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Pedro Vieira é engenheiro e vai sair mais cedo da obra |
O engenheiro civil Pedro Vieira não conseguiu tirar os olhos do relógio nos últimos dias. "Estou ansioso pra caramba e quero que chegue logo". Ele é o responsável por uma obra na Barra e vai deixar o expediente duas horas mais cedo pra conseguir atravessar a cidade e percorrer cerca de 25km antes do apito inicial. Afinal, hoje é dia de decisão. "Eu saio do trabalho 18h, mas nessa sexta já conversei com o escritório, vou deixar sob responsabilidade do mestre de obras e vou sair 16h pra conseguir chegar tranquilo no estádio. Já estou com camisa, bandeira, tudo no carro", conta a estratégia. Precaução de quem está acostumado com o trânsito de Salvador. É Vitória x São Caetano e a bola vai começar a rolar em pleno horário de pico. O jogo, programado para as 19h30 de Brasília, terá início às 18h30 porque a Bahia não aderiu ao horário de Verão. Apesar do transtorno, Pedro garante que vale a pena. "Não perco nenhum jogo do Vitória. O último que eu perdi foi o do São Caetano na Série B do ano passado e olha no que deu: meu time tomou ferro". Naquele 19 de novembro de 2011, Pedro trocou o Barradão pelo Odonto Fantasy de Aracaju. Pegou 356 quilômetros de estrada, mas acabou não curtindo a festa. "Assisti ao jogo em uma barraca de praia lá em Aracaju. Quando o São Caetano virou, faltou chão. Até fui pra festa, mas não teve graça nenhuma", recorda. O Vitória vencia por 1x0, resultado que colocava o time no G-4 na penúltima rodada da Série B. A torcida recebeu o baque aos 43 e aos 48 minutos do 2º tempo. Empate e virada. A derrota sacramentou a permanência do Leão na divisão de acesso. Dessa vez, Pedro vai estar na arquibancada. "É sabor de vingança contra eles. É pra ganhar de qualquer jeito, o que tiver que fazer dentro de campo, tem que fazer", diz.
Revanche - O eletrotécnico Alisson Silveira tem o mesmo sentimento. "Essa partida significa uma vingança pra mim. Eles nos tiraram do G-4 no ano passado e este ano a gente tem a oportunidade de conquistar o acesso em cima deles. Vamos pagar da mesma moeda", diz, confiante. Se vencer, o Vitória abre 11 pontos do São Caetano, 5º colocado. "Acho que vai ser um jogo difícil, mas estou super confiante. Nossa briga é pelo título", diz Alisson.
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Erasmo Júnior e os irmãos Alan e Alisson Silveira |
Pra fazer parte dessa festa, Alisson pediu autorização ao chefe para sair mais cedo do trabalho. "Ele também é Vitória, então é compreensível". Ele, o irmão Alan e o amigo Erasmo trabalham em uma empresa na Paralela e já combinaram de ir ao Barradão. Apesar da proximidade, a escolha errada pode fazer eles não chegarem a tempo. "Se for pela Paralela, vou levar 1h30 pra chegar. Vou pelo Cabula, pego a estrada das Barreiras, a Gal Costa, Vale dos Lagos e já saio atrás do Barradão". Alisson estava no Barradão quando o Vitória perdeu do São Caetano em 2011 e perdeu a chance de voltar à elite. "Zé Luís entrou no lugar de Neto Coruja e fez uma falta, que resultou no gol do São Caetano. Ele ainda perdeu uma bola e o Vitória tomou o segundo. Para aquela cena sair da cabeça juro que demorou". Hoje é dia de abastecer a memória de boas recordações.
Todos os caminhos levam ao engarrafamento Nem todos os caminhos levam ao Barradão. E os que levam, muitas vezes são tortuosos. O administrador Daniel Caribé, 30 anos, bem sabe disso. Ele não costuma faltar aos jogos do Vitória, mas já passou um perrengue para chegar ao estádio por causa do trânsito de Salvador. Este ano, Daniel se aborreceu antes de ver o Vitória vencer o Joinville por 2x1. A partida aconteceu às 19h30 do dia 17 de agosto. Ele saiu às 17h do Canela, onde trabalha, e só chegou ao Barradão no 2º tempo do jogo. "Peguei três horas de engarrafamento. Desci o Bonocô, peguei a Luís Eduardo Magalhães e depois a Paralela. Fiquei parado em todos os lugares. Os gols foram todos no 1º tempo e no 2º não teve nada. Fiquei p... da vida", conta Daniel. Nesta sexta, por causa da ausência da Bahia no horário de Verão, o jogo contra o São Caetano começa às 18h30. "Esse horário é pior ainda, não sei se consigo chegar a tempo". Repercutiu na bilheteria: até quinta, só 1.650 ingressos vendidos. A Transalvador não fará operação especial. Mas, apesar da greve, o órgão informa que a Operação Barradão, que deixa a Rua Artêmio Valente em mão única uma hora antes depois do jogo, acontecerá. Se ganhar, o Vitória abre 11 pontos de distância para o São Caetano, 5º lugar, e o presidente Alexi Portela Júnior convoca o torcedor. "Esse horário atrapalha por causa do trabalho das pessoas e da dificuldade de acesso, mas a essa altura a gente tem que ultrapassar todos osobstáculos. A presença do torcedor é importantíssima". Segundo o dirigente, o clube não teve tempo de solicitar à CBF a mudança do horário. "São dois horários, 19h30 ou 21h50. Foi uma definição do clube que os jogos fossem 19h30 porque a gente preferia 19h30 a quase 22h. Como o governo demorou pra definir que não haveria horário de Verão, não pedi pra modificar para 21h50, que seria 20h50, um horário bom. Quando o governo decidiu, a gente já não tinha o prazo de 10 dias que precisa para mudar a tabela", justifica. No entanto, o horário de Verão começou dia 21, e o anúncio de que a Bahia não ia aderir foi feito dia 11 – 15 dias antes do jogo desta sexta. O Estatuto do Torcedor exige 10 dias de antecedência para mudar horários de jogos.
Partida às 18h30, Paralela lotada... eles não querem saber: é decisão!