No próximo dia 15 de agosto (segunda), a escritora Ana Pato chega a Salvador para o lançamento do livro 'Literatura Expandida - arquivo e citação na obra de Dominique Gonzalez-Foerster', na Galeria do Livro & Arte, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha. Na obra, que faz parte do projeto editorial do Videobrasil em associação com Edições Sesc SP, Patoinvestiga a poética da artista francesa nas pesquisas por novos modos de escrita presentes na sua produção.
Veja também: Gosta de ler? Então informe-se mais no canal de literatura do iBahia Em uma passagem do livro, a artista francesa fala sobre um de seus escritores favoritos: "a alternância entre sua própria vida e o mundo de suas histórias está sempre misturada com a exploração da biblioteca gigante em que o mundo se transformou". A descrição dela se refere ao espanhol Enrique Vila-Matas, mas poderia aplicar a si própria. Isto porque o enorme fluxo de informações levou a prática da apropriação na arte a novos extremos, de maneira que o discurso artístico dela se pode construir entre citações e referências corrompidas. Transitando entre o cinema, o vídeo e a instalação, a artista é conhecida pelo modo como compõe atmosferas e paisagens que evocam o sentido da distopia e de nossa relação com o espaço. No livro 'Literatura Expandida', Dominique Gonzalez-Foerster tem suas prerrogativas teóricas examinadas com detalhe. Como objeto da pesquisa de mestrado de Ana Pato, orientada por Lisette Lagnado, a artista parecia lhe oferecer um caso particularmente inspirador: pessoalmente interessada na literatura de ficção científica e profissionalmente à frente da organização de um arquivo (o Acervo Videobrasil), Ana Pato propõe no livro que atentemos às potencialidades do arquivo contemporâneo. Para a autora, a singularidade da artista é revelada na forma como articula a experimentação envolvendo o texto literário transposto para o campo das artes visuais. "É no espaço expositivo que esse 'método' gera uma nova forma de literatura – não mais circunscrita à palavra ou à comunicação linguística, mas pluridimensional. Uma compreensão ampliada de literatura que se pode manifestar de diferentes maneiras: de modo quase literal, quando a artista cria uma espécie de biblioteca afetiva no espaço expositivo (como na instalação Tapis de lecture, 2000); ou então de maneira sutil, como nos trabalhos de 2009 nos quais ela cria ambientes que materializam imagens e sensações provenientes de textos literários (chronotopes & dioramas); ou ainda de uma forma talvez mais complexa, como quando ela se apropria de obras de outros artistas para criar sua grande intervenção TH.2058 (2008) no Turbine Hall da Tate Modern londrina".
O livroFisicamente, a publicação também busca traduzir as questões que a pesquisa de Ana Pato investiga, ressaltando o caráter constitutivo da citação, do arquivo e da referência na obra de Gonzalez- Foerster. O projeto gráfico de Daniel Trench e a edição de Teté Martinho incluem citações destacadas em cor, bibliografia na abertura do livro (e não no final), a imagem da obra Textorama (um mural de citações de 2009) na capa e uma reprodução de páginas de outra publicação (como um livro dentro do livro). Parte da pesquisa de Ana Pato – entre elas uma extensa entrevista com a artista - e reproduções de obras integram o volume. A obra inaugura uma iniciativa do Videobrasil em associação com Edições Sesc SP de construir uma biblioteca brasileira de arte contemporânea, contemplando especialmente a produção acadêmica inédita. A diretora e curadora Solange Farkas ressalta a pertinência do projeto ser aberto com este título, já que ele reflete uma questão presente na gestão do Acervo Videobrasil: num momento em que "o arquivo torna-se um dispositivo dinâmico, são inspiradoras as proposições artísticas que se nutrem da ideia do mundo como acervo, e a exaltam ao reagrupar e reinterpretar fragmentos".
Lançamento dia 15 de agosto de 2013, quinta-feira, às 19hGaleria do Livro & Arte Pça Castro Alves, s/nº Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, 1º andar Salvador, BA