“Uma estrela”. Foi dessa forma que, com uma energia contagiante, o ator Lyu Árisson se autodefiniu durante participação recente na Live Fervo das Cores, do portal iBahia. E a luz do artista brilha por onde passa.
Além do sucesso com a personagem Yolanda, no filme “Ó Paí Ó”, o baiano já demonstrou o potencial em diversas regiões do mundo. Bailarino e coreógrafo, ele iniciou os estudos de teatro em 1986, quando viajou para diversos países como integrante do Balé Folclórico da Bahia. No grupo, foram 10 anos de atuação. Além disso, Lyu ingressou, em 2000, no Bando do Teatro Olodum, e atualmente é diretor da TV Pelourinho.
Leia mais:
Essa habilidade para o mundo artístico era, inclusive, destacada pela mãe do artista. “Desde pequeno, minha mãe via esse dom artístico em mim. Quando tinha uns 7 anos, me lembro de ter visto uma reportagem sobre um ballet russo e fiquei encantado com aquilo. Acompanhando a matéria, comecei a replicar o que via na TV. Foi a partir daí que percebi que eu tinha o dom de memorizar as coisas com facilidade, principalmente na dança. Na verdade, foi a dança que me impulsionou”, relembrou.
Talento é uma das coisas que não faltam em Árisson, mas, durante o bate-papo, ele enfatizou que nem sempre isso é tudo. “Se você não tiver persistência, foco, não vai para lugar nenhum. E, outra coisa, é importante ler e estudar muito. Afinal, quando você entra em uma roda com pessoas intelectuais é preciso ter argumento para ter uma conversação plena e mostrar seu objetivo”.
Além disso, sobre o mundo da arte, Lyu complementou: “Para fazer teatro no Brasil, principalmente na Bahia, é preciso ter coragem. A cultura leva o nome para o infinito, e se as empresas tivessem noção disso contribuiriam mais para essa arte”.
Em 2007, a travesti Yolanda, do filme “Ó Paí Ó”, foi a personagem de maior repercussão do baiano. A produção, inclusive, virou série na Rede Globo entre 2008 e 2009. Apesar da visibilidade, ele analisou que a carreira foi e é marcada por diversos pontos de sucesso.
“Para muitos, o ponto alto da carreira é aparecer na televisão, no cinema. Realmente, o personagem que estourou foi Yolanda, do Ó Pai Ó, mas eu também já tinha outros trabalhos. Eu não posso dispensar meus trabalhos que fiz antes”, enfatizou Lyu, que ainda confidenciou que está produzindo um novo projeto, intitulado "Reis e Rainhas da Antiga África Ocidental", que é um resgate histórico da negritude.
“Agora quero que as pessoas me vejam como diretor. Sabe porque eu fiz isso? Porque eu cansei de bater na porta de alguns diretores e não conseguir espaço para os novos artistas. Agora, eu mesmo estou tomando minhas rédeas, juntamente com a TV Pelourinho”, disse.
Representatividade
Gay assumido, Árisson faz questão de mostrar quem é por onde passa. Posicionamento firme e carisma natural, ao ser questionado sobre “levantar a bandeira da comunidade LGBTQIAP+”, ele enfatizou:
“Eu não levanto a bandeira, eu sou da bandeira. Eu faço parte disso. Então, se acontece algo com alguma pessoa da comunidade, acontece com todas. Sendo assim, eu preciso, sim, me impor, opinar. E digo isso sobre todas as pautas, tanto as que envolvem a comunidade LGBTQIAP+, como também questões que envolvem a sociedade”.
Além disso, ele pontou que, “no passado, tínhamos muita dificuldade por causa da discriminação”, no entanto, afirmou que sempre se impôs sobre o assunto.
“No passado, a gente tinha a dificuldade por causa da discriminação. Já fui discriminado, mas o pau quebrou. Gosto de ser educado, simpático, mas se pisar no meu calo o bicho pega”, brincou.
Nova Yolanda em “Ó Paí Ó 2”
A sequência do filme “Ó Paí Ó” teve as gravações encerradas em dezembro do ano passado. A previsão é de que a produção tenha o lançamento nos cinemas no segundo semestre de 2023.
Sem dar muitos spoilers acerca do projeto, Lyu falou que o público pode esperar uma nova versão de Yolanda. “Ela não pode ser mais 'virada nos 800', ela está mais madura. Ela continua sendo explosiva e com a safadeza dela, mas agora mais gentil. Além disso, ela terá novos relacionamentos", descreveu aos risos.
