Zico defende Copa na Rússia, critica Fifa e aceita apoio da CBf

Em entrevista exclusiva à Goal, Zico admitiu os erros da entidade máxima do futebol brasileiro e criticou Blatter e a Fifa, principalmente os escândalos de corrupção e a escolha do Catar como sede da Copa de 2022, mas defendeu a Rússia em 2018. No entanto, o eterno craque também afirmou que precisou aceitar o apoio da CBF. Será que isso não pode ser prejudicial caso ele assuma o comando da Fifa?

Confira a entrevista exclusiva com Zico:

"É meu dever ir falar com as pessoas que cuidam do futebol no Brasil", disse sobre apoio da CBF. Foto: reprodução / Goal

O que você pensa sobre as suspensões de Blatter e Platini?

Eu fico triste pelo fato de que dois homens, duas grandes figuras como eles, estão envolvidos em situações como essa. Se isso for confirmado, será ruim para a imagem da associação. Platini é meu amigo pessoal e eu ficarei muito triste se ele estiver envolvido nessas coisas.

Muitas pessoas querem que Blatter se demita. Você também?

Sim. Ele deveria ter feito isso há muito tempo. Eu penso que ele deveria ter evitado todas as situações porque quando ele foi eleito, pouco tempo depois ele precisou anunciar que vai deixar o cargo. Ele deve saber tudo o que aconteceu e está em uma situação que ele poderia ter evitado se tivesse se demitido antes.

Um ano atrás, a situação de Blatter era confortável. O que deu errado para ele nos últimos meses?

Quando nós temos eleições, coisas como essas sempre surgem. Mas aqueles que estão envolvidos no futebol já tem ideia das coisas que podem surgir. Muitos repórteres escreveram sobre livros e reportagens a respeito dos problemas na Fifa, na Copa do Mundo no Brasil, sobre os escândalos com ingressos e todo mundo sabia disso antes e sabia que iria acontecer. E além disso, eles (a Fifa) escolheram dois países para sediar a Copa do Mundo (Rússia e Catar) e os Estados Unidos ficaram de fora disso, então, eles vieram para cima.

Eu não tenho nada contra a Rússia. Eles têm uma história no futebol e sempre participam da Copa do Mundo e possuem bons resultados na Europa, mas o Catar? O que o Catar fez no futebol? Nada! E agora, pela primeira vez na história, vão fazer mudanças no calendário da Copa do Mundo e no mundo do futebol por causa do Catar?! É uma vergonha para o mundo do futebol.

"Por que não usar minha história no futebol? Por que não colocar meu nome?", disse Zico ao pensar candidatura. Foto: reprodução / Goal

O que você diz sobre seu desejo de ser o próximo presidente da Fifa?

Eu nunca tive esse desejo (de ser presidente da Fifa). Isso nunca veio a minha cabeça. Mas quando eu estava na Alemanha para a final da Champions League, o narrador da emissora em que estava trabalhando me perguntou se eu apoiaria Luis Figo - que iria disputar a presidência da Fifa - e eu disse que com certeza. Então, eu fui jantar com a minha mulher e pensei que se eu poderia apoiar Figo, por que não usar minha história no futebol? Por que não colocar meu nome? Então vieram todos os escândalos e pensei que o futebol precisava de uma reformulação. Nós precisamos de uma mudança. Eu estou fora de todas essas vergonhas e escândalos. Não faço parte de comitês. Sou um trabalhador do futebol e por isso estou aqui.

Qual o próximo passo que a Fifa deve tomar?

Democracia. A Fifa é como uma caixa preta e isso não está certo. Todos no mundo do futebol devem estar envolvidos quando uma decisão é tomada, e quando eu digo mundo do futebol, não me refiro apenas aos jogadores, mas aos treinadores, jornalistas, técnicos, torcedores e todas as pessoas envolvidas com o futebol. Todos devem estar envolvidos para uma decisão ser tomada. As coisas que suportam ou financiam como os sócios-torcedores ou quem paga por ingressos na América do Sul e todas as partes do mundo são as pessoas que dão credibilidade ao futebol, e não podemos decepcioná-los.

Como você vê esse conflito? A CBF te dá apoio, mas é acusada de corrupção...

Sim, mas pelo menos eles me deram a quinta carta, e eu preciso de cinco. Mas eu me vejo como um brasileiro e quando olho para o meu País, independentemente dos nomes do presidente e do vice-presidente, eu continuo sendo brasileiro. Eu joguei pela Seleção Brasileira por dez anos e é meu dever ir falar com as pessoas que cuidam do futebol no Brasil.

Como você vê a Fifa perdendo patrocinadores?

Os patrocinadores não estão saindo, eles estão cobrando mais. Os patrocinadores não querem ter conexão alguma com a corrupção e têm toda a razão. Mas eu acho que com uma nova administração, eles vão voltar e nos ajudar no futuro como sempre fizeram.