava de correr, entendeu que o lugar dele não era bem na grama, mas na pista. Tendo largado de uma ironica punição, Araçá então se encontrou com seu destino de corredor.

Na primeira competição em que participou, os Jogos dos Industriários, no início da década de 80, duas vitórias. Provas dos cinco e dez quilômetros vencidas e mais um indício de que o tal castigo foi eficaz. Daí em diante foram longos passos até o atleta com nome de fruta ficar entre os mais premiados corredores baianos daquela época.

Tênis? Só depois de muitas corridas. "Eu gostava de correr descalço",
revelou o mais veloz porteiro da Universidade Federal da Bahia. Outra
mania curiosa de Araçá era sair por último em muitas das disputas que
travou na pista. Não por menosprezar os adversários, ele conta, mas para
sentir a obrigação de dar mais de si. E ainda garante: "nunca tomei um
capote". Aos menos habituados às corridas, tomar um capote é ser
ultrapassado pelo líder e se tornar retardatário.

Foto: Eudes Benício / iBahia.com

Vida dividida - Em 2006 o corredor adotou outro uniforme. Do short e camiseta das pistas para a formalidade do traje de porteiro. O que não mudou foi a vontadeFoto: Eudes Benício / iBahia.comde correr. A nova descoberta, já na maturidade, foi por um desafio ainda maior: a ultramaratona. Por quê? Ele diz: "eu gosto dos desafios". Não há como negar que correr por 24 horas, batendo perna por mais de 80 quilômetros, como Araçá fez em 2008, no Parque da Cidade, seja um grande desafio. "Minha vida é correria", repetia entre uma frase e outra. E não estava errado. Só quem vive a correria repete a dose em dobro. A nova peripécia, em 2008, foi correr por 48 horas - mais de 180 quilômetros - e mais uma vez ser o melhor da sua faixa etária. Araçá quase parou - Ficou no quase. Nem um acidente, no mesmo ano de uma das maiores conquistas, tirou do atleta a paixão pela corrida. Depois de ser atropelado por um ônibus enquanto passava de bicicleta na BR-324, Araça precisou se afastar das competições e somente no ano passado voltou a treinar. Como ele está? "Me sinto outro", respondeu. Com gás para correr de 30 a 40 quilômetros no treino, depois de uma noite de trabalho... só mesmo se sentindo outro. Mesmo acostumado às longas distâncias, são poucos 5 quilômetros que não saem da cabeça do veterano corredor. O cenário ajuda a eternizar o pensamento: a não mais existente Fonte Nova. Foi lá, correndo na preliminar de um partida em 82, que os gritos da torcida para a figura de cabelo vermelho tornaram as 12 voltas em torno do gramado da Fonte, um dos mais marcantes episódios vividos por Araçá.

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