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LITERATURA

Publicação reúne uma década de humor e olhar crítico de Angeli

Coletânea 'O Lixo da História' reúne melhores charges políticas de Angeli, organizadas em ordem cronológica, de 2001 a 2012

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20/05/2013 às 10:15 • Atualizada em 30/08/2022 às 4:42 - há XX semanas
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Coletânea reúne charges do paulistano Angeli
E se os conflitos que atravessaram o Oriente Médio após 11 de setembro fossem relatados em cartuns? E se não fosse um cartunista qualquer a desenhá-los? Pois é, não passa um dia sem que o paulistano Angeli, 56 anos, um dos maiores do país, deixe de ilustrar o que acontece de mais relevante no mundo nas páginas do jornal Folha de S.Paulo, onde publica há quase 40 anos. Aos que não têm acesso ao periódico paulista um alento: o selo Quadrinhos da Cia lança agora a coletânea O Lixo da História (R$ 55/300 páginas), com o melhor das charges políticas de Angeli, organizadas em ordem cronológica, de 2001 a 2012. Veja também:Flica anuncia datas e o primeiro grande autor para a edição de 2013 Estão lá no livrinho críticas ao governo Bush, às guerras do Afeganistão e Iraque, ao conflito sem fim entre Israel e Palestina e até aos agitos recentes entre Egito e Síria. Ano após ano, não houve crise ou escândalo que não tenha passado pelo escrutínio aguçado e humor implacável do artista - o Brasil aparece pouco, porém, nesta retrospectiva. A verdade é que Angeli trabalha a serviço da avacalhação ampla e irrestrita e a política, claro, não pode deixar de entrar neste esquema. "Tento fazer a caricatura mais cruel da política. Não sou econômico no desenho. É gostoso acertar o tiro, mas o que a gente quer é estancar o sangue", explica o criador de personagens antológicos, símbolos dos anos 80, como Rê Bordosa e Bob Cuspe.
Bush Diante do vasto painel político, as charges sobre o governo do ex-presidente americano George W. Bush se destacam, talvez, como as melhores. "Tentei fazer o retrato mais contundente dele por raiva mesmo de ver esse sujeito distanciado de seu tempo criando fatos mentirosos. Tinha prazer em desenhar as rugas e as entranhas do Bush. Eu faço charges para ajudar que esse tipo de político não exista mais. Sei que isso é meio quixotesco, mas políticos têm esse dom de serem medíocres", revela o co-fundador da revista Chiclete com Banana, marco editorial brasileiro com tiragem mensal que ultrapassava 100 mil exemplares e que influenciou diferentes gerações de quadrinistas e ilustradores.Em sua obra brilhante, Angeli não se priva da opinião pessoal, que mescla com o 'dever' do chargista: "Ele tem de estar atento a tudo, saber o momento certo de uma piada bem colocada. Eu misturo a indignação com o desprezo por aquele político". Ainda assim, diz que é cuidadoso antes de chegar até o trabalho que vai ser impresso no jornal. "Eu não faço piadas rápidas, não solto piadas a granel", revela.A produção intensa de charges na tentativa de compreender o mundo a sua volta, que o faz passar mais de 15 horas diretas debruçado na prancheta, onde até almoça, demonstra que Angeli tem cada vez menos tempo para criação de novos personagens. Dignidade"Estou em um momento de baixa criatividade e não me agrada mais a ideia de criar personagens, pois acho que os meus já cumpriram seu papel. Há algum tempo, vem surgindo uma nova geração de cartunistas, bastante influenciados por mim, pelo Laerte e pelo Glauco, e eu olho o trabalho dessa molecada e, francamente, me pergunto 'Por que é que eu vou concorrer com um moleque que está começando a descobrir o caminho dele agora?'. Para mim, é fundamental envelhecer com dignidade". Se ele continuar fazendo suas charges políticas com essa dignidade, o pensamento do leitor brasileiro certamente fica bem mais fiado. O Lixo da História reúne toda esta produção, organizada cronologicamente e com projeto gráfico de Elisa v. Randow, responsável pelo volume Toda Rê Bordosa, publicado em 2012 pela Companhia das Letras. Pensa que é só imagem? Ao fim do livro uma extensiva cronologia, partindo da fundação do Estado de Israel, que ilumina e aprofunda os temas abordados pelo autor. O Lixo da HistóriaAutor - Angeli Editora - Quadrinhos na Cia Valor - R$ 55 (300 páginas) Matéria original: Correio 24h Publicação reúne uma década de humor e olhar crítico de Angeli

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