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De passagem bem ligeiro por Salvador

Segundo os dados da Abih, há quase nove meses a taxa de ocupação dos hotéis registra queda

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22/10/2012 às 17:04 • Atualizada em 27/08/2022 às 4:31 - há XX semanas
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Luiz Francisco** Especial para o CorreioPelo menos nas estatísticas, Salvador deixou de ser atração turística para muitos visitantes e se transformou em uma cidade dormitório ou de passagem. Segundo levantamento realizado pela Abih (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis-Bahia), a taxa de permanência dos hóspedes passou de 3,4 para 2,5 dias nos oito primeiros meses deste ano, em comparação a igual período de 2011, e o índice de ocupação dos hotéis despencou de 67% para 59%. Enquanto outras capitais do Nordeste registraram crescimento expressivo no movimento de passageiros em seus aeroportos (embarque/desembarque), os números de Salvador estacionaram no mesmo patamar do ano passado. A Retomada do Turismo será o terceiro seminário do Fórum Agenda Bahia, em novembro.Entre janeiro e julho de 2012, de acordo com a Infraero, 5.046.334 de passageiros (brasileiros e estrangeiros) passaram pelo aeroporto, ante 5.044.949 no ano passado (1.385 pessoas a mais). Salvador ainda é o principal destino do Nordeste, mas registrou crescimento irrisório de 0,02% nesse período nos aeroportos - com queda em alguns meses. Outras capitais do Nordeste, como Fortaleza, tiveram resultado melhor (confira em infográfico na página ao lado). Em Aracaju, o movimento cresceu 23%.“A queda no turismo significa prejuízo para toda a cadeia e empobrecimento para Salvador, já que o setor responde por 15% do PIB da cidade”, diz Sílvio Pessoa, presidente do Conselho de Turismo. Segundo os dados da Abih, há quase nove meses a taxa de ocupação dos hotéis registra queda e pelo menos 40% dos 35 mil leitos estão vazios (8% a mais em relação aos oito primeiros meses de 2011). “Os números apenas refletem a realidade de uma cidade sem infraestrutura, s desertas pela ausência de um parque gastronômico, segurança deficiente e sem mobilidade urbana”, reclama o presidente da Abih, José Manoel Garrido. Na opinião de Garrido, o “abandono de Salvador” tem provocado a migração dos turistas para o Litoral Norte da Bahia, Morro de São Paulo, Chapada Diamantina e Porto Seguro. “Os visitantes desembarcam em Salvador e seguem para outros destinos. Quem, por algum motivo, resolve visitar a cidade fica decepcionado porque é abordado por viciados em drogas e, o que é pior, vê a degradação de pontos turísticos.”Coordenador da Câmara Empresarial de Turismo da Federação do Comércio, entidade que congrega 30 associações de classe, Cícero Sena tem a mesma opinião. “Salvador não é mais simpática ao turista, como também não é para os seus moradores.” A atual situação do Pelourinho também tem sido um complicador para o turismo. De acordo com a Acopelô (Associação dos Comerciantes do Pelourinho), cerca de 200 pontos fecharam as portas nos últimos sete anos, entre os quais restaurantes conhecidos como o Bacalhau do Firmino e o Matusalém.Proprietário da Pousada Solar dos Romanos, localizada no Carmo, Eduardo Stival acrescenta que a imagem do Centro Histórico de Salvador é muito negativa. “Depois das 21h, tudo fica deserto. Até os moradores dos bairros têm medo de sair às ruas.”O secretário estadual de Turismo, Domingos Leonelli, tem duas explicações para a queda na taxa hoteleira. Segundo ele, além da migração dos visitantes para outras regiões da Bahia, há maior oferta de leitos na capital. “Hoje temos mais estabelecimentos do que há três ou quatro anos".Com relação à redução no movimento de passageiros (embarque/desembarque) no aeroporto de Salvador, o secretário afirmou que Gol e TAM modificaram suas operações nos roteiros com a Argentina. “Antes, tínhamos voos diretos entre Salvador e Buenos Aires e, agora, há conexões em São Paulo. Com isso, os desembarques argentinos são contabilizados em São Paulo”. Gerente de promoção da Saltur, Leonardo Leão disse que não tem estatística para mensurar o fluxo de turistas. Mas, baseado em dados da Infraero, afirmou que o movimento aumentou nos últimos anos. Sobre a falta de segurança, destacou que a violência não é fato isolado de Salvador, mas de quase todas as grandes cidades do mundo.Governo investe em qualificação, feiras e na Copa das ConfederaçõesO governo da Bahia aposta todas as fichas na Copa das Confederações e no Mundial de 2014 para alavancar o número de turistas no estado. Cerca de cinco mil profissionais, que têm contato direto com visitantes começaram este mês a frequentar aulas de inglês, espanhol e Língua Brasileira de Sinais (Libras). Segundo a Secretaria Estadual do Turismo, participam das aulas policiais civis e militares, guias e monitores, trabalhadores de estabelecimentos localizados no entorno dos principais pontos turísticos da cidade e também da Arena Fonte Nova.A ação também contempla trabalhadores de municípios turísticos como Mata de São João, Cachoeira, Maragojipe, Cairu, Lençóis e Lauro de Freitas. “Devemos ainda incluir a cidade de Porto Seguro no programa”, disse Cássia Magalhães, superintendente de Serviços Turísticos e coordenadora do programa de qualificação da secretaria. De olho no potencial das duas competições, o Ministério do Turismo liberou R$ 7,5 milhões para projetos elaborados pela Secretaria de Turismo nas áreas de acessibilidade, sinalização turística e montagem de postos de atendimento aos visitantes. O secretário Domingos Leonelli ressaltou que o governo da Bahia tem investido muito para captar mais turistas. “Estamos sempre presentes nas maiores feiras e eventos que são realizados nos nossos principais mercados emissores, como a Argentina, Portugal, França, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Chile”, revela Leonelli. O secretário reconhece a queda na taxa de ocupação hoteleira em Salvador, mas faz uma ressalva. “Outros destinos turísticos da Bahia, como a Costa dos Coqueiros, Morro de São Paulo e Maraú tiveram significativos aumentos em suas taxas de hotéis e pousadas, o que sinaliza uma migração dos visitantes.” Domingos Leonelli disse ainda que os dados da Abih referem-se apenas aos grandes hotéis da capital baiana, sem levar em conta outros meios de hospedagem.Mais um Verão sem barracas na orla da cidadeDois anos após a demolição de quase 350 barracas de praia em cumprimento a uma decisão judicial, a orla de Salvador ainda está sem qualquer projeto de requalificação. “Não há restaurantes, não há banheiros. Pelo contrário, o que se vê é esgoto a céu aberto, falta de higiene e ambulantes invadindo o espaço dos banhistas”, reclamou o professor José Carlos Oliveira, baiano que mora em Minas Gerais e não vinha à cidade há três anos. Segundo a Justiça Federal, que determinou a derrubada das barracas sob a alegação de que os empreendimentos foram construídos ilegalmente em faixa de areia que pertence à União, a prefeitura de Salvador ainda não apresentou nenhum plano para a construção de novos equipamentos. A prefeitura afirma que o novo projeto de requalificação da orla já foi encaminhado à Justiça Federal e aguarda liberação para que as obras sejam iniciadas.Comerciantes reclamam do abandono. Governo promete ampla reformaTombado pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade, o Pelourinho (Centro Histórico de Salvador) é um retrato da crise que afeta o turismo em Salvador. “O Pelourinho está morrendo aos poucos”, disse o comerciante José Reinaldo de Souza. “Quem sempre garantiu o nosso sustento foram os turistas, mas os visitantes têm medo de vir aqui por causa dos constantes assaltos, sujeira e dos mendigos”, acrescentou. O governo estadual informou que aumentou a segurança no Centro Histórico e que a área vai passar por uma ampla reforma e revitalização até a Copa de 2014. Entre as novidades, a região terá um palco articulado e retrátil para a realização de eventos e shows. O custo da reforma está estimado em R$ 20 milhões. Outros R$ 20 milhões, segundo a Secretaria estadual da Cultura, também foram investidos em monumentos considerados âncoras de visitação pelo Ministério do Turismo.Governo investe em qualificação, feiras e na Copa das ConfederaçõesO governo da Bahia aposta todas as fichas na Copa das Confederações e no Mundial de 2014 para alavancar o número de turistas no estado. Cerca de cinco mil profissionais, que têm contato direto com visitantes começaram este mês a frequentar aulas de inglês, espanhol e Língua Brasileira de Sinais (Libras). Segundo a Secretaria Estadual do Turismo, participam das aulas policiais civis e militares, guias e monitores, trabalhadores de estabelecimentos localizados no entorno dos principais pontos turísticos da cidade e também da Arena Fonte Nova.A ação também contempla trabalhadores de municípios turísticos como Mata de São João, Cachoeira, Maragojipe, Cairu, Lençóis e Lauro de Freitas. “Devemos ainda incluir a cidade de Porto Seguro no programa”, disse Cássia Magalhães, superintendente de Serviços Turísticos e coordenadora do programa de qualificação da secretaria. De olho no potencial das duas competições, o Ministério do Turismo liberou R$ 7,5 milhões para projetos elaborados pela Secretaria de Turismo nas áreas de acessibilidade, sinalização turística e montagem de postos de atendimento aos visitantes. O secretário Domingos Leonelli ressaltou que o governo da Bahia tem investido muito para captar mais turistas. “Estamos sempre presentes nas maiores feiras e eventos que são realizados nos nossos principais mercados emissores, como a Argentina, Portugal, França, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Chile”, revela Leonelli.O secretário reconhece a queda na taxa de ocupação hoteleira em Salvador, mas faz uma ressalva. “Outros destinos turísticos da Bahia, como a Costa dos Coqueiros, Morro de São Paulo e Maraú tiveram significativos aumentos em suas taxas de hotéis e pousadas, o que sinaliza uma migração dos visitantes.” Domingos Leonelli disse ainda que os dados da Abih referem-se apenas aos grandes hotéis da capital baiana, sem levar em conta outros meios de hospedagem. (Matéria originalmente publicada no dia 10 de setembro de 2012 no CORREIO)

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