A relação entre a comunidade LGBTQIAPN+ e a moda sempre foi estreita, além de um espaço para falar sobre inclusão e diversidade. O estilista Edymüller Araújo, de 25 anos, foi o convidado da Live Fervo das Cores desta quinta-feira (28) e falou mais sobre essa relação, assim como sobre como a moda mudou sua trajetória.
O estilista destacou que o debate sobre diversidade que existe no universo da moda reflete na forma como a sociedade lida com essas questões. "Moda está muito ligada aos costumes e ao comportamento, por isso cabe a nós falar sobre isso para que as pessoas se atentem mais", disse ele.
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A busca pela representatividade sempre foi uma questão que acompanhou Edymüller, que sempre trabalhou com moda. "A moda é construída por pessoas e é um reflexo das pessoas que a compõem. Então, sempre procurei trabalhar com pessoas que tivessem uma diversidade de corpos, porque todo corpo tem direito de se expressar e a primeira forma de [comunicação] que temos diante do outro é a roupa", pontuou Edymüller.
Sempre envolvido com arte, dança e teatro, o estilista se inspirou nessas formas artistícas para criar sua noção de moda. Queer e um entusiasta da moda sustentável, Edy relaciona a vontade de se expressar diretamente a comunidade LGBTQIAPN+ e pontua que esse aspecto pode ser um dos fatores que conecta o grupo ao mercado da moda.
"A comunidade LGBTQIAPN+ sempre foi muito expressiva, a gente sempre tentou se destacar na sociedade e a roupa é o ponto principal disso e sempre foi muito ousado. Com as drag queens, as transexuais, enfim, a expressividade dos corpos sempre esteve muito presente para chamar a atenção e uma forma de protesto [como quem diz]: 'Olha só, meu corpo existe, eu pertenço a sociedade'", diz ele.
Com uma carreira consolidada, Edymüller também faz análises sobre grandes empresas do cenário da moda, destacando como as marcas tem proporcionado mudanças reais. Recentemente, ele fez uma crítica envolvendo a Victoria Secret.
"É muito importante estar atento a isso porque a gente precisa estar atento às 'cortinas de fumaça' que são jogadas. Por exemplo: até que ponto é uso do Pink Money [criado para ilustrar o dinheiro gasto por pessoas da comunidade LGBTQIAPN+] ou realmente uma estratégia de inclusão?", questiona Edymüller, que acredita que essa iniciativa na Victoria Secret é vazia.
"Na minha visão, é uma cortina de fumaça. Há 5 anos atrás houve um boom nos casos de misoginia, sexismo e preconceito e realmente esperávamos que a Victoria Secret propusesse uma nova forma de produzir moda e impactasse a indústria mundial. Mas o que eu percebi é que ela reduziu a inclusão em três corpos e não é assim que se faz moda", afirmou ele.
O estilista enfatizou que as marcas precisam entender que incluir corpos não é criar novos padrões do que seria "aceitável", e sim procurar ampliar essas noções. Isso se reflete não só nas roupas, mas também na estrutura das lojas que não buscam incluir pessoas com deficiência, por exemplo.
Assista o bate papo completo abaixo:
Redação iBahia
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