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Fervo das Cores

Babalorixá Danvulayó fala sobre experiências como membro LGBTQIAPN+

Babalorixá Danvulayó, em live para o Fervo das Cores, também falou sobre o período em que deu vida a uma das principais drags da cena de Salvador

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Helena Pamponet Vilaboim

05/04/2024 às 15:27 - há XX semanas
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Na quinta-feira (4), o Babalorixá Danvulayó foi convidado pelo iBahia, em live para o Fervo das Cores, para bater um papo sobre diversidade LGBTQIAPN+ no mundo religioso e suas vivências.


				
					Babalorixá Danvulayó fala sobre experiências como membro LGBTQIAPN+
Babalorixá Danvulayó fala sobre suas experiências como membro LGBTQUIA. ​Foto: Reprodução/Redes sociais

Quem é Babalorixá Danvulayó?

Baiano, homem gay, morador de São Paulo, Babalorixá, ex-artista Drag Queen, e bastante presente nas redes sociais, Danvulayó recebeu este nome, que significa "aquele que traz a alegria da chuva", constituindo-se com um dos ícones da representatividade LGBTQIAPN+ em Salvador.

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Perguntado sobre as primeiras experiências, o representante conta que começou a frequentar o terreiro de candomblé muito jovem. Ele descreveu o período como "interessante e desafiadora", explicando que isso permitiu a descoberta da orientação sexual dentro dos ambientes religiosos.

Babalorixá Danvulayó também explicou que "existia um grande estigma nos anos 90 para pessoas LGBTQIAPN+ no candomblé". Ele avalia que ainda é um desafio para membros da comunidade serem aceitos na religião, mesmo que o candomblé seja "mais acessível".

Deixando claro que só poderia falar sobre a própria experiência, Babalorixá Danvulayó destacou que dentro da comunidade quem mais sofre com as portas fechadas são as pessoas transgênero. Segundo ele, até quando são aceitas na religião, são dados limites de vestimenta e comportamento dentro dos terreiros.

Traçando um paralelo entre a religião de matriz africana praticada no Brasil Colonial e a praticada originalmente em países africanos, Baba conta que é possível que a resistência na aceitação de corpos queer que o Candomblé apresenta hoje em dia pode ter vindo a partir da integração da religião com o catolicismo tão prevalente na época.

"Na África não existe 'certo e errado', essa noção de pecado é uma visão católica, é uma visão eurocêntrica, em que a culpa é o combustível para alavancar as religiões", ele fala, lembrando que no Candomblé, o que define o certo e errado é o caráter da pessoa, e que apesar de ver valor nas roupas tradicionais da religião, não vê problema em permitir que praticantes de candomblé possam usar maquiagem e brilho.

Ocupando uma das posições de mais prestígio na religião de matriz africana, Babalorixá Danvulayó comenta que ela não o protege do preconceito diário: "As pessoas enxergam essa posição como a posição da divindade, e elas têm direito de se expressar". Ele conta que fora da comunidade de candomblé, ele sofre menos.

A diversidade sexual e de gênero na visão dos Orixás

A partir dos itans- narrativas dos Orixás-, o religioso conta que os ancestrais exerciam a liberdade sexual, e há contos em que entidades masculinas se relacionavam uns com os outros, assim como as femininas, além de contar também sobre as existências andrógenas.

Ele conta que o "puritanismo", que as vezes está presente em alguns membros da comunidade praticante da religião de matriz africana é também influência das religiões brancas, e relembra uma instância em que uma usuária das redes sociais foi rechaçada por membros de alto calão do Candomblé por apontar o link entre o Orixá Oxumaré, que tem como símbolo o arco-íris, e a comunidade gay.

Baba e Mitta Lux

Já em 2010, um novo capítulo nasceu na vida de Baba, que deu vida à performance Drag Queen Mitta Lux, personagem que fez muito sucesso. Ele deixou de interpretar em 2021, por causa do preconceito dentro de um terreiro em Salvador.

Baba conta que a decisão de deixar Mitta Lux foi uma tomada de decisão difícil, e que sente luto, porque vê a importância daquele momento em sua vida e lembra que o personagem lhe trouxe uma sensação de pertencimento quando subia ao palco. Baba também lembra com muita saudade como Mitta era recebida pelo público, e o carinho gratuito e espontâneo que recebia de seus fãs.

Mas dentro do terreiro que frequentava, Baba conta que a história era outra. Em um momento de sua vida, foi dado o ultimato de escolher entre Mitta e as obrigações religiosas, e como na época vivia do trabalho como Drag Queen, decidiu pela primeira vez deixar o terreiro.

No futuro, quando a escolha teve que ser feita novamente, Baba seguiu por outro caminho.

"Chegou uma hora em que eu não estava conseguindo me dedicar à personagem como eu me dedicava antes, e eu soube que chegou a hora de fazer essa escolha", conta o religioso, que comentou que sua missão de vida é "levar o axé às pessoas", além de consciência social e espiritual.

"Eu sinto muito que eu não vou ver essa comunidade [de candomblé] curada, mas eu quero ser parte dessa cura", comenta Babalorixá, sobre a influência negativa que a reo orgulho que sente a partir do trabalho de representatividade que faz no Terreiro Ilê Asé Omin Oró.

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Helena Pamponet Vilaboim

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