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Chuva forte marca desfile das primeiras escolas do Rio

Escolas tiveram dificuldades para enfrentar a chuva e entrarem na avenida

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16/02/2015 às 10:03 • Atualizada em 01/09/2022 às 23:26 - há XX semanas
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Uma chuva intensa, que durou pelo menos três horas, alagou a Marquês de Sapucaí durante os primeiros desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro. A escola que enfrentou a parte mais intensa do temporal, primeira a entrar na avenida, foi a Unidos do Viradouro, que exaltou as contribuições dos negros à história brasileira, destacando personalidades ilustres como o escritor Machado de Assis.Claudia Leitte estreia na Sapucaí como rainha de bateria; veja fotosO ritmista Rafael Medeiros, que desfilou pelo quinto ano seguido na bateria da Viradouro, nunca tinha visto uma chuva igual na Sapucaí: "Mas acho que não é nada que desmotive a galera, não", disse ele antes de entrar na avenida, o que se confirmou na passagem da escola. Logo no início, houve grande alvoroço com a presença dos tenistas Gustavo Kuerten e Rafael Nadal, e o desfile foi aberto com um grande baobá, árvore-símbolo da África, em uma comissão de frente que contou também com a atriz Juliana Paes.
Foto: Agência Brasil
A Viradouro voltou neste ano ao grupo especial e, para o presidente da escola, Gusttavo Galvão, a chuva veio para lavar a alma: "Hoje, a gente está vendo aí a Viradouro dos grandes carnavais", comentou. O samba-enredo da escola foi inspirado em duas músicas do compositor Luiz Carlos da Vila, um dos grandes homenageados do desfile, que pediu igualdade de oportunidades para negros e brancos em uma carta lida pelo ator Lázaro Ramos: "Esse é o sonho de um Brasil mais justo", dizia um trecho do manifesto, que lembrava homens e mulheres negros de diversas gerações, como Clara Nunes, Nelson Mandela e Joaquim Barbosa.
Sob chuva mais fraca, a segunda escola que entrou na avenida foi a Estação Primeira de Mangueira, que exaltou no enredo as mulheres da comunidade e de todo o Brasil. A escola fez um desfile luxuoso, destacando suas cores verde e rosa e homenageando mulheres como a pintora Tarsila do Amaral, cujo quadro Abaporu ganhou uma versão em escultura no alto de uma das alegorias.
Dona Zica, uma das principais integrantes da velha guarda da escola, foi lembrada em uma das alegorias do desfile, assim como Dona Neuma, representada por uma das filhas. Ao comentar a irmã fantasiada de Neuma, Eli Chininha se emocionou: "É uma coisa que deixa a gente balançada. Nunca imaginei que fossem fazer um enredo de peso como esse, em que exaltassem a minha mãe. É gratificante, por tudo aquilo que ela fez pela escola", disse a mangueirense, que é neta de Saturnino Gonçalves, um dos fundadores da escola.
Aos 53 anos e com mais de 20 de Sapucaí, a mangueirense Mônica de Souza resume a importância das mulheres para a escola: "Nós colocamos o carnaval na rua. Sem as mulheres, não tem carnaval".
Foto: Agência Brasil
Na saída do desfile, a cantora Alcione, que percorreu a avenida em uma alegoria ao lado das também cantoras Lecy Brandão e Wanderleia, teve de ser atendida no posto médico e depois transferida para uma unidade de saúde fora do Sambódromo. Ela queimou o pé e teve que ser retirada da alegoria em uma cadeira de rodas para ser levada ao posto de atendimento na área de dispersão.
Após o desfile da Mangueira, a chuva diminuiu e a Mocidade Independente de Padre Miguel cruzou a Marquês de Sapucaí com um irreverente enredo sobre as profecias do fim do mundo. A pergunta "O que você faria se só lhe restasse um dia?" era exibida em um telão no abre-alas da escola. Antes dele, a comissão de frente literalmente pegava fogo para simbolizar a chegada de um meteoro à Terra.
O bailarino Ramon Viana conta que chegou a ensaiar todas as madrugadas, em dias de semana, para a performance à frente da escola e confessa que teve um pouco de medo ao saber que pegaria fogo. Conforme tudo foi dando certo nos ensaios, ele foi se acalmando: "Apesar da chuva, acho que terminamos com um resultado muito legal. Agradou muito ao público", comemorou.
Outro destaque da escola da zona oeste do Rio foi o carro alegórico que trouxe casais – e trios – em camas de motel, representando relações hetero e homossexuais.

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