Futebol e homossexualidade são dois assuntos que ainda são difíceis de ver caminhando juntos por aí. São vários os casos de jogadores homoafetivos, mas que se recusam a assumir suas orientações sexuais por medo de represálias por parte da torcida, da diretoria e até dos companheiros de equipe em um ambiente culturalmente machista.
No entanto, uma torcida do Atlético-MG resolveu mostrar que o estádio também deve ser um lugar de diversidade e respeito, onde não cabe o preconceito. Trata-se da Galo Queer, a torcida que luta defende a causa gay e o respeito à comunidade LGBT dentro do futebol. No entanto, ela ainda é vítima das consequências de toda quebra de paradigmas. Com pouco mais de oito mil fãs em sua página no Facebook, a torcida organizada possui receio de aparecer nos jogos, pois costumam receber uma infinidade de ameaças anônimas ou até de integrantes da principal torcida organizada do Galo, a Galoucura. "Eles falavam. 'Se vocês aparecerem no campo, vocês vão morrer. Se forem ao estádio, serão espancados'. Muitos eram torcedores comuns, mas muitos eram membros da organizada. É uma situação muito complicada, todo mundo sente muito medo mesmo", contou um dos integrantes em entrevista ao UOL. Alguns já registraram boletins de ocorrências e encaminharam as ameaças à polícia, mas nada chegou a ser feito. E se não bastavam alguns torcedores do próprio Atlético-MG hostilizarem, integrantes da torcida do Cruzeiro criaram uma página na internet satirizando a Galo Queer para ofender os atleticanos. A represália é tanta que, para ver o time em campo, alguns integrantes vão aos jogos 'camuflados', já que são impossibilitados de levantar a bandeira gay. Para alguns, isso só seria viável com apoio da diretoria do clube e da Polícia Militar. Em 2003, Nathalia Duarte teve a ideia de fundar, junto a outras pessoas, a Galo Queer, que hoje conta com a participação de 13 integrantes ativamente, embora nem todos sejam de fato homossexuais. Ela almeja que a semente plantada pela torcida cresça e no futuro as pessoas possam exercer livremente a sua opção sexual. "Fazemos uma grande movimentação virtual justamente por não poder ir ao estádio. Queremos um dia ir para o estádio. Estamos preparando o terreno para que um dia isso seja possível. Não vai ser tão em breve, mas buscamos um horizonte. Queremos mostrar para as pessoas o quanto é absurdo uma pessoa não poder exercer livremente a sua sexualidade. Quem sabe um dia", finalizou. Nesta quarta-feira (26), Cruzeiro e Atlético-MG decidem a Copa do Brasil no Mineirão. No primeiro jogo, o Galo levou a melhor, vencendo por 2 a 0. Para levar a partida aos pênaltis, o time do técnico Marcelo Oliveira precisa vencer pelo mesmo placar, mas se quiser levantar o caneco sem isso, terá que bater o rival por três gols de diferença.
Página da Galo Queer no Facebook |
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