A eleição que vai definir o novo presidente do Bahia acontece neste sábado (7) e o iBahia Esportes preparou uma série de entrevistas especial para ajudar o torcedor tricolor a escolher o candidato em quem votar. Nesta série, porém, tentamos abordar os assuntos mais polêmicos relacionados a cada candidato, além de ouvir as propostas deles. Abaixo, veja o que Antonio Tillemont respondeu em cinco questionamentos:
Muitos dizem que você foi oportunista ao lançar sua candidatura durante a intervenção, pois na rádio não teria sido crítico ferrenho da última gestão. O que você acha disso?
Acho que não estavam ouvindo a rádio Metrópole. Para dizer que eu não criticava a administração de Marcelinho é querer usar uma situação que essa pessoa não vinha acompanhando a rádio. Talvez ele prefira uma outra emissora. Eu fui o primeiro a dar espaço, eu e Edson Marinho, fomos os primeiros a dar espaço a esse grupo de oposição, há 18 anos atrás, em 1995, 1996, 1997, quando o próprio Jorge Maia começou a fazer oposição a Maracajá, naquele movimento chamado "Maracajá, devolva meu Bahia". Tínhamos um programa na rádio Cultura de seis horas de duração aos sábados, das 12h às 18h, ele usava uma hora para falar, ele e o falecido professor Edmundo Pereira Franco. Eu já dava apoio naquela época. O problema é que as pessoas que estão vivenciando esse movimento de hoje eram meninos, pequenos, talvez alguns até recém-nascidos, que não conhecem a história por completo. Eu acho que não é questão de ser oportunista. Como é que eu podia ter me candidatado presidente do Bahia anteriormente? Nunca. O processo não é da forma que vai ser agora. Por isso que não vejo nada de oportunismo. É uma situação criada que dá a todos pé de igualdade. Antes não tinha essa possibilidade em pé de igualdade. Antes não tinha porque o Conselho era viciado e votava sempre nos mesmos.
Você por muito tempo teve carreiras paralelas no mercado do futebol e na crônica esportiva. Não existe aí um conflito de interesse nas funções? Como ter certeza que algo do tipo não acontecerá no Bahia caso você seja eleito?
O conflito de funções existe, mas eu já saí da rádio Metrópole, só volto se perder a eleição e já anunciei também a minha saída da empresa. Realmente é incompatível você exercer a presidência de um clube atuando assim, mas eu não vou mais atuar. Eu vou vender as minhas cotas da empresa, como eu já falei. Eu preciso de uma motivação nova, eu já não tenho mais saco para comentar em rádio, não tenho mais saco para estar tratando de negociação nesse sentido. Às vezes você orienta muito o jogador, mas entra por um ouvido e sai pelo outro. Nem todos gostam de ouvir, nem todos colocam em prática aquilo que a gente orienta. Eu imaginei o seguinte: é um fato novo, um fator motivador na minha vida, colaborar com o clube que eu torço. Aliás, nunca declarei explicitamente, dizendo que era torcedor, porque prezei pela imparcialidade da minha condição como comentarista. Mas quem não conhece, não sabe que eu tenho 37 anos como sócio do clube, pagando rigorosamente em dia, sem ter tido nenhuma interrupção. O exemplo que cito é Schmidt, que ficou dez anos sem pagar a taxa de mensalidade dele, alegando que os boletos não chegavam. Na minha casa todos chegaram. Inclusive, até o último, em agosto. Acho que não é por aí. Acho que realmente é incompatível. Sendo eleito, me afasto das funções e fico apenas sendo presidente do clube.
Você sempre exalta nos debates que conhece bastante de administração e também do mercado do futebol atual. Mas quais tipos de parcerias e investimentos você acredita que pode trazer?
Veja bem, eu não vou fazer nenhuma promessa mirabolante, porque é um mandato para um ano e quatro meses. Tem que atacar em duas vertentes: administrativa, que é reequilibrar as finanças do clube, se você não reequilibra as finanças do clube, você não tem para onde ir, porque o Bahia deve muito. Não pode arrecadar R$ 70 milhões e gastar R$ 83 milhões. Essa conta não vai bater nunca. E atacar o time de futebol. Esse negócio de estar prometendo projeto de 20 anos de Bahia para um mandato de um ano e quatro meses não dá. Não existe isso. Em um ano e quatro meses temos que reorganizar o clube administrativamente, no aspecto financeiro, demitir os inoperantes e fantasmas, aqueles que inclusive prejudicaram a interventoria, fazer um novo quadro de funcionários, até porque a Cidade Tricolor vai exigir a contratação de umas 50 pessoas para funcionar. A outra vertente é o time de futebol, que é o carro chefe do clube. O time de futebol hoje é a cara do Bahia. O Bahia não tem mais lado social. Qual o lado social que o Bahia tem se a sede já foi para o chão? O futebol é o fundamental do Bahia. E eu acho que aí que faço a diferença, por conhecer o mercado, por conhecer os grandes empresários do futebol brasileiro, a minha diferença vai ser aí, pois as providências têm que ser imediatas, têm que ser rápidas porque as inscrições estão perto de terminar para o Campeonato Brasileiro. O mercado tem dificuldades. Eu sou do ramo e estou admitindo que vou ter dificuldade para contratar, imagine quem não é.
Sobre a relação entre alguns dirigentes e cronistas. Às vezes passa do limite de fonte com quem deveria apenas cobrir. Como você pretende lidar com a imprensa?
Em outras palavras, você está falando sobre o jabá, o jabá que tanto cobram que acabe. Inclusive, tem até musiquinha feita pela torcida do Bahia: 'o jabá acabou, o jabá acabou'. Eu fui ouvido por dois grupos da torcida do Bahia, a Embaixada Tricolor da Ufba e a Revolução Tricolor. O que eles mais me apertaram foi nisso aí. Eu não sei se os outros candidatos fizeram esse compromisso de terminar com o jabá. Eles sabem, os próprios radialistas, existem os maus em todas as profissões, que eu tendo oportunidade vou cortar tudo. Dos três candidatos, me cobrem depois se eu perder a eleição, o único que consegue fazer isso sou eu. Os outros dois não vão cortar. Rui está dizendo que vai cortar, que não vai nem existir, Schmidt da mesma forma, mas hoje os jabazeiros apoiam Schmidt...
Deu tempo de montar um plano de gestão?
Primeiro, da assembleia que mudou o estatuto para eleição e posse são uns 20 dias. Para você ter certeza que as eleições seriam realizadas você tinha que passar por aquela assembleia. Eu acho que dei um pouco de sorte porque tive a ousadia de sair na frente. Eu acreditei, quando a intervenção saiu dessa vez, quando tentaram cassar e não conseguiram, que iríamos chegar onde estamos chegando, no processo eleitoral. Então eu comecei a falar antes dos outros. Quem lançou as propostas primeiro fui eu e muitas delas são copiadas, inclusive com os mesmos termos. Não adianta fazer plano megalomaníaco quando o problema é imediato, o problema de reorganizar suas finanças e tentar melhorar o time de futebol. Se isso acontecer, aí sim você vai ter mais tranquilidade para desenvolver o resto das coisas.
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