É clássico Ba-Vi, dia 13 de maio de 1973 e o Vitória completa 74 anos. O lateral Romero aguarda o arisco Osni. Ao invés de tentar o drible, o ponta dobra o joelho sobre a bola. Quem está na Fonte Nova vê o mundo parar por instantes. Jorge Romero Filho nasceu dia 21/12/1951, no Brás de Pina, bairro de classe média baixa, na zona norte do Rio de Janeiro. Cresceu naquele local que surgiu a partir da expansão da malha ferroviária. O pai trabalhava na empresa de trens Leopoldina; a mãe, Carmen, cuidava dos três filhos.
Nos campos de várzea do Brás de Pina, vez ou outra aparecia Telê Santana, então craque do Fluminense. Anos depois, também era fácil ver Carlos Alberto Torres, capitão do tri na Copa de 70. Romero era magro, mas tinha força física, fora excelente passe e habilidade. Sempre chegava duro. Era titular no time do colégio Guilherme Cruz quando foi levado ao Bonsucesso. Aos 16 anos, fã de Rivellino, Ademir da Guia e Almir Pernambuquinho, virava médio-volante.
Envergonhado, não gostava de ir aos treinos na companhia de familiares. Virava-se como fosse para chegar só no estádio Teixeira de Castro. Ainda amador, virou lateral. “Doutor Murilo me pediu pra quebrar um galho: 15 anos na lateral”, recorda Romero, aos risos. Encontrou a felicidade na estreia no Maracanã, apesar de tomar 5x1 do Fluminense de “Felix, Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio; Denilson e Didi; Cafuringa, Flávio, Samarone e Lula”. Jogou como deu porque “não dormi na véspera. Dá dor na barriga direto, a noite toda”. Era ainda um adolescente.
Foi emprestado ao Náutico em 72 e chegou ao Bahia no ano seguinte. Era o 4º Ba-Vi de 73 quando Osni dobrou o joelho sobre a bola. Osni, adversário no Olaria, no Rio. “Não pensei. Vi ele se abaixar e o pau comeu bonito. Porra. Aí fiquei marcado. O Bahia não me vendia por nada, não tinha jeito de me liberar para clube algum”, conta. “Sei que, depois dali, ganhamos sete títulos seguidos. Se não tivesse feito, de repente...”, deixa a dúvida no ar.
Foi pro Palmeiras em 77 sem ganhar os 15% da venda que, na época, a lei garantia. Meses depois, jogou por Atlético Mineiro e Botafogo. Voltou ao Bahia quando tinha 28 anos. Aí teve diagnosticada diabetes. Tomava insulina três vezes ao dia, sentia a musculatura enfraquecida e saía moído dos treinos.
Já não era o mesmo da época que dividia apartamento com Picolé e Altivo, na Pituba, para alegria de quem chegava novato ao elenco. Deixou a Fazendinha e parou no Sport. Casou três vezes. Filhos, só com Fátima: Patrícia, Carioca e Priscila. Tem dois netos. Mora em Salvador. Trabalha na Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, no CAB.
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