Viáfara não se segura e cutuca o Bahia: "não vejo quem respeite a camisa deles"

O Ba-Vi de domingo estava morno e agora está quente, como o povo gosta. Quem acendeu a chama da provocação foi Viáfara. Ao fim do treino de ontem, El Paredón parou na porta do vestiário, atendeu o jornal Correio* e quando foi perguntado sobre o que sabia da história rubro-negra, pegou ar. Disse que apesar do Leão ter mais de 100 anos, é um clube focado no futuro, com estrutura e respeito ao profissional. Segundo ele, diferente do Bahia.

Se o Vitória não levar gols, está na final. Se levar apenas um, também tá na decisão. Essa é a hora de Viáfara justificar o apelido de El Paredón? Eu não preciso demonstrar, justificar.... As pessoas, a imprensa, todos já me conhecem. Tomando gol domingo, a gente tem que fazer gol. Você já jogou vários clássicos aqui. Ganhou, perdeu, provocou, foi provocado. Agora, no entanto, preferiu segurar a língua e a mão no twitter. Qual foi? Por que é.... Tem pessoas do outro lado, tanto torcedor como jogador, que não sabe levar na brincadeira, na levada positiva. Já aconteceu muita coisa com minha família, de escutar xingamentos, coisas feias.... Evito isso mais pra proteger minha família. Não quero que ela passe vexame. Por isso, evito. Então acabou aquele Viáfara irreverente, brincalhão? Não, vai ter o momento de continuar com minha característica. Mas tudo tem seu tempo e a hora certa. No primeiro clássico, o Vitória venceu, mas tinha o segundo jogo. Agora, se passar, não tem mais Ba-Vi esse ano. Aí, daria pra cutucar o rival? Não... Eu tô mais focado no pentacampeonato. O Vitória pensa em coisas grandes, não em coisas pequenas... numa semifinal com o Bahia. Coisa grande é o penta. E o que Viáfara sabe sobre a história do Vitória? Sei que tem mais de 100 anos de história. Por mais que não tenha títulos nacionais, hoje em dia tem estrutura, tem estádio, tem respeito em nível nacional. Tem treinadores que querem entrar no Vitória, pelo respeito ao ser humano, pelo profissional. E se você olhar pro futuro, o Vitória tem futuro. Todo dia quer crescer mais e luta pra conseguir aquela estrela. Que nem sempre.... Tem muitos exemplos aí que estrela não é grandeza. Exemplo perto daqui é o Bahia. Tem duas estrelas e carece de estrutura, de respeito ao profissional. Três pênaltis perdidos só esse ano. Se pintar um no Ba-Vi de domingo, você tem coragem de pedir pra bater? As pessoas me conhecem aqui. Todos sabem que eu sou um atleta de personalidade. Posso ter errado três, quatro, dez vezes... Posso ter errado dentro do gol, mas não vou pedir pra um treinador me tirar por um frango que tomei. São muitos anos já no futebol e o erro não vai me tirar de uma participação. Dá pra dizer um jogador de cada clube que tenha a cara do clássico Ba-Vi? Do Vitória, acho que, quando estava aqui, era Vanderson. Agora é Uelliton. Do outro la-do, o único cara que eu vi e sempre respeitei era Alison. Mas agora ele está desse lado. Hoje em dia, não vejo quem torça, sue ou respeite a camisa deles. Você costuma fazer algo de diferente nos dias, horas, minutos que antecedem o Ba-Vi? Só evito sair na rua. Tanto torcedor do Vitória, quanto do Bahia fica me enchendo a cabeça. Um diz: segura minha p... O outro, fecha o gol... O outro, vai tomar frango e não sei o que mais... Prefiro ficar em casa. E em casa, faz o quê? Assisto uma novela. Insensato Coração mesmo. Fico assistindo o Cortês (Herson Capri) fazendo uma esteira. O André (Lázaro Ramos) furando todo mundo. O coitadinho do Pedro (Eriberto Leão). Aquela miséria do Léo (Gabriel Braga Nunes) ... Às vezes fico assistindo uma série americana. E vou dormir né? Fico um pouco na internet,fico de off no twitter, no Facebook. Só isso! É relaxar pra pensar só no penta... Entre outras coisas. Dia 5 de maio faço três anos de clube. Três anos atrás, cheguei pelas portas do fundo. Esse é meu último ano e não quero sair pela porta que entrei. Quero sair pelo portão 16, que é a entrada principal do clube. Pra mim, o Campeonato Brasileiro e o Baiano são muito importantes. Entrevista publicada na edição impressa do jornal Correio* do dia 28 de abril de 2011