Fila para transplante de córnea cresce no sudoeste da Bahia

Apesar de Vitória da Conquista ser reconhecida por ter o maior centro de transplante de córnea da Bahia, a capital do sudoeste enfrenta dificuldades com a diminuição no número de doadores em comparação com o ano passado. Entre os janeiro e junho deste ano, 101 cirurgias foram realizadas e agora 1.515 pessoas aguardam na fila de espera por um doador de córnea. O número representa uma queda em comparação a 2023, onde 112 cirurgias haviam sido realizadas nesta época do ano.

O Hospital de Olhos e o Centro Especializado Oftalmológico Queiroz (CEOQ) Hospital De Olhos de Vitória da Conquista são instituições especializadas neste tipo de procedimento, oferecendo o transplante pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Através da instituição filantrópica Banco de Olhos de Conquista (BOC), a região sudoeste tem uma fila de espera única e sistema de captação de córneas para doação.

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Transplante de córnea salvou Dayane Figueredo da cegueira

A professora Dayane Figueredo, de 41 anos, é um exemplo de esperança. A conquistense foi diagnosticada aos 18 anos com ceratocone, doença que causa deformação na córnea e que pode comprometer a visão. O avanço do quadro de saúde fez com que ela precisasse realizar o transplante, sendo o primeiro feito em 2004, através de um plano de saúde privado, e o segundo em 2008, pelo SUS.

"Foi libertador para mim. Após a cirurgia, eu pude perceber que a minha visão estava baixa demais. Ressignifiquei o valor de enxergar", afirma a líder religiosa.

Ela ainda complementa que, em 2008, após sua segunda cirurgia, passou por uma situação de rejeição com córnea que recebeu em transplante. Após avaliado o quadro, ela foi reencaminhada a fila de espera como prioridade e realizou uma nova cirurgia.

"Hoje vivo muito bem e incentivo demais as pessoas que precisam dessa cirurgia a fazerem sem medo. O pós-operatório é muito tranquilo e os benefícios são para toda a vida", diz.

Transplante de córnea: como é o procedimento e como funciona a fila de espera

O transplante de córnea é um procedimento cirúrgico no qual a parte danificada ou doente da córnea de um paciente é substituída por uma córnea saudável de um doador falecido. A córnea é a camada transparente localizada na parte anterior do globo ocular, ou seja, na frente do olho, responsável por grande parte do poder de focagem do olho. Quando danificada, pode causar visão embaçada ou perda de visão.

Após o transplante, o paciente precisa seguir uma série de cuidados para garantir o sucesso da cirurgia. É essencial usar colírios antibióticos e anti-inflamatórios para prevenir infecções e reduzir a inflamação. Além disso, é importante evitar esfregar os olhos, proteger os olhos da poeira e de luzes intensas e seguir todas as orientações médicas rigorosamente. O acompanhamento regular com o oftalmologista é fundamental para monitorar a recuperação e prevenir complicações.

Para entrar na fila de transplante, o paciente precisa ser avaliado por um oftalmologista, que identificará a necessidade do transplante. A inclusão na lista de espera é feita através de um sistema nacional de transplantes, que prioriza os pacientes com base na gravidade do caso e na ordem de chegada.

Para se tornar um doador de córnea, é necessário comunicar a intenção aos familiares, pois a autorização para a doação é feita por eles após o falecimento do doador. Não há idade máxima para doação, e muitas condições médicas que poderiam impedir a doação de outros órgãos não afetam a doação de córneas.