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Time dos sonhos BaVi: catimba, André!

Quanto mais um zagueiro desleal me batia, mais eu ia em cima. Nunca ficava com medo e não foram poucos os que terminaram expulsos, disse o atacante

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03/02/2011 às 9:03 • Atualizada em 29/08/2022 às 14:26 - há XX semanas
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CorreioSe o inimigo tiver três culhões, não vá que é esparro. Se tiver dois, igual a você, vá firme, dê e tome porrada, mas lute com bravura. A primeira e definitiva lição do pai, seu Otaciano, de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo, ficou pra sempre no juízo do filho único, entre cinco irmãs. Quem ganhou com esse aprendizado foi a torcida do Vitória: André Catimba jogou duro.

Perdeu quatro dentes numa cotovelada só de um zagueiro, arrumou brigas generalizadas contra os inimigos liderados por Roberto Rebouças, bateu mais do que apanhou e, no saldo, uma certeza: honrou como nenhum outro jamais honrará o sagrado padrão vermelho e preto.

Isso foi no início dos anos 1970, mas ainda hoje, aos 65 anos, André é logo paparicado, basta sair de seu apê. O povo não o libera de um aperto de mão, um tapinha nas costas, uma foto pra tirar onda. Junta gente até quando ele aparece pra trocar uma ideia no Bar do Chico, lá no conjunto Santa Bárbara, onde mora, em Brotas. Recentemente, teve um mal súbito e precisou ser hospitalizado, por isso deu um tempo na cervejinha esses dias. “Tô me poupando pro Carnaval”, diz o artilheiro eterno do Vitória.

Lógica - André começou no Ypiranga, foi pro Galícia e, em 1971, chegou ao Vitória. Campeão em 1972, era bem servido por Osni e Mário Sérgio. Em 1975, trocado pelo zagueiro Joãozinho, foi para o Guarani de Campinas, São Paulo. Próxima parada: Porto Alegre. A torcida do Grêmio, assim como a do Vitória, nunca vai esquecer o guerreiro valente que feriu de morte o Internacional e evitou o nono título seguido de um time que tinha Falcão, Mário Sérgio e Figueroa.

Pai zeloso de três filhos já formados, e um caçula, Carlos André, estudante de direito na Facet, André briga também na vida para se manter, pois não tem aposentadoria como jogador. Catimba, André! Nos bastidores, ele viu muita coisa que prefere não detalhar, sobre temas proibidos como doping e suborno. “A televisão ajuda porque hoje é mais difícil acontecer absurdo: todo mundo vê a repetição dos lances”. André cometeu a leve heresia de jogar “uns dois meses” no Bahia, já no finzinho de carreira, que foi encerrada mesmo no Fast Club de Manaus.

Ficaram as boas lembranças. “Quanto mais um zagueiro me batia, mais eu ia em cima. Nunca ficava com medo e não foram poucos os que terminaram expulsos”, disse. Começou bema carreira de treinador no Vitória campeão baiano de 1989. Nesse mesmo ano, evitou o rebaixamento do Leão, campeão no Torneio da Morte, tendo o Bahia como vice. A figura do jogador heroico prevaleceu sobre o talentoso treinador sem nova oportunidade. O artilheiro de 1,73m e 72 quilos nem tinha esse físico todo pra encarar tanta barra pesada. Mas, que nada: os 82 gols com a camisa do Vitória justificaram a lição ensinada por seu Otaciano.

Matéria publicada na edição impressa do jornal Correio do dia 3 de fevereiro de 2011

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