Em show ativista e emocionado, Criolo abre alas para o brilho de Ney Matogrosso

O cantor e compositor paulista Criolo subiu ao palco Cais do FV23 por volta das 18h50 e já chegou dando o recado, ao estampar no telão as palavras "Yanomami Resiste: Chega de Extermínio" e convocar o público a protestar contra o genocídio dos povos indígenas.

Ele abriu a apresentação com "Ogum Ogum", faixa do álbum mais recente, "Sobre Viver", que tem a participação da cantora cabo-verdiana Mayra Andrade. Em seguida, foi a vez de outra faixa do novo trabalho, a contundente "Pretos Ganhando Dinheiro Incomoda Demais".

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Acompanhado do DJ Dan Dan, Criolo revisitou antigas composições, como o sucesso "Esquiva da Esgrima", de 2014; e "Lion Man", de 2011, que foi precedida de uma saudação aos artistas independentes. Antes de apresentar "Yemanjá Chegou", outra música nova, o DJ Dan Dan fez um discurso político em prol do ativismo de minorias. "Só ganhamos uma batalha, mas a luta continua.

Enquanto existir o extermínio do povo preto na periferia, do povo LGBTQIA+, estamos na luta. Enquanto existir o feminicídio, estamos na luta. Enquanto existir o extermínio dos povos indígenas, estamos na luta", disse, em meio a aplausos e reações de apoio do público. Claro que não poderia faltar "Não Existe Amor em SP", um dos primeiros hits do artista, lançado em 2011. Em interpretação intensa, Criolo arrebatou a plateia soteropolitana e levou alguns dos presentes às lágrimas.

Ainda tomado pela emoção, Criolo chamou ao palco o seu convidado, um dos maiores ícones da MPB: Ney Matogrosso. O lendário artista trouxe ao palco do FV23 sua releitura cheia de personalidade para "Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua", sucesso de Sérgio Sampaio. Em seguida, o ex-líder do Secos e Molhados interpretou sozinho "Jardins da Babilônia", de Rita Lee e Lee Marcucci, para o público soteropolitano, classificado por ele como "a gente mais tesuda do Brasil".

Cheio de energia, Ney dançou e demonstrou estar se divertindo para valer. Para arrematar o desfile de hits, o artista veterano revisitou "Sangue Latino", de Paulo Mendonça e João Ricardo, faixa de abertura do álbum de estreia do Secos e Molhados, e dividiu os microfones com Criolo em "Homem com H", de Antônio Barros, gravada por ele em 1981.

No entanto, a recente parceria de ambos, "Algoritmo Íntimo", não foi incluída no repertório. Ney deixou o palco sob forte ovação da plateia.Após a participação do convidado, Criolo apresentou um medley do clássico "Deixa a Gira Girar", dos Tincoãs, com a suingada "Bogotá". O artista encerrou o show caindo no samba com "Nas Águas", faixa do álbum "Espiral de Ilusão", de 2017, e deixou o público com gosto de "quero mais".

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