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Um baba com Zico, Júnior, Toninho e Ramirez na Ilha de Itaparica.

Redação iBahia • 21/06/2020 às 0:00 • Atualizada em 27/08/2022 às 22:19 - há XX semanas

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Gameleira, 1977: Toninho, em pé, calção branco, Ramirez, sentado, batucando, Júnior, o Capacete, cantando, e Zico, o Galinho de Quintino, concentrado nos mariscos.

Já pensou se um dia você e seus amigos de rua jogassem um baba (como se chama a “pelada” na Bahia) com um dos times mais fortes do futebol brasileiro, ao lado de craques que faziam e ainda fariam história no cenário mundial? Um baba na praia? Com direito a farra depois? Pois bem...se alguém da Gameleira, na Ilha de Itaparica, sonhou com isso, realizou em 1977.

Gameleira é o bairro onde os familiares de Antônio Dias dos Santos, baiano de Vera Cruz, viviam quando o Flamengo, o mais popular time de futebol do Brasil, fez uma excursão ao Nordeste, pelo Brasileirão da época, pra jogar contra Bahia, Fluminense de Feira de Santana e Sergipe. Depois de jogar em Salvador, contra o Bahia, o elenco do Mengão teve um dia de folga. E foi convidado para comer mariscos na Gameleira por Antônio Dias dos Santos, mais conhecido como Toninho Baiano. Lateral-direito de sucesso no futebol carioca na década de 70, multicampeão pelo Fluminense e pelo Flamengo, onde chegou em 1977 e jogou até 1980, Toninho fez parte de um dos mais aclamados times do rubro-negro carioca. Foi ele que fez Júnior, o “capacete”, que é destro, sair da lateral-direita e tentar a vida - com sucesso - no lado esquerdo do campo. Porque a direita tinha um dono.

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Flamengo em 1977, na tradicional foto do elenco. Toninho, o penúltimo abaixado, está com Marcelo, seu filho, entre suas pernas.

Júnior, em uma entrevista para um canal institucional do clube, contou como aconteceu a essa mudança. - “Engraçado que eu já estava há dois anos jogando como lateral-direito, já estava perfeitamente adaptado à posição, aí aconteceu o troca-troca (Flamengo e Fluminense). Aí falei: caramba, agora que estou adaptado, agora que eu estou realmente conhecendo a posição, descobrindo alguns segredos, vai vir o cara, mas o cara era, nada mais, nada menos, que o Toninho, que era um craque na posição. Primeiro se tornou meu amigo, logo na chegada, a gente teve uma empatia muito grande, e o Froner era o treinador, ele falou: Oh, vou dividir, vou botar o Vanderlei (Luxemburgo) no primeiro tempo e no segundo tempo vou te botar na esquerda pra gente fazer um teste, será que você conseguiria se adaptar?” - O resto da história a gente já sabe.

Aquele Flamengo, com a base que conquistou um tricampeonato carioca e o título brasileiro de 1980, não era entrosado só em campo. Jogadores eram amigos e Toninho, como bom baiano, foi anfitrião de uma farra inesquecível na Ilha de Itaparica com quase todos eles. Dia 24 de outubro de 1977, Zico, Júnior, Adílio, Tita, Roberto, Nelson, entre outros, além Márcio Braga, o presidente do clube, e Cláudio Coutinho, o técnico, atravessaram a Baía de Todos os Santos, de balsa. E também Sérgio Ramirez. Lateral-esquerdo uruguaio de muita qualidade, muitas vezes lembrado apenas pela “carreira” que deu em Rivelino, no Maracanã, em um Brasil x Uruguai, também era jogador daquele Flamengo e muito amigo de Toninho (mesmo depois de Toninho o obrigar a disputar posição com Júnior). Ramirez contou, com exclusividade ao Futebol S/A, esse evento e como o Flamengo, num dia de folga, resolveu jogar bola contra nativos da Ilha de Itaparica. Clique no play:

Pois é, Tita acabou com o “baba”. Quem diria...O placar foi 1x1, com gols de Zico (mesmo jogando pouco tempo, o Galinho deixou o seu) e Ivo. Este, autor do gol dos nativos, irmão de Toninho, impressionou Cláudio Coutinho e foi levado ao Flamengo pra testes. Acabou retornando depois. O fato é que o resultado não importou, a quase briga também não. Ficou na memória um dia de confraternização, que reforçou laços de amizade e o aspecto familiar de um grupo vencedor de futebol profissional. O protagonista dessa história, Toninho Baiano, faleceu em 1999, aos 51 anos, vítima de um mal súbito. Ramirez e Marcelo, um dos filhos de Toninho, mantêm contato até os dias atuais.

Sérgio Ramirez e Toninho, juntos, no gramado do Maracanã

Só mais uma observação sobre a resenha: Zico se destacou também na apreciação aos mariscos. Pelos relatos - e pelas fotos - , o Galinho pouco interagiu ou conversou com as pessoas, dedicando atenção, principalmente, aos caranguejos. As fotos dessa farra história na Ilha de Itaparica foram de um amigo uruguaio de Sérgio Ramirez, Tchê Walter Martefan. Nos acostumamos a ouvir que não se faz grandes amigos no futebol profissional, mas Toninho Baiano, Sérgio Ramirez, Zico, Júnior e o Flamengo do fim da década de 70 nos lembram que é possível quebrar esse paradigma.

Do início ao fim, tanto da farra, quanto da resenha: Zico concentrado nos mariscos.
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