A primeira briga envolvendo Romenil no Vitória foi no dia da estreia. Aconteceu no banco de reservas do estádio Mário Pessoa, em Ilhéus, diante de tribuna de honra e cabines de rádio. Era amistoso entre Vitória e Sport, anos 1960.
Romenil Arestides Gonçalves Filho, nascido dia 2/10/1943, no bairro do Rio Vermelho, é um mito rubro-negro. Zagueiro viril, forte, de combate. "Romenil esculachava os atacantes", recorda André Catimba, também ídolo do Vitória e fã do estilo demolidor.
A paixão pelo futebol nasceu das brincadeiras na Fonte do Boi, no Largo da Mariquita, do golzinho pelas ruas de paralelepípedo ou na areia. Estava na praia quando Lucinha Resende, da equipe do presidente Ney Ferreira, o levou pro Vitória. Tinha como credencial extra ser irmão de Carlinhos Gonçalves, do time profissional. "Entrei juvenil, depois fui pro aspirantes. Joguei um tempo também no Bossa Nova, que era o time reserva, quando o titular estava em viagem", lembra.
Estava sentado no banco de reservas no amistoso entre Vitória e Sport, em Ilhéus, quando Medrado levou a mão à coxa e pediu substituição. O técnico Ricardo Magalhães mandou Romenil aquecer. Àquela época, dirigente sentava no banco e o diretor Henriquinho Cardoso reclamou: "O jogo é muito duro. O menino é novo, nunca jogou. Bota Touro". O Sport tinha, por exemplo, o goleiro Manga. Mas o Vitória tinha Magalhães, campeão Carioca de 60 pelo América. Foi a estreia de Romenil, que seria titular até 70 e bicampeão baiano 1964/65.
Na volta a Salvador, o técnico entregou o cargo. Cardoso meteu-se onde não devia, mas não estava todo errado. "O amistoso terminou em pau. Briga da porra", sorri Romenil, que não tinha nem 20 anos. "Esta confusão não fui eu quem arrumou, mas entrei, né? Era meu time".
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Ambiente - Em dez anos, teve como principal concentração a Casa do Atleta, no Acupe de Brotas. Também ficou nos hotéis Calçada ou São Bento, no Retiro de São Francisco. Evita jogo de cartas, mas não resistia ao pingue-pongue. Vez ou outra, dominó.
O Vitória não tinha estrutura para treinos e circulava pelos campos de Itapuã, Periperi, Vale do Canela ou mesmo o Campo da Graça. Também usava muito a Vila Militar, nos Dendezeiros. "Se existia uma camisa bonita, Tinho deixava usar a camisa, o sapato, tudo. Era uma amizade grande", recorda do grande parceiro de clube e de vida. Juntos, muita farra e noite perdida na Orla até o casamento com Magali, em 76. Mas nada de boemia em véspera de jogo. Ali mentalizava lances.
Quanto mais ousado o atacante, maior a motivação. Pelo alto, subia sempre de olho na bola e no corpo. Por baixo, preferencialmente na bola, embora, às vezes, desse no tornozelo, canela... Também sabia tirar a força e desconcertar os rivais com jeito e malícia. "Atacante tem mania de vir encostando. Eu dizia: 'Vira esta bunda daqui que eu paro. Você parece que é viado'", conta, rindo alto.
Em janeiro de 1971, assinou por 1 ano com o Bahia. Ficou seis meses e foi emprestado ao Ypiranga. Passou ainda pelo Palestra local e parou no Galícia, treinado pelo irmão Carlinhos Gonçalves.
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