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'A Polícia precisa ser diversa', diz Kim Villanelle, primeira mulher trans da Polícia Militar da Bahia 

Atuando há nove anos na instituição, Villanelle fez concurso para atuar no órgão em 2012 e foi nomeada em 2014.

Elson Barbosa • 06/11/2022 às 9:00 • Atualizada em 06/11/2022 às 11:15 - há XX semanas

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					'A Polícia precisa ser diversa', diz Kim Villanelle, primeira mulher trans da Polícia Militar da Bahia 
Foto: Acervo Pessoal

Ela é de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, tem 39 anos, casada, graduanda em Direito e policial militar. Kim Villanelle é a primeira mulher trans da Polícia Militar do estado e, além de fazer história na segurança pública, é motivo de inspiração para a comunidade LGBTQIAPN+. Em entrevista ao Fervo das Cores, do portal iBahia, a agente destacou detalhes sobre a aceitação da corporação envolvendo sua identidade de gênero e como foi o processo de transição, que aconteceu enquanto já atuava como PM.

“Eu me vejo como mulher desde que eu nasci. Inclusive, achava natural, mas quando fui crescendo percebi que as pessoas não naturalizavam isso. Então, para mim, não foi um processo de aceitação, pois eu tenho o mesmo espírito que tinha na infância. A diferença é que agora eu pude libertar o meu corpo físico”, afirmou a soldada, que é lotada na 64ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).

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Atuando há nove anos na instituição, Villanelle fez concurso para atuar no órgão em 2012 e foi nomeada em 2014. Vale destacar que, na época, ela fez a inscrição e passou no certame no padrão masculino. No entanto, há poucos meses, decidiu assumir a sua verdadeira identidade.

“Fiz o Teste de Aptidão Física (TAF) no padrão masculino e passei na sexta colocação no concurso [...] Há poucos meses, em maio deste ano, mais ou menos, eu comecei a postar no meu perfil do Instagram usando perucas, maquiagem. Foi então que meus colegas da corporação começaram a questionar se eu tinha algum nome social, afinal eles já sabiam como realmente me sentia”, destacou.

Com apoio dos colegas, Kim decidiu mudar completamente: “De repente eu falei que não queria mais cortar o cabelo, que eu estava me fingindo de homem e, então, deixei de viver uma dupla identidade”.

Apoio da corporação

Diferentemente do que acontece no dia a dia, a policial militar afirmou que no trabalho ela sempre foi bem aceita. Durante o bate-papo com o Fervo da Cores, ela enfatizou que, apesar do estigma que envolve os agentes, “foram eles que contribuíram para que a Kim de hoje estivesse tão viva”.

“A Polícia Militar tem um estigma de que ser machista, homofóbica, mas, não sei se por sorte, isso não aconteceu comigo. Então, eu vejo que dentro da instituição tem espaço para todos e todas. Desde o primeiro momento, quando nós, que passamos no concurso, chegamos para fazer o curso preparatório, fomos bem recebidos e o comandante do local onde fui fazê-lo prontamente foi falando que se houvesse homossexuais – que era onde eu basicamente me enquadrava na época – no grupo era bem-vindo”, relembrou.

Essa abertura encontrada no ambiente de trabalho fez com que Kim fosse se sentindo mais à vontade. “Na corporação eu fiz grandes amizades, inclusive considero muitos como sendo da minha família”, enfatizou.


				
					'A Polícia precisa ser diversa', diz Kim Villanelle, primeira mulher trans da Polícia Militar da Bahia 
Foto: Paula Fróes / Correio

Representatividade

Aos poucos, a agente vem percebendo a importância de estar nesses espaços. Com a visibilidade adquirida nos últimos meses, outras pessoas começaram a ver em Kim uma referência, tanto de força como de exemplo a ser seguido.

“Essa publicidade é nova para mim, então eu não tinha a percepção de algumas coisas. Porém, agora já vejo a diferença que a representatividade faz na vida das pessoas. Hoje, tem pessoas que chegam até a mim, deixando mensagem de carinho, falando que também querem entrar na polícia... Isso é muito importante!”

Ao ser questionada sobre a diversidade nos órgãos de segurança pública, Villanelle enfatizou: “A polícia precisa ser diversa, sim, principalmente porque nós trabalhos com muitos públicos. Não atuamos apenas com esse enquadramento de homem cis, mulher cis. A gente faz tudo e para todos”.

Durante o bate-papo, ela ainda fez um alerta para as lideranças e agentes dessas instituições, sinalizando que dar abertura para que todos sejam quem realmente são pode melhorar tanto a relação dos órgãos com a sociedade quanto no desempenho dos profissionais na sua atuação.

“Muitas vezes, as pessoas que são LGBTQIAPN+ que estão na Polícia podem não estar desempenhando o melhor de si por problemas internos ou externos, que são encontrados dentro da corporação. Acredito que usando essas pessoas no seu melhor potencial traria muitos benefícios, tanto para a sociedade quanto para a instituição”, finalizou.  

Confira a entrevista completa:

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