O bom e velho sabonete por muito tempo reinou com folga quando a ideia era limpar o rosto das impurezas do dia a dia. Para tirar a maquiagem, ele ganhava a ajuda do demaquilante, capaz de remover até as mais aderentes máscaras de cílios. O problema é que a dupla, muitas vezes, ou irritava as peles sensíveis ou deixava as oleosas ainda mais cheias de óleo. Ainda bem que essa realidade virou coisa do passado. Graças aos muitos investimentos em pesquisa no universo de beleza e cuidados pessoais, os cientistas chegaram à tecnologia micelar, que faz o papel do combo sabonete e demaquilante de forma mais eficaz e, principalmente, suave.
— As micelas são moléculas solúveis em óleo e água, com capacidade de penetrar profundamente na pele, removendo impurezas e eliminando resíduos de um jeito menos irritante, sem agredir — diz a farmacêutica Paula Cavalcanti.
Está explicado, então, o sucesso das chamadas águas micelares, cosméticos que têm sido cada vez mais prescritos por dermatologistas para todos os tipos de cútis. Segundo dados publicados no portal “Statista”, só em 2018 esperam-se movimentar US$ 112 milhões com esse tipo de produto. Em 2023, a expectativa é de que os valores cheguem a US$ 184 milhões. A francesa Bioderma, primeira marca de dermocosméticos a colocar nas prateleiras a tecnologia, diz ser prova viva desse êxito: garante vender uma unidade da sua Sensibio ao redor do planeta a cada dois segundos.
— Esses produtos podem até substituir um sabonete. Limpam sem tirar a proteção da pele e não aumentam a oleosidade nem os casos de rosácea. Nas peles secas, até hidrata — explica a dermatologista Paula Chicralla, que indica o uso, inclusive, nos lábios e na área dos olhos. — Mas, como toda limpeza, deve ser feita até, no máximo, três vezes ao dia, para evitar o efeito rebote, quando as células epiteliais começam a produzir mais óleo para compensar a retirada excessiva.
O poder de limpeza é tão grande que, não à toa, o produto é bastante usado para retirar a maquiagem. A versatilidade da água micelar é um dos motivos pelos quais ela virou queridinha entre maquiadores e mulheres comuns. — No entanto, se a pessoa tem o costume de usar make à prova d’água, ela terá dificuldade em removê-la com água micelar. Nesse caso, o antigo demaquilante ainda é importante — diz Paula Cavalcanti.
A outra razão do frenesi é a praticidade: algumas gotas num pequeno chumaço de algodão já dão conta do recado, sem precisar de enxágue depois, tornando os hábitos de beleza muito mais rápidos e práticos numa sociedade que tem cada vez menos tempo para atividades tão corriqueiras.
A febre por trás desses limpadores é tanta, que a tecnologia micelar migrou também para sabonetes líquidos para o corpo e, sobretudo, produtos para cabelo. O preceito, por sua vez, continua o mesmo: limpar profundamente, preservando a hidratação natural das cutículas capilares.
— Tem sido uma tendência bem interessante, especialmente para quem gosta de lavar a cabeça todo dia, como os esportistas ou quem sofre com excesso de oleosidade. As micelas contribuem para deixar o cabelo com mais brilho e maciez — diz a farmacêutica Paula Cavalcanti. — Considero mais importante que elas entrem como parte da composição de um xampu do que a aplicação da água micelar sozinha. Assim, elas têm a ação facilitada por outros ingredientes da fórmula com mais afinidade com a fibra capilar.
Para pele ou cabelo, esses produtos vão ao encontro da tendência mundial de os consumidores procurarem, cada vez mais, o mínimo de conservantes, especialmente no que é usado diariamente. — A água micelar não tem álcool, parabenos, corantes e, na maioria das vezes, perfume. Para quem tem sensibilidade ou alergias, isso é o ideal, pois a presença desses ativos costuma desencadear muitas irritações — explica a dermatologista Paula Chicralla.
A ausência desses agentes sensibilizantes é uma convenção da fórmula clássica, no entanto, como o filão desse mercado é grande, incrementar as “receitas” ajuda a se diferenciar no competitivo mundo de cuidados pessoais.
— Uma das tendências mais em voga no universo da beleza é o conceito de multibenefícios, então é normal que vejamos mais ingredientes na lista de componentes. A proposta original de uma água micelar é não ter esses parabenos, corantes e perfumes, mas sempre devemos ficar de olho na lista do que é usado nos cosméticos — aconselha Paula Cavalcanti.
Para quem ainda não aderiu a essa moda, agora é o momento de jogar na versão de água turbinada sem medo de se afogar.
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Redação iBahia
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