Era um domingo de rodada pelo Campeonato Baiano quando a informação vazou: o Vitória está trazendo um gringo chamado Petko... ko o quê? Primeira dificuldade foi acertar a acentuação. Nos primeiros meses havia sempre quem chamasse errado, com a sílaba forte no Ko: Pet-kó-vic. Depois, a entonação foi chegando para o lugar. Um gol olímpico, alguns de falta e dezenas de dribles depois, já tava todo mundo chamando o sérvio de Pet mesmo.
É como se chama um mascote querido. E é assim que a torcida do Vitória curte Pet, em amor bem-correspondido. Pintou um clima desde que Pet pisou a primeira vez no Barradão, em sessão de fotos para a revista Vitória!, veículo de divulgação do clube. Ainda sem falar nada de português direito, o sérvio admirou: "bonitou estádiou...".
Suas primeiras palavras na Toca profetizaram um relacionamento feliz. "O Vitória é meu único time do coração. Recebia salário atrasado, mas jogava feliz", repete, na ponta da língua, sempre que convidado a falar sobre o rubro-negro. Tanta paixão gerou façanha inédita: a torcida rubro-negra levou ao estádio um bandeirão azul, vermelho e branco, cores da Sérvia, para dar uma força, pois seu país estava em guerra civil.
Foi o presidente Paulo Carneiro que mandou Waltércio Fonsêca buscar o jogador em Madri, junto ao Real. Pet tinha jogado muito na goleada de 5x1 do Real sobre o Vitória, em amistoso. O Leão tinha como plano definido integrar pelo menos 17 jogadores da base por ano a um grupo profissional forte, sempre com uma referência que mantivesse o clube no noticiário internacional, numa visão integrada de futebol, negócios e marketing. Pet foi parte fundamental para que a coisa funcionasse. Corria o ano de 1998 e Bebeto, o tetra, havia deixado o clube. Era a vez de Pet. Só um probleminha: nem sempre tinha grana para pagar o salário do jogador.
Pet topou jogar assim mesmo. Seu futebol misturava magia e arte. O efeito que dava na bola deixava torcida, adversários e imprensa extasiados. Conquistou o título de campeão do Nordeste e campeão baiano no ano do centenário do clube, 1999. Comandou o time, ao entrar no Barradão, na hora marcada para o Ba-Vi da decisão que não aconteceu: o Bahia entrou em campo na Fonte Nova por conta de uma decisão judicial.
Campeão pelo Estrela Vermelha, da Iugoslávia, e Real Madrid; campeão brasileiro pelo Flamengo, carioca pelo Vasco, chinês pelo Shangai Shenshua e saudita, pelo Al-Ittihad, o super-craque foi amado por torcidas de várias línguas, mas gosta é de repetir, agora falando bem o português: "eu sou Vitória de coração".
VOTO A VOTO
Petkovic (4)
Mário Silva, Paulo Carneiro, Paulo Leandro e Rodrigo Vasco da Gama.
Kléber Carioca (3)
Alvinho Barriga Mole, Sinval Vieira e Vovô do Ilê
Ramon Menezes (1)
Beto Silveira
Agnaldo (1)
Alexi Portela Júnior
Bigu (1)
Luciano Santos
Teotônio (1)
Carlos Libório
Osni (1)
João Borges Bougê
Joel (1)
João Ubaldo Ribeiro
Edmundo (1)
André Catimba
*Matéria publicada na edição impressa do jornal Correio do dia 31 de janeiro
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