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MODA E BELEZA

Avatares são as novas apostas do mundo da moda

Criações digitais estão ocupando o lugar de modelos reais

Redação iBahia • 21/11/2018 às 21:00 • Atualizada em 27/08/2022 às 8:41 - há XX semanas

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Nada foi mais igual depois das redes sociais. O mundo virou de ponta-cabeça e praticamente ninguém saiu ileso dessa revolução digital. Veja a indústria da moda: toda a estrutura passou por transformações para que fosse possível sobreviver e impulsionar os negócios. Foi nesse cenário volátil que surgiram as blogueiras e, logo depois, as instamodels, como são chamadas as meninas com números estratosféricos na Internet, que acabaram ocupando o lugar das manequins de “raiz” em desfiles, capas de revistas e campanhas. Nesse turbilhão de novidades, uma força despertou recentemente e deu uma chocalhada na indústria, que parecia ter se acostumado às presenças de Gigi Hadid e Kendall Jenner. Coisa de ficção científica até outro dia, os avatares viraram realidade e alcançaram grifes como Prada e Balmain. É isso mesmo: os robôs são os influenciadores da vez.
Foto: Reprodução | Instagram
Sempre à frente de seu tempo, Miuccia Prada percebeu o fenômeno e tratou de fechar parceria com a hispano-brasileira Miquela Sousa (@lilmiquela), um avatar com mais de 1,5 milhão de seguidores no Instagram, na temporada de inverno 2017/2018, com repercussão consistente na mídia. A hiperconectada Balmain, que nunca desdenhou das instamodels, contratou Shudu Gram (@shudu.gram), a “primeira supermodelo virtual” da história, para ser sua garota-propaganda. É um universo incrível que diz muito sobre a contemporaneidade: uma vida criada sob medida para a web com a intenção de arrecadar “likes”.
— As personalidades digitais estão ficando avançadas. Miquela, por exemplo, é um robô e uma celebridade on-line. Os criadores (da startup Brud, baseada em Los Angeles) têm dado um apelo cada vez mais real para ela, que descobriu ser artificial e está lutando para ter uma identidade — comenta Luiza Nolasco, gerente de vendas do escritório de tendências WGSN. — A busca por tipos diferentes de influenciadores aumentou e as marcas estão procurando alternativas, já que o mercado de “carne e osso” está superfaturado.
Com 148 mil seguidores no Instagram, o influenciador baiano João Lucas (@joaolucashaf) diz não acreditar que a ascensão dos avatares seja obra do acaso. Para ele, é a tradução perfeita do momento:
— Estamos trocando a vida real pela digital, nos afastando do que é concreto, e isso é perigoso. Se é o futuro? Acho que sim! O robô reduz os processos, o que funciona bem para as grifes. Diminuir a logística e os custos são fatores decisivos. Embora existam esses facilitadores, os avatares não ocupam nosso espaço. Eles trazem algumas soluções, porém as pessoas não deixarão de se interessar por pessoas.
O fato é que esses perfis virtuais andam fazendo barulho por aí. Experimente jogar o nome de Miquela no Google. O resultado é uma quantidade infinita de links, com reportagem a seu respeito nas revistas “Vogue” americana e “Paper”. Mas, afinal, quem é Miquela Sousa, de longe o avatar mais pop da rede? Segundo a Brud, ela é “tão real quanto a Rihanna”. É também uma cantora com um desempenho animador no Spotify (um serviço de streaming de música) que não abre mão de compartilhar o “look do dia”.
“Gostaria de ser descrita como uma artista, cantora ou algo que denote meu ofício, em vez de focar nas qualidades superficiais de quem eu sou”, disse a estrela virtual ao portal “The Business of fashion”.
Esse movimentou começou há algumas temporadas, quando a Louis Vuitton escalou Lightning, uma personagem do game “Final fantasy” para sua campanha de verão 2016. Anos antes, Marc Jacobs assinou o figurino de uma turnê de Hatsune Miku, uma cantora japonesa que, na verdade, é um holograma. Mas parece que a coisa agora caminha para o ápice. A própria startup Brud controla, além de Miquela, os robôs Ronald Blawko (@blawko22) e Bermuda (@bermudaisbae), com 134 mil e 115 mil seguidores no Instagram, respectivamente. A presença de Shudu na Balmain veio para coroar essa nova ordem.
— Adoraria pensar em Shudu como uma plataforma de inspiração para outros artistas. Espero realmente que enxerguem a sinergia entre moda, arte e tecnologia — conta o fotógrafo inglês Cameron-James Wilson, o criador da supermodelo 3D, seguida por Cindy Crawford e “repostada” nas redes sociais até pela linha de cosméticos de Rihanna, a Fenty Beauty. — Várias marcas tentaram contratá-la, mas estou procurando colaborar com quem compartilhe opiniões sobre vários tópicos e que esteja interessado em divulgar uma mensagem de diversidade, inclusão e representatividade.
O discurso de Wilson não deixa de ser uma resposta aos detratores, que o acusaram de racista e oportunista por ser branco e ter desenvolvido um avatar negro.
— Pessoas já me disseram que Shudu as faz se sentir bonitas — destaca o fotógrafo. — Muita gente está intrigada, é uma área completamente nova, por mais que o 3D esteja por aí há tempos. Conhecíamos esse tipo de computação gráfica somente por filmes. Vê-lo na moda é bem emocionante. Adiante, as marcas irão desenvolver seus próprios robôs. Dessa forma, terão o domínio sobre os avatares.

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