Inspiração e vida cotidiana marcam mesa de abertura da Flica 2013

Cristovão Tezza e Fabrício Carpinejar abrem programação da Flica 2013

Enfrascar o Cotidiano. Foi com esse tema que a terceira edição da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) começou nesta quarta-feira (23), às 20h. A mesa, composta pelos escritores Cristovão Tezza e Fabrício Carpinejar e mediada pelo ator Jackson Costa (conhecido em Salvador por interpretar o poeta romântico Castro Alves), abordou, entre outros temas, a relação que a vida cotidiana estabelece com o ofício literário. Depois de assistir ao concerto de abertura 'Uma Tarde em Veneza', que ficou por conta da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA), o público teve a oportunidade de conferir um descontraído bate-papo com os autores. Irreverente, o destaque da noite foi o poeta e cronista gaúcho Fabrício Carpinejar, que comemorou nesta quinta-feira seu aniversário de 41 anos. "Nunca vim a Cachoeira, esta está sendo a primeira vez. E vocês são tão importantes pra mim que estou aqui no dia do meu aniversário", disse, sendo ostensivamente aplaudido pelo público.

Evento contou com abertura da Osba

Os literatos também falaram sobre os motivos que os levam a escrever e sobre a forma como suas vidas pessoais se vinculam às próprias obras. Em sua fala, o romancista Cristovão Tezza tratou especificamente de seu livro 'O Filho Eterno', baseado na história do autor com o primeiro filho, nascido com Síndrome de Down na década de 80. "Eu era uma pessoa iluminada por todos os sonhos possíveis. Quando ele [o filho] nasceu, senti um soco no estômago, mas segui tocando a minha vida. Era um desafio moral. Era a coisa mais importante que tinha me acontecido, tinha que escrever sobre isso", declara. Catarinense de Lages (1952), Tezza publicou seu mais famoso romance no ano de 2007, única obra autobiográfica de sua carreira. Veja também: Clique aqui e saiba tudo sobre a Flica 2013 Irreverente, Carpinejar ora arrancou sucessivas gargalhadas da plateia com suas tiradas ácidas, ora emocionou com sua fala carregada de poesia. Gaúcho de Caxias do Sul, o poeta, que também é apresentador de TV, disse que a escrita funciona para ele como um mecanismo para inventar a si próprio. "Sou quem sou. Sobrevivi a desempregos, a separações, a drogas... Tanto é que meu pai me chama de Wolverine. O escritor é incompetente. Mas é uma incompetência cheia de talento. Ele vai atrás da vida para se completar". O ápice da noite foi quando o poeta, mais uma vez falando sobre a temática de sua obra, mostrou ao público uma visão um tanto peculiar com relação à arte da conquista. "Existem duas linhas de galanteio. A do pedreiro e a do feirante. O primeiro faz isso para mostrar a própria masculinidade para os colegas. O pedreiro é muito gay nesse sentido. O feirante, ao contrário, não ofende a mulher: em vez de dizer 'gostosa!', ele diz 'que saúde!'. É uma forma de fazer a freguesa voltar", desfechou. Flica 2013 segue até o próximo domingo (27). Nesta quinta-feira (24), a programação tem início às 10h, com a mesa 'Qualquer Um Poeta', com Elieser Cesar e Karina Rabinovitz. Confira aqui a programação completa.