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Joel Santana é um daqueles técnicos que, antes de morrer ou se aposentar, já entraram no folclore do futebol brasileiro. Sem discurso rebuscado nem paletó e gravata, muito menos frases moldadas por assessores e empresários, Joel alia resultado em campo com piada fora dele. São oito estaduais distribuídos entre os quatro grandes do Rio, quatro divididos igualmente pela dupla Ba-Vi e o Brasileiro de 2000 pelo Vasco em 30 anos de carreira. No geral, faz trabalhos de curto prazo, pois tem o perfil de quem resolve, não de quem planeja. Foi assim em 94, naquele título baiano do gol de Raudinei. Isso pra quem analisa o treinador pelo currículo. Mas Joel e suas frases vão além. “Control the match by equipe praying the left, the right, in the mídiu”, disse com seu ‘ingrês’ de boteco aos jogadores da África do Sul, quando treinava a seleção, em 2009. Ele tentava orientar os atletas a controlar a partida, jogando pela esquerda, direita e pelo meio. Acabou embolando português com inglês e, detalhe, mandou o time rezar (pray) em vez de jogar (play). Nem o baixinho escapou do jeito fanfarrão de Joel. "Eu sou o rei do Rio. Romário é o príncipe", disse, enquanto comemorava o oitavo título carioca, em 2010, com o Botafogo. Vitorioso, folclórico e, pra completar a trinca, paizão. No Flamengo de 2008, ele virou 'Papai Joel', homenagem dos jogadores à capacidade que o técnico de 62 anos tem de conseguir dar carinho e cobrar resultado ao mesmo tempo. "Ele é um paizão, tem carisma, mas sabe dar esporro também. Não se engane, não. O bom é que ele conhece Souza, Carlos Alberto. Nessa hora é preciso um cara assim", conta o amigo Ricardo Silva, auxiliar do Vitória, que começou a carreira ao lado de Joel em 94 e já foi consultado até para assuntos extra-campo. "Ele me ligou, perguntou onde eu estava morando. Também perguntou se dava pra morar em Ondina. Ele gosta de lá, mas eu disse que o trânsito estava impraticável. Não iria chegar no Fazendão nunca", completa Ricardo.