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FERVO DAS CORES

‘Estarmos na política significa transformação’, ressalta Erika Hilton, 1ª deputada trans do Congresso Nacional

Nas eleições de 2022, parlamentar conseguiu se eleger com cerca de 256 mil votos

Elson Barbosa • 05/03/2023 às 9:00 • Atualizada em 05/03/2023 às 13:06 - há XX semanas

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Erika Hilton, deputada federal pelo estado de São Paulo, vem fazendo história na política brasileira. Ela é a primeira mulher transexual a conquistar uma cadeira no Congresso Nacional e foi a primeira vereadora trans eleita na capital paulista. Nas eleições de 2022, a parlamentar conseguiu se eleger com cerca de 256 mil votos.

Com mais de 530 mil seguidores nas redes sociais, Erika Hilton (PSOL-SP) busca defender pautas para além das questões que envolvam a comunidade LGBTQIAPN+. Em entrevista ao Fervo das Cores, do portal iBahia, a deputada destacou que o preconceito, a discriminação e o ódio, muitas das vezes enquadram a comunidade em um lugar unilateral.

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Parece que nós não chegamos aqui por mérito das nossas lutas e capacidade política de elaboração. Parece que alcançamos esse lugar por uma agenda única e que é só sobre isso que sabemos falar, e só sobre esse espaço que nós teremos o direito de ocupar. Isso é cruel, não tem a ver com a nossa capacidade e isso nos limita a um lugar que é típico do preconceito”, enfatizou a deputada, que durante o mandato já propôs ações para combate a fome, melhora na saúde pública, economia e de contenção das mudanças climáticas.


				
					‘Estarmos na política significa transformação’, ressalta Erika Hilton, 1ª deputada trans do Congresso Nacional
Deputada federal Erika Hilton (Imagem: Reprodução / Instagram)

Durante o bate-papo, a representante política ainda pontuou a importância de a sociedade compreender que a comunidade LGBTQIAP+ é capaz de elaborar projetos políticos fortes e consolidados para todo o país.

“Precisamos tirar o olhar segmentário de cima dos corpos das comunidades negras, LGBTQIAP+, e mostrarmos por “A + B” que nós temos capacidade de discutir os mais diversos temas”, disse.

A atuação política de Erika Hilton vem desde jovem. Na verdade, a força política dela já era evidente desde a adolescência. Com 14 anos de idade, ela foi expulsa de casa após assumir a transexualidade e, vivendo nas ruas, entrou para o mercado da prostituição.

Depois de anos na rua, a parlamentar retomou o relacionamento com a mãe, voltou para casa e ingressou em cursinho pré-vestibular. Na militância estudantil, identificou a vocação para a política institucional.

Sobre esse despertar para a área, Hilton destacou: “Foi dessa forma que comecei a perceber a urgência e a importância de disputarmos esses espaços que historicamente sempre foram ocupados por uma hegemonia masculina, branca, burguesa, que sempre esteve atrelada aos seus próprios interesses”.

Importância da representatividade na política

É indiscutível que a pluralidade da sociedade precisa estar cada vez mais evidente em todos os espaços, principalmente na política. Apesar da inclusão ainda ser relativamente lenta, Erika Hilton pontuou que início desse processo é fundamental para uma evolução gradual.

“Nós estarmos na política significa transformação, esperança, um contragolpe, um contra-ataque, uma reparação histórica. Então, eu acho que é essa a importância que está representada quando vozes como a minha chegam nesses lugares que até antes eram inimagináveis”.

E complementou: “Hoje não estamos mais sonhando e, sim, conquistando esses lugares. E essa conquista é graças a uma luta ancestral e histórica que nós viemos travando até aqui”.

Atualmente, há apenas duas deputadas federais trans no Congresso Nacional. Duda Salabert (PDT-MG) e Erika Hilton são as pioneiras nessa construção transformadora da política nacional.


				
					‘Estarmos na política significa transformação’, ressalta Erika Hilton, 1ª deputada trans do Congresso Nacional

Sobre esse processo, Hilton apontou que, hoje, ainda não é possível dizer que a política é diversa. “Não basta apenas ter eu e a Duda Salebert ali naquele espaço para que a diversidade seja representada na sua pluralidade e totalidade. Nós precisamos de um conjunto maior e uma presença política, metodológica, no cenário do Congresso Nacional”, disse.

E para isso estamos trabalhando, avançando e caminhando, mas infelizmente a política no Brasil continua sendo branca, masculina, cisheteronormativa, e nossa chegada nesse lugar representa os sinais de mudança. É isso que estamos construindo”, enfatizou.

Erika Hilton – Presidenta da República

Será que é possível sonhar com a candidatura à presidência da república de uma transexual?! Para Erika Hilton esse sonho é, sim, imaginável.

Nas últimas eleições, uma campanha nas redes sociais pedia à candidatura da parlamentar ao cargo máximo do Poder Executivo. Com posicionamento firme e embasado, a deputada federal disse que gosta de sonhar e trabalhar essa possibilidade no imagético da população. “Quando a gente sonha é uma utopia que nos impulsiona, que nos provoca a construir essas possibilidades”.

Ao ser questionada se isso iria acontecer em um futuro próximo, a deputada foi cautelosa: “Não posso te responder agora ‘Sim, estou planejando essa minha trajetória’, mas espero que o Brasil tenha a capacidade de um dia ter na disputa presidencial uma mulher negra, travestis, vinda das esquinas, que representa e carrega as marcas do seu povo. Acho que isso seria um momento lindo para o Brasil”.

E reforçou: “Se não for eu, que possa ser outra com as mesmas características, para que o país posso se transformar. Mas também se eu perceber que estarei pronta após minha experiência no Congresso Nacional, podem ter certeza que não me omitirei de assumir esse compromisso comigo, com o povo e com o país”.

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