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Vic Ceridono trabalha com beleza há dez anos, criou o blog Dia de Beauté e é editora de beleza da Vogue (Foto: Renato Parada/Divulgação) |
Quando menina, Victoria Ceridono, 29 anos, se juntava à irmã e à prima para brincar com a maquiagem da avó. No momento em que as festas de debutante começaram a surgir, se maquiar virou coisa séria. Há dez anos escrevendo sobre o tema, a jornalista e editora de beleza da revista Vogue Brasil acaba de lançar seu primeiro livro, Dia de Beauté - Um Guia de Maquiagem Para a Vida Real. A gente aproveitou a passagem dela por Salvador, quando apresentou a obra na Storestudio Lounge, para bater um papo. Confira.
Como a make virou trabalho? Sempre amei revistas. Quando comecei a entender que existia esse mundo, quis muito fazer parte. No primeiro ano colegial já estava decidida a fazer jornalismo e sempre fui interessada em moda e beleza.
Como saiu da internet pro livro? Foi uma das coisas mais difíceis e desafiadoras, por eu estar muito acostumada com o estilo da internet. Foi difícil encontrar o tom, porque o livro é um pouco mais formal, sem perder minha personalidade. Quis alcançar tanto quem gosta muito de maquiagem quanto quem não gosta tanto. Quis também incentivar testes. Não tem uma dica final, tem que colocar na pele e ver o que vai ficar bom.
O que seria “maquiagem para a vida real”? A ideia de que qualquer pessoa pode usar maquiagem em qualquer ocasião. É meio que fazer virar hábito.
Há dez anos não se falava muito em beleza. Como foi desbravar? Maravilhoso. Meus professores achavam que eu era louca. Mas nunca liguei. Comecei a estagiar no 2º ano da faculdade no Chic, com a Gloria Kalil. Na época, não tinha nem sessão de beleza no site. Um ano depois, minha editora me chamou pra fazer meu primeiro freela na Vogue.
Como é ser editora de beleza na Vogue? É demais, é um nome que abre portas, vivi experiências incríveis por conta disso. Fiz viagens incríveis e já entrevistei todos os meu ídolos da área. Claro que é uma super responsabilidade e tudo é extremamente pensado. É muita pressão mas é maravilhoso.
Como concilia site, blog, revista e vídeos? Nunca tinha planejado. Comecei no Chic e sempre amei a Vogue, lembro até hoje quando e como foi. Eu era dedicada e sempre tinha matéria pra mim, fui pegando fácil a linguagem da revista. Já o blog, acho que é como se eu escrevesse um e-mail para uma amiga. Exatamente a minha linguagem, o jeito que eu falo e escrevo. Vivi essas três mídias e essas três formas de conversar. Com o vídeo é mais fácil. Eu ligo a câmera e faço. Nunca fiz roteiro. Às vezes, quando tem muita coisa para falar, faço uma lista para não me perder. A primeira coisa que estou planejando é o lançamento do novo layout do blog e a versão em inglês.
E a relação com seguidoras? É muito legal. Fazer o tour do livro está sendo incrível porque eu quero muito trazer para a vida real esse contato que existe no virtual. Estou curtindo muito conhecer as pessoas porque tem gente que segue desde o Chic. Espero que, com o livro, consiga atingir muito mais gente.
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A jornalista, blogueira e, agora, escritora, veio a Salvador lançar seu primeiro livro, Dia de Beuté, que faça sobre maquiagem (Foto: Divulgação) |
O que mudou nesses dez anos de trabalho com beleza? O mercado no Brasil evoluiu absurdamente. Se alguém me dissesse que seria assim, eu não acreditaria. Há marcas populares, com preços acessíveis, antenadas com o que os consumidores querem. A gente já teve um delay (tempo de espera) muito maior para encontrar produtos que são vendidos fora. Os que a gente tinha aqui não inovavam tanto em cores e texturas. Eram clássicos. O jeito de consumir também mudou muito. Tinha as perfumarias, mas não eram lugares onde você podia entrar, ficar à vontade e usar os produtos. A gente tem um bom casamento entre liberdade, muita oferta e um serviço que é o que a brasileira ainda quer. Em consumo, o que mudou, basicamente, é o uso diário de maquiagem. As pessoas perderam o medo.
Existe diferença da maquiagem no Brasil para outros lugares? Tem duas coisas aqui. É muito calor e em vários lugares é calor o ano inteiro. A pele é naturalmente mais oleosa e acho que as meninas estão aprendendo a lidar com isso. As marcas já começaram a fazer produtos para esses diversos tipos de pele. Com relação ao tom, não tem lugar no mundo com a variedade daqui. É incrível. As marcas têm que apresentar uma gama muito maior de tons. Acho que a maior dificuldade das pessoas é encontrar o tom. Mas tem opção.
Qual a maior novidade do mercado hoje?Meu sonho era responder que há uma pílula que tira cabelo branco (risos). Mas, com certeza, os cosméticos coreanos estão revolucionando. Os produtos de lá são muito bons. As maquiagens são muito pigmentadas. Eles têm produtos que você nunca viu, tipo um batom que é uma esponjinha. Há muitos produtos de cuidados com a pele.
Como seleciona o que recebe? Eu ganho muita coisa, mas mudou muito depois que fui morar em Londres. Quando recebo coisas lá, muitas ainda não têm aqui ou vai chegar depois de um tempo. Mas também compro bastante. Sempre gostei de conhecer coisa nova, evito repetir.Qual a melhor parte do trabalho?Poder justificar todo o meu consumismo no trabalho (risos)! Toda vez que entro numa loja, penso que é a primeira vez. Sempre compro muito.
Existe certo e errado em beleza?Não tem. Claro que existe gosto e técnica, mas o importante é estar feliz.
Qual dica daria às leitoras?Treinar todo dia. O jeito de conseguir fazer coisas mais elaboradas é inserir um pouco de maquiagem todo dia.