Quase dez anos após participação na primeira temporada do "The Voice Brasil", Ju Moraes segue em uma vertente mais pop, porém sem deixar de lado suas raízes soteropolitanas. A cantora lançou recentemente o disco "Outra Onda", projeto pessoal e cheio de composições que falam sobre amor e reflexões da vida.
“Escrevo a minha história e o meu roteiro muda toda hora. Eu sou a de hoje, que fala e vive essas coisas e quero experimentar novas experiências. Eu tô vivendo outra onda e essa onda tá aqui”, alerta Ju Moares na introdução do disco.
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Em entrevista ao iBahia, a cantora falou sobre suas inspirações, o processo de criação do álbum e até uma autorização especial que recebeu de Caetano Veloso.
"O processo foi bem longo porque eu venho de uma criação de um álbum com a Sambaiana, que é um grupo coletivo de samba que a gente tem aqui em Salvador, que começou lá na Colaborê. E aí começou a rolar uma cobrança dentro de casa, rolando uma cobrança da galera que trabalhava comigo, dos meus amigos 'e aí você não vai lançar nada seu não?'", iniciou a cantora.
"Do nada eu fui pegar umas composições minhas, de um livro que eu tenho, que eu guardo as coisas antigas, e achei uma composição minha de dezesseis anos atrás, que é "Essa Minha Canção, que foi a primeira que a gente lançou dessa nova fase", completou.
Nova sonoridade
Foi a partir da primeira canção, escrita anos atrás que o disco começou a tomar forma. Através de "Essa Minha Canção", Ju Moraes experimentou novas sonoridades até chegar ao som mais pop, diferente dos últimos trabalhos com o samba.
"Essa primeira música foi a experiência pra experimentar essa outra sonoridade que eu vim trazer pro trabalho. E a gente se debruçou muito tempo nessa música. Ela foi e voltou várias vezes. E é uma música que tem dezesseis anos e não é um samba", explicou.
"Então, era é por isso que era tão difícil pra mim, eu nunca tinha gravado ela, porque eu nunca conseguia encontrar uma finalidade pra ela a qual eu queria pra vender a real essência do que a música. E aí a gente encontrou e a gente lançou 'Essa Minha Canção'".
Tempos de pandemia
Algumas músicas do disco foram compostas em um tempo difícil para Ju Moraes. Apesar de inspiradora para a criação de canções mais pessoas, a pandemia marcou uma fase complicada na vida da artista.
"A ideia inicial era fazer um EP, gravar mais três músicas, porque eu já tinha mais três que eu tinha feito durante a pandemia assim, né? Que tava bem recente e tinha muito a ver com esse momento, com um pouco de fé pra gente, porque foi muito difícil, né?", disse.
"Pra mim foi uma loucura. Foi muito difícil, muito difícil, assim, eu fui pro fundo do poço. Então, a música me tirou de lá. Acho que a música faz isso com a gente, né? Mas foi muito mais forte dessa vez, foi muito mais impactante, eu acho que foi o processo que a gente passou mesmo. Aí essas outras músicas iam muito nesse sentido", explicou Ju.
"Eu tinha recebido uma música de Tiê e Gabi, que é 'Talvez', aquela 'Salvador vai saber o seu nome'. Quando eu ouvi aquela música primeira vez, eu enlouqueci. E aí peguei essa música junto com umas duas, três músicas que eu tinha e gravamos. E aí a gente experimentou em 'Talvez' a sonoridade que ficou e a gente levou pras outras canções. Então, o que era pra ser um um EP de quatro ou seis faixas, virou um álbum de oito, nove, virou um disco", completou.
Gatas Extraordinárias
Dentro do "Outra Onda" é possível notar uma virada de chave a partir da canção "Aí Vou Dizer". A música que ganhou clipe na última quarta-feira (20), abre o lado B: menos romântico e mais agitado.
"É fato isso. Tem lá 'Essa Minha Canção' só pra deixar as coisas mais românticas no disco, mais leve, e depois ela tem uma virada mesmo. É o lado B. E é a virada da gente né? Talvez seja a gente o ano inteiro se aproximando e tem dado momento que ele desperta pra outras coisas, então tem esse lugar mesmo. E eu acho gostoso, né? Porque às vezes a gente fica muito num plano comum, um disco inteiro romântico, um disco inteiro sofrido, né? E aí eu falei, cara, a gente vai, depois se solta um pouquinho dançando e a gente vai."
Dentro desse "lado B" mais agitado está "Gatas Extraordinárias", canção de Cássia Eller, escrita por Caetano Veloso, que está presente no disco "Com Você… Meu Mundo Ficaria Completo".
A música, segundo Ju Moraes, não havia sido gravada por ninguém, porém, foi autorizada por Caetano para entrar no disco da cantora. "Nessa música eu uni duas coisas muito importantes pra mim nela. Tem Caetano que é meu ídolo mor, né? E Cássia, que é a minha intérprete", iniciou.
"Então, peguei o compositor que eu mais amo, com a intérprete que eu mais amo e consegui fazer uma uma versão nossa, né? Pra esse trabalho. Eu sempre cantei essa música, mas assim, nunca tive coragem de gravar e nunca imaginei que ele ia liberar, que eu vou gravar assim, né? Porque eu sei que é uma música que ninguém nunca regravou e ele liberou. Eu fiquei super feliz e acho que é o que precisava no disco realmente pra dar uma cara e até pra que as pessoas pudessem entender", disse, por fim.
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