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Elenco do Bahia estava em Brasília, mas agora se prepara para decisão já em Goiânia |
Titi, aos 24 anos, é o capitão do Bahia e da família Chagas Tarouco. A responsabilidade orgulha o gaúcho de Pelotas: "Isso me dá força de querer vencer e melhorar". No futuro, o zagueiro Titi não vê o rebaixamento; imagina-se sim levantando troféu na Fonte Nova. Em Goiânia, no saguão do Castro’s Park Hotel, já decorado de Natal, o filho do metalúrgico José e da secretária Vera, pai de Lorenzo e Antonella, falou ao Correio*.
O Bahia foi bom menino este ano? O Bahia é e foi bom menino. Fez tudo direitinho como Papai Noel pede. Esperamos que o presente nosso e dos tricolores, porque existe uma aflição só, seja os três pontos para ter um Natal tranquilo.
O título do Baiano fez o grupo relaxar ou foi coincidência? Coincidência. A sequência de jogos foi desgastante. O Baiano tinha jogos um atrás do outro. A gente sabia que seria assim, conseguimos o título, que fazia tempo o Bahia não tinha, mas não mantivemos no início do Brasileiro e agora custa caro.
Você hoje tem papel chave. Mudou após ter virado capitão? Mudei, cara. Foi um amadurecimento em todos os sentidos, como atleta, profissional, homem, pai e filho. Aprendi muito. As pessoas passaram a me respeitar mais e ajudou bastante.
Sempre se imaginou jogador? Desde moleque. Acompanhava meu pai nas peladas. Em país desigual como o Brasil, o futebol é o caminho para você ajudar seus familiares. Você dá um futuro a seu filho que você não teve. Graças a Deus, nunca faltou arroz e feijão em casa. Mas... Tive infância, fui criança, brinquei e me diverti porque meu pai dava um jeitinho e pedia ajuda e não deixou falar nada pra mim e meus irmãos.
Hoje você vê seu filho e... Pô, cara... Me emociono até de falar porque vejo a alegria e o sorriso no rosto dele e vejo meus pais em situação muito boa, comparada a quatro, cinco anos atrás. Isso me dá força de querer vencer.
Como você virou capitão? Era prelação de um Ba-Vi. O capitão era Nen, que estava contundido. Estávamos todos reunidos no hotel, aí Benazzi apontou para mim e disse: "Você vai ser meu capitão". Eu, de imediato, tomei um susto, porque é uma responsabilidade gigantesca e eu era muito jovem em um grupo experiente. Foi um trampolim na minha carreira. Ganhamos o Ba-Vi com gols de Marcone e Ávine (2x0). Ali marcou minha história.
Tem trairagem no futebol? Você ouve histórias aí, mas eu ainda não passei por isso. Em dois anos de Bahia, nada. No Vasco, o grupo era excelente de trabalhar e o capitão era Carlos Alberto. No Inter, o grupo foi campeão mundial e eu estava subindo. No Náutico, era grupo de homens.
E como é este grupo atual do Bahia? É de alto astral. É sempre um tentando levantar o outro, querendo ajudar. Há cobranças como em qualquer segmento da vida, mas são dois anos com grupos que me fazem acreditar que o futebol ainda tem alegria e prazer de vestir a camisa. Mas este ano o rendimento é pior. O deste ano tem mais qualidade que o do ano passado, mas futebol você tem que provar todo momento. O 1º turno foi bem abaixo do esperado. No 2º turno, temos a 5ª melhor campanha.
Já que não imagina a queda, imagina levantando troféu na Fonte Nova? Imagino, cara, imagino... Porque eu vejo os vídeos do passado vitorioso do Bahia e me vejo vestindo essa camisa. Hoje, eu ainda não joguei na Fonte Nova. Imagino botar o pé no gramado, fazer a estreia... Eu, às vezes, passo e paro o carro pra imaginar como era antes. Eu quero ver como no vídeo: lotada, faltando ingresso.
Então o mais legal do Bahia é a torcida. E será por ela domingo. Aqui você pode dizer que a torcida move o Bahia. Aqui a paixão ultrapassa qualquer sentimento. No filme (Bahêa, Minha Vida), eu vi uma emoção muito grande nos torcedores e ali eu quis fazer ainda mais parte dessa história. Eu quero fazer jogos como os que passaram na tela do cinema e, um dia, me ver do outro lado. É por isso que estou aqui.
Pela nação